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22/09/2009 - 10h12

Grupos de direitos humanos criticam indicação de Toffoli para STF

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MÁRIO MAGALHÃES
da Folha de S.Paulo, no Rio

Ativistas de grupos de defesa dos direitos humanos e parentes de mortos pela ditadura militar (1964-1985) condenam a indicação --pelo presidente Lula-- do advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, para o STF (Supremo Tribunal Federal).

O motivo principal é a atuação da AGU em processo judicial em curso contra a União e dois ex-comandantes do Destacamento de Operações de Informações de São Paulo, em virtude de crimes de tortura e homicídio ocorridos nos anos 70 naquela repartição militar.

A Advocacia Geral da União sustenta que a Lei da Anistia, de 1979, impede a punição dos oficiais do Exército reformados Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel.

Prevalecendo essa leitura, prescrevem os crimes do regime militar. A decisão sobre o alcance da anistia será do STF, talvez com presença de Toffoli.

"Depois da defesa que Toffoli fez de Ustra, notório torturador e assassino, só posso lamentar a indicação", disse Suzana Lisboa, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos. Ustra e Maciel negam a autoria de crimes.

"A indicação é incoerente com a política de direitos humanos do governo", afirmou a secretária municipal de Direitos Humanos de Recife, Maria do Amparo Araújo. Ela e Suzana Lisboa são viúvas de guerrilheiros mortos na ditadura.

O Grupo Tortura Nunca Mais-RJ, diferentemente da AGU, não considera que a Lei da Anistia proteja torturadores. "A indicação de Toffoli é lamentável", disse a presidente da entidade, Cecília Coimbra.

Dirigente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos-RS, Jair Krischke apontou como "grave" a escolha de Lula, que será submetida ao Senado.

Para Krischke, a lei de 1979 foi uma "autoanistia" da ditadura. "A anistia é para crimes políticos", o que, em sua opinião, não inclui tortura, estupro e outros atos.

O ex-ministro dos Direitos Humanos Nilmário Miranda diverge das reprovações. "Foi uma boa indicação", afirmou o hoje presidente da Fundação Perseu Abramo, entidade ligada ao PT.

Ele identifica em Toffoli "brilho" no conhecimento do direito, mas diz que "a posição dele está na contramão do direito internacional". Nilmário espera que Toffoli mude de opinião.

É a mesma esperança do atual ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. "Continuo discordando do posicionamento sobre a anistia", afirmou. Vannuchi disse, entretanto, que não divergirá da indicação do presidente.

O governo rachou sobre a anistia. Tarso Genro (Justiça) e Vannuchi querem punir antigos torturadores. Nelson Jobim (Defesa) apoia Toffoli: os crimes prescreveram.

Toffoli não quis dar entrevista. Sua assessoria disse que o ministro da AGU se prepara "para fornecer todas as informações à Comissão de Constituição e Justiça do Senado".

A assessoria sublinhou o apoio a Toffoli de uma entidade expressiva no movimento dos direitos humanos, a ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais).

O presidente da organização, Toni Reis, justificou a decisão pela defesa de Toffoli dos diretos da comunidade gay, mas não quer "entrar na polêmica da anistia".

Comentários dos leitores
sérgio dourado (371) 02/02/2010 20h35
sérgio dourado (371) 02/02/2010 20h35
Mais uma vez se nota o papel do Estado brasileiro:onerar o povo com maiores impostos e prover os ricos com maiores salários..Ora,gosto de argumentar com fatos,e gostaria de saber em quanto o salário do povo em geral,em sua grande maioria,que é o salário mínimo,está defasado em relação ao que prega a Constituição e o que afirma o IPEA com seus dados alarmantes sobre a altíssima e "injusta" carga tributária brasileira:onde os ricos pagam menos impostos que os pobres.Agora estarão corretos os excelentíssimos ministros da Suprema Corte em exigiram uma correção do salário (em torno de 14%) maior que a própria inflação,enquanto o que prega a própria Constituição sobre a condição do salário mínimo servir à condições básicas que não dão nem pro começo de conversa?Onde está o sentimento de Justiça aí,onde o fosso entre ricos e pobres só aumenta?O roll que o Brasil pretende entrar,de país desenvolvido,está muito distante das atuais condições de mínima "equiparação salarial".Não defendo salários mais baixos para os ministros,mas salários mais justos para os mais pobres,e que pagam mais impostos sobre consumo básico do que os ricos em relação aos seus luxos e sua renda.Como ainda o "efeito cascata",é de se inimaginar o aumento do gasto do poder público com pagamento de pensão e penduricalhos para seus "altos" funcionários e outros que mamam nessa teta gorda..Pra que Lula?Precisamos é do povo gritar e se fazer escutar.Não com violência,ao contrário:com apelação às leis,queremos justiça... sem opinião
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Nivaldo Lacerda (113) 02/02/2010 17h26
Nivaldo Lacerda (113) 02/02/2010 17h26
Usando Martin Luther King
"Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. Um pais que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. "Meu Brasil, doce terra de liberdade, eu te canto.Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"E se o Brasil é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.E assim ouvirei o sino da liberdade em Brasilia e em todos os rincoes .E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia"
"Livre afinal, livre afinal.
SERA QUE ISSO VAI ACONTECER? SEM UMA GRANDE PARTICIPACAO DA POPULACAO? ACABANDO COM O DOMINIO DE CORONEIS E CARTEIS?
DA PRA PENSAR NISTO? NESTE MOMENTO E PURA UTOPIA.
sem opinião
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Rui Ruz Caputi Caputi (1958) 28/01/2010 14h22
Rui Ruz Caputi Caputi (1958) 28/01/2010 14h22
A CNJ dá um bom e didático exemplo para todos.
Quisera, todas as demais instituições publicas ou privadas seguissem seu padrão elevado.
2 opiniões
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