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23/06/2004
-
04h56
da Folha de S.Paulo, no Rio
A morte de Leonel Brizola, que até anteontem ainda era o presidente nacional do PDT, pode levar a maior parte da bancada federal do partido de volta à base de apoio do governo Luiz Inácio Lula da Silva e causar o esfacelamento do poder interno em uma legenda identificada com o caudilhismo.
Por pressão do ex-governador do Rio e do Rio Grande do Sul, a Executiva Nacional do PDT aprovou em dezembro de 2003 o rompimento com o presidente petista. A bancada pedetista havia votado a favor do governo no início das reformas previdenciária e tributária e assim pretendia continuar.
A decisão de Brizola obrigou a saída do então ministro das Comunicações, Miro Teixeira, representante do partido no governo federal. Descontente, Miro desfiliou-se da legenda. O então líder da bancada do PDT na Câmara dos Deputados, Neiva Moreira (MA), leu documento em que mostrava contrariedade em votar contra as propostas de Lula e atribuía a decisão a Brizola.
Nos últimos meses, o ex-governador havia se aproximado do presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do presidente do PSDB, o ex-ministro José Serra. Estiveram reunidos para articular a oposição a Lula.
Ontem, no velório, Bornhausen abraçou Carlos Luppi, vice-presidente nacional do PDT e provável sucessor de Brizola no comando do partido, e afirmou: "Espero que continuemos juntos". Recebeu um aceno positivo de Luppi.
No último domingo à noite, Brizola havia se reunido por três horas com a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), e o secretário de Segurança Pública do Estado, Anthony Garotinho, no apartamento do pedetista em Copacabana, na zona sul do Rio.
Segundo o relato de Garotinho, eles trataram de uma aliança nacional que permitisse que o PDT e o PMDB formassem uma força alternativa às do PT e do PSDB.
Esse acordo passaria por alianças entre os candidatos a prefeito dos dois partidos no Rio, em São Paulo, em Porto Alegre e em Salvador, já nas eleições deste ano.
No Rio e em Salvador, os pedetistas encabeçariam a chapa da aliança PDT-PMDB, com Brizola e João Henrique Carneiro, respectivamente. Em São Paulo e em Porto Alegre, as cabeças de chapa ficariam com os peemedebistas Michel Temer e José Fogaça.
Segundo Garotinho, a discussão envolvia não apenas uma aliança para ao pleito municipal, mas também com vistas à próxima eleição presidencial, em 2006.
O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), disse ontem que Garotinho lhe telefonou pedindo que ligasse para Brizola, o que ele fez anteontem. Mas o pedetista já havia saído para o hospital, e, por isso, os dois não chegaram a conversar.
Temer afirmou que a morte de Brizola "dificulta bastante" a articulação dos dois partidos para as eleições municipais de outubro.
O sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, pré-candidato do PDT em São Paulo, já descartava ontem a possibilidade de que a aliança venha a se concretizar.
"Estamos numa boa relação com o PMDB, mas não para fazermos uma aliança nesta eleição. Devem acontecer alguns entendimentos locais, mas a discussão para uma aliança nacional é para depois", declarou o sindicalista. "Uma das condições para a aliança nacional era o apoio do PMDB à candidatura de Brizola no Rio. Com a morte dele, essa discussão não existe mais", acrescentou.
Esse é um exemplo da fragmentação do poder no PDT gerada pela morte do ex-governador. Caciques regionais devem ocupar o espaço deixado por seu maior líder, até internamente apelidado de "caudilho", que é uma palavra de origem espanhola utilizada para designar o chefe militar de forças dispersas que lhe são fiéis.
Controlador, Brizola foi padrinho e depois adversário de uma geração de políticos do Rio que começou no PDT e, mais tarde, divergiu do líder. Entre eles estão Roberto Saturnino Braga, os ex-governadores do Estado Marcello Alencar e Garotinho e o prefeito da capital, Cesar Maia (PFL).
Na avaliação do vice-presidente nacional do PDT, dos 111 fundadores originais do partido --que completou 25 anos em 17 de junho--, no máximo 25 acompanharam Brizola até a sua morte.
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Por pressão do ex-governador do Rio e do Rio Grande do Sul, a Executiva Nacional do PDT aprovou em dezembro de 2003 o rompimento com o presidente petista. A bancada pedetista havia votado a favor do governo no início das reformas previdenciária e tributária e assim pretendia continuar.
A decisão de Brizola obrigou a saída do então ministro das Comunicações, Miro Teixeira, representante do partido no governo federal. Descontente, Miro desfiliou-se da legenda. O então líder da bancada do PDT na Câmara dos Deputados, Neiva Moreira (MA), leu documento em que mostrava contrariedade em votar contra as propostas de Lula e atribuía a decisão a Brizola.
Nos últimos meses, o ex-governador havia se aproximado do presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do presidente do PSDB, o ex-ministro José Serra. Estiveram reunidos para articular a oposição a Lula.
Ontem, no velório, Bornhausen abraçou Carlos Luppi, vice-presidente nacional do PDT e provável sucessor de Brizola no comando do partido, e afirmou: "Espero que continuemos juntos". Recebeu um aceno positivo de Luppi.
No último domingo à noite, Brizola havia se reunido por três horas com a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), e o secretário de Segurança Pública do Estado, Anthony Garotinho, no apartamento do pedetista em Copacabana, na zona sul do Rio.
Segundo o relato de Garotinho, eles trataram de uma aliança nacional que permitisse que o PDT e o PMDB formassem uma força alternativa às do PT e do PSDB.
Esse acordo passaria por alianças entre os candidatos a prefeito dos dois partidos no Rio, em São Paulo, em Porto Alegre e em Salvador, já nas eleições deste ano.
No Rio e em Salvador, os pedetistas encabeçariam a chapa da aliança PDT-PMDB, com Brizola e João Henrique Carneiro, respectivamente. Em São Paulo e em Porto Alegre, as cabeças de chapa ficariam com os peemedebistas Michel Temer e José Fogaça.
Segundo Garotinho, a discussão envolvia não apenas uma aliança para ao pleito municipal, mas também com vistas à próxima eleição presidencial, em 2006.
O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), disse ontem que Garotinho lhe telefonou pedindo que ligasse para Brizola, o que ele fez anteontem. Mas o pedetista já havia saído para o hospital, e, por isso, os dois não chegaram a conversar.
Temer afirmou que a morte de Brizola "dificulta bastante" a articulação dos dois partidos para as eleições municipais de outubro.
O sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, pré-candidato do PDT em São Paulo, já descartava ontem a possibilidade de que a aliança venha a se concretizar.
"Estamos numa boa relação com o PMDB, mas não para fazermos uma aliança nesta eleição. Devem acontecer alguns entendimentos locais, mas a discussão para uma aliança nacional é para depois", declarou o sindicalista. "Uma das condições para a aliança nacional era o apoio do PMDB à candidatura de Brizola no Rio. Com a morte dele, essa discussão não existe mais", acrescentou.
Esse é um exemplo da fragmentação do poder no PDT gerada pela morte do ex-governador. Caciques regionais devem ocupar o espaço deixado por seu maior líder, até internamente apelidado de "caudilho", que é uma palavra de origem espanhola utilizada para designar o chefe militar de forças dispersas que lhe são fiéis.
Controlador, Brizola foi padrinho e depois adversário de uma geração de políticos do Rio que começou no PDT e, mais tarde, divergiu do líder. Entre eles estão Roberto Saturnino Braga, os ex-governadores do Estado Marcello Alencar e Garotinho e o prefeito da capital, Cesar Maia (PFL).
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