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30/05/2004 - 08h14

Delegado do trabalho sofre perseguição no noroeste de MG

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PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Uma equipe da DRT (Delegacia Regional do Trabalho) de Minas Gerais que viajava de Unaí a Paracatu foi perseguida por dois carros na MG-188 na noite de anteontem.

A equipe voltava de uma celebração religiosa que lembrou os quatro meses da chacina de Unaí na qual morreram três fiscais do trabalho e um motorista.

Na Ranger que conduzia a equipe da DRT estavam o motorista, duas funcionárias do órgão, o delegado do trabalho Carlos Calazans e um policial militar, que lhes dava proteção.

Segundo Calazans, que no início da tarde de ontem retornava para Belo Horizonte escoltado pela Polícia Rodoviária Estadual, os carros que os seguiram, um Omega vinho e um Uno branco, só desistiram quando o PM colocou uma arma para fora do veículo e ameaçou atirar. Mas ainda assim continuaram seguindo a distância, até a entrada de Paracatu.

O ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos) foi avisado e informou o fato ao seu colega da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que acionou a Polícia Federal. Até a tarde de ontem nenhum suspeito tinha sido localizado.

Calazans disse que a perseguição começou a cerca de 30 quilômetros de Unaí, quando o carro com a equipe da DRT passou pelo Uno, que estava parado no acostamento da rodovia, todo apagado. Logo que passaram por ele, o Omega, com os faróis altos, encostou na Ranger. Orientado pelo PM, o motorista deu passagem e o Omega ultrapassou. Mas, em seguida, surgiu o Uno, que passou a Ranger e ficou na frente.

O policial, segundo Calazans, orientou o motorista a ultrapassar e acelerar. Cerca de três quilômetros adiante, o Omega estava no acostamento da pista contrária, todo apagado. Quando a Ranger passou, ele veio atrás, muito próximo. Depois de alguns minutos, o PM apontou a arma.

O delegado disse que no local da chacina têm ocorrido celebrações no dia 28 de cada mês para lembrar as mortes, ocorridas em 28 de janeiro. Nesta semana, segundo Calazans, a fiscalização foi intensificada na região e foram descobertos quatro trabalhadores em regime de escravidão.

Denúncias e greve da PF

O Ministério do Trabalho deixou de investigar 74 das 102 denúncias recebidas sobre trabalho escravo no país neste ano, de acordo com a secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Beatriz Vasconcelos Vilela. "Com a dificuldade da greve da Polícia Federal [que acompanha os fiscais do ministério], a gente só conseguiu atender 28 denúncias", disse ela.

O delegado da PF Valdinho Jacinto Caetano, chefe do setor ao qual estão ligados 20 policiais que investigam trabalho escravo, diz que em dois meses, período da paralisação, não seria possível atender 74 denúncias. "Historicamente, fazemos sete operações por mês, o que daria 14 operações no período da greve." A paralisação terminou no último dia 7.
 

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