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03/06/2004 - 07h16

Delegados reagem à suspeita sobre PF de SP

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da Folha de S.Paulo

A operação que prendeu o empresário Law Kin Chong, idealizada e realizada pela Polícia Federal de Brasília, provocou reação de um grupo de delegados baseados na capital paulista. A Folha apurou que a ação foi executada sem o conhecimento da PF de São Paulo, mas a polícia nega.

Todo o trabalho de investigação foi feito por um delegado federal de Brasília, Protógenes Queiroz, indicado para a tarefa pelo diretor-geral do órgão, Paulo Lacerda.

Chong e o despachante Pedro Lindolfo Sarlo foram presos anteontem sob acusação de terem tentado corromper, com oferta que começou em US$ 2 milhões e caiu para US$ 1,5 milhão, o presidente da CPI da Pirataria, o deputado federal Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), que foi o próprio autor da denúncia.

Segundo o presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Armando Coelho Neto, um grupo de 20 delegados cogita entregar um pedido de transferência coletiva da superintendência de São Paulo, em protesto contra o que consideram "uma suspeição" lançada "pela imprensa" e pelo deputado contra os policiais federais do Estado.

Coelho Neto disse que pretende apresentar a idéia para votação em assembléia dos delegados. Antes, buscará novas adesões.

O grupo de 20 colegas --há cerca de 150 delegados federais no Estado-- estava reunido ontem por outro motivo, mas a Operação Shogun acabou sendo o centro da discussão.

Durante a operação, os policiais e integrantes da CPI não pronunciavam o nome de Chong. Para se referir a ele, chamavam-no de "Gatinho". Por isso, a investigação ganhou o nome informal de "Operação Gatinho". O nome oficial foi "Shogun" --senhor da guerra do Japão medieval.

"Suspeição"

"As declarações de [Luiz Antonio de] Medeiros [deputado presidente da CPI da Pirataria] estão colocando todo o efetivo sob suspeição", disse Coelho.

O deputado federal disse ontem que não acusa "ninguém especificamente", mas reafirmou que considera a PF paulista "contaminada". Ontem, em Brasília, ele teve uma audiência com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, na qual teria narrado que a ação teve de ser feita por um grupo seleto de policiais sob comando do diretor-geral da PF.

Ontem o porta-voz da PF em São Paulo, Wagner Castilho, negou que a superintendência desconhecesse a possível prisão de Chong. Primeiro, disse aos jornalistas que o aviso tinha ocorrido um dia antes. Depois, afirmou que isso ocorrera dois dias antes. Questionado sobre a contradição, disse ter sido mal compreendido na primeira declaração.

"Com certeza ninguém [de São Paulo] sabia", reafirmou ontem o deputado Medeiros. "Não existe PF de São Paulo ou de Brasília. A PF é uma só, é em São Paulo ou em Brasília", defendeu Castilho.

O diretor do COT (Comando de Operações Táticas) de Brasília, Daniel Sampaio, em uma entrevista coletiva concedida sob os olhares do porta-voz da PF paulista, apresentou versão diferente. Disse que a superintendência da PF em São Paulo foi avisada sobre a operação há cerca de 30 dias.

Sampaio, no entanto, confirmou que nenhum policial federal da cidade de São Paulo participou da investigação. Ele confirmou também que todo o material apreendido pela Polícia Federal em São Paulo será analisado e periciado em Brasília.

Especial
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