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05/06/2004 - 06h39

Empresário suspeito de fraude na Saúde tem conta no exterior

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ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Documentos apreendidos pela Operação Vampiro, deflagrada pela Polícia Federal em maio, revelam que o empresário e lobista Jaisler Jabour possui conta bancária no exterior. A PF não revelou quais são esses documentos.

Jabour é um dos acusados de participar do esquema de fraudes nas compras do Ministério da Saúde, agindo como representante de laboratório no contato com os servidores.

O levantamento, ainda preliminar, deve ser reforçado com outros elementos colhidos em meio aos 42 mandados de busca e apreensão de documentos e equipamentos pertencentes a lobistas, empresários e servidores acusados no esquema.

A reportagem tentou localizar, ontem à noite, o advogado de Jabour, Felipe Amodeu, mas ele não foi encontrado em seu celular.

Na próxima semana, o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos Financeiros e Cooperação Jurídica Internacional), órgão do Ministério da Justiça especializado no combate à lavagem de dinheiro, vai iniciar as tratativas necessárias ao bloqueio de recursos que eventualmente pertençam ao empresário Jaisler Jabour.

Na terça-feira, técnicos do DRCI reuniram-se com colegas do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para debater a estratégia de rastreamento de eventuais contas dos suspeitos em outros países.

Ontem, também foi identificada e bloqueada judicialmente uma conta em nome de Maranat Assessoria Ltda., com um saldo de R$ 1 milhão, na agência do Citibank da avenida Paulista. O beneficiário, segundo os investigadores, seria Elias Abboadalla, também suspeito de participação no esquema de fraudes da Saúde. A Folha procurou ontem o advogado de Abboadalla, João Berchmans Corrêia Serra, mas ele estava viajando e não foi localizado.

Não é a primeira conta bloqueada no Brasil. O empresário Laerte de Arruda Corrêa Júnior tentou, por duas vezes, movimentar recursos --na primeira, um total de R$ 4,5 milhões e, na outra, R$ 840 mil. O DRCI rastreou as transferências e bloqueou o dinheiro.

Os investigadores esperavam por esse movimento dos suspeitos. Segundo um delegado da PF, até agora só se conhece o lado "visível" do patrimônio, ou seja, os bens que estão em nome dos próprios suspeitos. A rede de laranjas e parentes ainda está sendo mapeada pela inteligência da PF.

Em Brasília, a polícia conseguiu autorização judicial para apreender bens, como uma lancha e um jet-ski, em nome do empresário André Murgel, e dois automóveis Jaguar, em nome da mãe de Jabour. Os investigadores tentam agora rastrear o dinheiro utilizado na compra dos carros.

Depoimentos

A PF ouviu ontem, mais uma vez em depoimento, os empresários Lourenço Rommel Peixoto e Murgel, que preferiu só se manifestar a respeito das suspeitas à Justiça. Indagado sobre sua suposta participação na quadrilha, Rommel respondeu que não tinha conhecimento dos fatos.

Rommel e Jabour são os únicos dois suspeitos que permanecem detidos, dos 17 presos no dia 19 de maio, quando a Operação Vampiro foi deflagrada.

Na terça, a Justiça também determinou a prisão de Corrêa, que chegou a
ensaiar um acordo para se entregar, mas ainda permanece foragido.

Em depoimento no dia 24 de maio, o servidor Luiz Claudio Gomes da Silva afirmou "que, por bobagem ou esquecimento, não declarou [à Receita Federal] a quantia" encontrada em apartamento --R$ 120 mil, US$ 20 mil e 7.000.

Homem de confiança do ministro Humberto Costa (Saúde), Silva ocupou a Coordenadoria Geral de Recursos Logísticos até o dia 19 de maio, quando foi preso e exonerado. Grande parte das compras da pasta passava por essa coordenadoria. Silva também negou participação na quadrilha.

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