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29/05/2004
-
06h25
ANDRÉA MICHAEL
LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Um conjunto de documentos obtidos pela Folha revela que papel desempenhava cada um dos empresários, lobistas e servidores acusados de fraudar compras de medicamentos no Ministério da Saúde desde a década de 90 e presos durante a Operação Vampiro.
Revela, ainda, conforme descrito no processo 2003.34.00.010657-8, as empresas em nome das quais o grupo atuava e os beneficiários dos pagamentos monitorados pela Polícia Federal na investigação.
Em despacho do dia 14 de maio, o juiz Cloves de Siqueira, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, além de decretar a indisponibilidade de bens móveis e imóveis de 26 pessoas físicas e jurídicas, a quebra de sigilo bancário e fiscal de outras 43 e a prisão temporária de 17 acusados de envolvimento nas fraudes do ministério, descreve a ação dos personagens investigados. Entre esses personagens estão:
1) Jaisler Jabour Alvarenga seria o líder do cartel de empresas nas concorrências de hemoderivados, representando a Octapharma. "Tem intensa participação no grupo", diz o despacho.
2) Lourenço Rommel Ponte Peixoto mantém intensa negociação entre os fornecedores do ministério e os servidores.
3) "Eduardo Passos Pedrosa, vulgo Dudu, é sócio de Lourenço Rommel e teve inúmeras conversas gravadas, tratando do esquema montado para fraudar licitações e da transferência de recursos (R$ 723.800) do Rio de Janeiro para São Paulo, via Brasília".
Esses R$ 723.800 foram, segundo um parecer do Ministério Público, o pagamento por vantagem obtida pela empresa Novo Nordisk em um procedimento no qual o Ministério da Saúde comprou insulina.
4) "Luiz Cláudio Gomes da Silva e Manoel Pereira Braga Neto são servidores lotados na Coordenação Geral de Recursos Logísticos, mencionados em conversa com Jaisler e Lourenço como se tivessem recebido pagamento da quadrilha".
Ao situar a atuação do grupo, o despacho judicial, em sua página 3, remete as fraudes a 1997. Cita, ainda, personagens que, lotados no início dos anos 90 na extinta Ceme (Central de Medicamentos), teriam sido investigados por suposto envolvimento no esquema PC --rede de desvio de dinheiro público comandada pelo empresário Paulo César Farias, morto em 1996.
A Ceme era o órgão no Ministério da Saúde que centralizava as compras e onde atuou como assessor o hoje empresário Lourenço Peixoto.
Afirma o juiz que, com o "auxílio" dos servidores Edilamar Teixeira, Platão José Erwin Fischer-Pühler, Mário Machado da Silva e André Ferreira Murgel, lobistas "implementaram um intrincado sistema de fraudes nos processos de compra" do ministério.
Outro lado
A reportagem procurou os representantes da Octapharma AG no Brasil. Em todas as vezes, eles recomendaram que fosse encaminhado um e-mail para seu diretor internacional, em Portugal, pedindo um posição sobre as acusações da Operação Vampiro. Isso foi feito duas vezes, mas, até ontem, não havia resposta.
A Folha não conseguiu contato com os demais citados na reportagem nem com seus advogados.
Documento descreve atuação de acusados fraudar Saúde
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LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Um conjunto de documentos obtidos pela Folha revela que papel desempenhava cada um dos empresários, lobistas e servidores acusados de fraudar compras de medicamentos no Ministério da Saúde desde a década de 90 e presos durante a Operação Vampiro.
Revela, ainda, conforme descrito no processo 2003.34.00.010657-8, as empresas em nome das quais o grupo atuava e os beneficiários dos pagamentos monitorados pela Polícia Federal na investigação.
Em despacho do dia 14 de maio, o juiz Cloves de Siqueira, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, além de decretar a indisponibilidade de bens móveis e imóveis de 26 pessoas físicas e jurídicas, a quebra de sigilo bancário e fiscal de outras 43 e a prisão temporária de 17 acusados de envolvimento nas fraudes do ministério, descreve a ação dos personagens investigados. Entre esses personagens estão:
1) Jaisler Jabour Alvarenga seria o líder do cartel de empresas nas concorrências de hemoderivados, representando a Octapharma. "Tem intensa participação no grupo", diz o despacho.
2) Lourenço Rommel Ponte Peixoto mantém intensa negociação entre os fornecedores do ministério e os servidores.
3) "Eduardo Passos Pedrosa, vulgo Dudu, é sócio de Lourenço Rommel e teve inúmeras conversas gravadas, tratando do esquema montado para fraudar licitações e da transferência de recursos (R$ 723.800) do Rio de Janeiro para São Paulo, via Brasília".
Esses R$ 723.800 foram, segundo um parecer do Ministério Público, o pagamento por vantagem obtida pela empresa Novo Nordisk em um procedimento no qual o Ministério da Saúde comprou insulina.
4) "Luiz Cláudio Gomes da Silva e Manoel Pereira Braga Neto são servidores lotados na Coordenação Geral de Recursos Logísticos, mencionados em conversa com Jaisler e Lourenço como se tivessem recebido pagamento da quadrilha".
Ao situar a atuação do grupo, o despacho judicial, em sua página 3, remete as fraudes a 1997. Cita, ainda, personagens que, lotados no início dos anos 90 na extinta Ceme (Central de Medicamentos), teriam sido investigados por suposto envolvimento no esquema PC --rede de desvio de dinheiro público comandada pelo empresário Paulo César Farias, morto em 1996.
A Ceme era o órgão no Ministério da Saúde que centralizava as compras e onde atuou como assessor o hoje empresário Lourenço Peixoto.
Afirma o juiz que, com o "auxílio" dos servidores Edilamar Teixeira, Platão José Erwin Fischer-Pühler, Mário Machado da Silva e André Ferreira Murgel, lobistas "implementaram um intrincado sistema de fraudes nos processos de compra" do ministério.
Outro lado
A reportagem procurou os representantes da Octapharma AG no Brasil. Em todas as vezes, eles recomendaram que fosse encaminhado um e-mail para seu diretor internacional, em Portugal, pedindo um posição sobre as acusações da Operação Vampiro. Isso foi feito duas vezes, mas, até ontem, não havia resposta.
A Folha não conseguiu contato com os demais citados na reportagem nem com seus advogados.
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