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25/06/2004
-
07h08
FERNANDO CANZIAN
enviado especial da Folha de S.Paulo a Nova York
Pouco mais de um mês depois da polêmica reportagem sobre os hábitos etílicos de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente brasileiro voltará a ganhar grande destaque no "New York Times" neste final de semana.
Lula é personagem central da dominical "The New York Times Magazine", na qual aparece em uma ilustração pintada à mão na capa e é objeto de um imenso perfil assinado por Barry Bearak, intitulado "Poor Man's Burden" (o peso sobre um homem pobre).
O jornalista passou algumas semanas no Brasil em março. Ele acompanhou o presidente durante três dias, fez uma série de entrevistas com críticos e partidários e visitou a ex-casa e parentes de Lula em Pernambuco.
O longo perfil, de 7.659 palavras e 90 parágrafos, descreve a trajetória da vida de Lula, desde sua infância miserável no sertão à chegada ao poder em Brasília, em janeiro do ano passado.
Há apenas uma rápida referência à ameaça de expulsão do correspondente do "NYT" no Brasil, Larry Rohter: "No mês passado, Lula revogou o visto do correspondente que escreveu uma história sobre uma preocupação nacional em torno do consumo de álcool do presidente, uma história largamente debatida no Brasil. Só mais tarde Lula mudou de idéia, aparentemente reconhecendo que o ofensivo artigo de jornal não era tão ruim para sua reputação quando a demonstração de forte indignação posterior".
Mais de um terço do texto discorre sobre a vida paupérrima de Lula em Pernambuco e seus dissabores em São Paulo antes de se transformar em um líder sindical.
"Fábula maravilhosa"
O texto como um todo resulta simpático ao homem Lula. Já o político Lula precisa ainda mostrar a que veio. "Sua vida serve inevitavelmente como uma fábula maravilhosa; só é um pouco cedo para saber a moral da história", escreve Bearak.
O repórter sugere que o novo pragmatismo econômico de Lula foi conquistado a fórceps, por pressão do inescapável "esquema financeiro global", e faz um inventário das novas iniciativas da diplomacia brasileira nas negociações comerciais e busca de novos parceiros pelo mundo.
É colocada em dúvida, no entanto, toda a eficácia da "nova política" de Lula para o povo brasileiro. "Em casa, a paciência vai se esgotando", diz a revista.
Qualificado como seu "predecessor bem mais conservador", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) aparece no texto dizendo que "esperava mais" de Lula na área social, mas elogia a "sabedoria" do petista por ter mantido sua própria política econômica.
Lula ganhou um generoso espaço para se defender, criticar "as elites conservadoras brasileiras" e afirmar que agora cobram que ele faça "em um ano o que outros não conseguiram fazer em 50 anos".
Bearak fecha sua história voltando ao passado, à casa onde Lula nasceu. A atual ocupante, Anilda, é tão pobre quanto já foi o presidente em quem acabou votando. Até agora, não foi atendida por nenhum programa social do governo. "Claro que nada mudou", diz Anilda.
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enviado especial da Folha de S.Paulo a Nova York
Pouco mais de um mês depois da polêmica reportagem sobre os hábitos etílicos de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente brasileiro voltará a ganhar grande destaque no "New York Times" neste final de semana.
Lula é personagem central da dominical "The New York Times Magazine", na qual aparece em uma ilustração pintada à mão na capa e é objeto de um imenso perfil assinado por Barry Bearak, intitulado "Poor Man's Burden" (o peso sobre um homem pobre).
Divulgação |
Lula e o Brasil, segundo o "New York Times" |
O longo perfil, de 7.659 palavras e 90 parágrafos, descreve a trajetória da vida de Lula, desde sua infância miserável no sertão à chegada ao poder em Brasília, em janeiro do ano passado.
Há apenas uma rápida referência à ameaça de expulsão do correspondente do "NYT" no Brasil, Larry Rohter: "No mês passado, Lula revogou o visto do correspondente que escreveu uma história sobre uma preocupação nacional em torno do consumo de álcool do presidente, uma história largamente debatida no Brasil. Só mais tarde Lula mudou de idéia, aparentemente reconhecendo que o ofensivo artigo de jornal não era tão ruim para sua reputação quando a demonstração de forte indignação posterior".
Mais de um terço do texto discorre sobre a vida paupérrima de Lula em Pernambuco e seus dissabores em São Paulo antes de se transformar em um líder sindical.
"Fábula maravilhosa"
O texto como um todo resulta simpático ao homem Lula. Já o político Lula precisa ainda mostrar a que veio. "Sua vida serve inevitavelmente como uma fábula maravilhosa; só é um pouco cedo para saber a moral da história", escreve Bearak.
O repórter sugere que o novo pragmatismo econômico de Lula foi conquistado a fórceps, por pressão do inescapável "esquema financeiro global", e faz um inventário das novas iniciativas da diplomacia brasileira nas negociações comerciais e busca de novos parceiros pelo mundo.
É colocada em dúvida, no entanto, toda a eficácia da "nova política" de Lula para o povo brasileiro. "Em casa, a paciência vai se esgotando", diz a revista.
Qualificado como seu "predecessor bem mais conservador", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) aparece no texto dizendo que "esperava mais" de Lula na área social, mas elogia a "sabedoria" do petista por ter mantido sua própria política econômica.
Lula ganhou um generoso espaço para se defender, criticar "as elites conservadoras brasileiras" e afirmar que agora cobram que ele faça "em um ano o que outros não conseguiram fazer em 50 anos".
Bearak fecha sua história voltando ao passado, à casa onde Lula nasceu. A atual ocupante, Anilda, é tão pobre quanto já foi o presidente em quem acabou votando. Até agora, não foi atendida por nenhum programa social do governo. "Claro que nada mudou", diz Anilda.
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