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24/09/2009 - 18h11

CNBB chama de retrocesso discussão sobre funcionamento de bingos

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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Dirigentes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) criticaram nesta quinta-feira a aprovação, pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, do projeto que legaliza o funcionamento de bingos e máquinas caça-níqueis no país. Na opinião da entidade, o projeto representa um "retrocesso" ao país uma vez que o Congresso havia proibido há cinco anos o funcionamento de casas de jogos de azar nos Estados brasileiros.

"Já tínhamos avançado na questão. Houve um progresso, agora estamos numa fase de retrocesso. Os bingos e jogos de azar já se consideravam um mal superado. Isso coloca em risco a segurança e o bem-estar das famílias. Se a pessoa está ganhando, se sente estimulada a continuar jogando para ganhar mais. Quando começa a perder, se sente estimulada a jogar para ver se recupera o que perdeu. É aí que vem o naufrágio da família", disse o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha.

Na opinião do bispo, a reabertura dos bingos abre caminho para uma série de crimes, entre eles a lavagem de dinheiro. A CNBB também não se mostrou convencida pelos argumentos apresentados por sindicatos favoráveis ao projeto de que a reabertura das casas de bingos vai criar 300 mil empregos no país.

"Não vale pagar esse preço. Não precisamos recorrer a um meio deste para garantir mais empregos. Essa justificativa é um sofisma, não há motivo autêntico, razão verdadeira. Não é porque se estimula o emprego que, com isso, vai se estimular o crime. Não vamos estimular o tráfico para dar mais empregos", criticou dom Geraldo.

O secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, reconheceu que o lobby dos empresários de bingos deve levar o Congresso a avalizar os jogos de azar. "Que o lobby é forte, eu não tenho a menor dúvida. Se existem os caça-níqueis e os bingos, é porque existem consumidores para isso. Graças a Deus não é de longe a maioria do povo brasileiro."

Dom Dimas disse esperar, porém, que os deputados e senadores rejeitem a proposta no momento de votação nos plenários da Câmara e do Senado. "Nós esperamos que os nossos parlamentares, muito mais do que ouvir lobbys, se atenham aos valores da ética, da família, percebendo que a iniciativa do governo de proibir os bingos foi acertada e não caberia agora um retrocesso."

Projeto

Desde 2004, estão proibidos no país o funcionamento de bingos e máquinas caça-níqueis com o argumento de que a prática traz prejuízos para os jogadores --inclusive psicológicos. O projeto aprovado pela CCJ prevê que os bingos sejam instalados numa distância mínima de 500 metros de escolas regulares, públicas ou privadas, assim como de templos religiosos.

Para "garantir o equilíbrio econômico-financeiro dos Estados", o relator da matéria, deputado Régis de Oliveira (PSC-SP), sugere que, em cidades até 500 mil habitantes, seja instalada uma casa de bingo para cada 100 mil pessoas. Nas cidades que possuem mais de 500 mil habitantes, poderia funcionar um estabelecimento para cada 150 mil habitantes.

O texto ainda prevê o repasse de 17% das receitas das casas de bingos para a saúde, cultura, esportes e segurança pública --nos percentuais, respectivamente, de 14% e 1% para as demais áreas. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), que apresentou parecer intermediário entre os textos de Oliveira e Biscaia, disse não acreditar no repasse tão volumoso para as áreas sociais do país.

 

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