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09/08/2004
-
04h47
da Folha de S.Paulo
A campanha à Prefeitura de São Paulo não deve prescindir do mapa dos redutos eleitorais petista, malufista e tucano, mas só com pesquisas qualitativas é possível saber qual região é mais promissora na conquista de votos.
"A despeito dos marqueteiros, o voto tem estrutura", diz o cientista político Fernando Limongi. Ele é um dos coordenadores do estudo do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) publicado pela Folha no sábado, que sustenta existir um padrão de voto partidário na cidade.
Na pesquisa, São Paulo aparece recortada, independentemente do pleito, em regiões onde PSDB, PT e PP alcançam resultados melhores se comparados ao obtido na cidade.
Folha - Se o padrão de voto independe do pleito, como fica a discussão sobre a federalização da eleição em São Paulo?
Fernando Limongi - Independe do tipo de eleição, mas não quer dizer que os resultados da eleição federal vão se repetir na municipal. Quer as questões sejam locais ou nacionais, o voto vai dividir as pessoas no mesmo padrão, nesses grupos. Não quer dizer que o PT ou o PSDB ou o Maluf vão usar o mesmo discurso para qualquer disputa. E não quer dizer que Lula, indo mal nas pesquisas ou indo bem, isso vai se refletir direto. É só lembrar que o PSDB perdeu em 1996, quando o Serra concorreu e Fernando Henrique Cardoso estava com a corda toda. O voto não é anárquico, há uma ordem, não começa do zero a cada eleição.
Folha - Onde é mais vantajoso para os candidatos fazerem campanha, no próprio reduto ou fora dele?
Limongi - É muito complicado. Por exemplo: tem um dia de campanha e quer ganhar o maior número de votos com ele. Onde vai fazer? Montam-se teorias. Pode ser que seja melhor fazer campanha no reduto dele do que no do outro. Pode ser, por exemplo, que na região central, por ser mais estudada, politizada, sei lá o que, quem não é Serra não vai virar Serra. Então é melhor ir na periferia, onde o eleitor é mais volátil, a despeito de ser onde o partido vai pior. Mas pode ser o contrário: Serra, que se diz bom de argumento, poderia convencer os eleitores da primeira região. Não dá para falar. O que dá para falar é: a despeito dos marqueteiros, o voto tem estrutura. É um paralelo daquela famosa frase sobre macumba e o campeonato baiano: se marqueteiro ganhasse eleição, toda campanha sairia empatada. Só com muitas pesquisas qualitativas é possível descobrir onde o candidato tem mais chances de conquistar votos naquele momento, se é no reduto ou não.
Folha - Quem pode herdar os eleitores de um reduto?
Limongi - Estou estudando isso agora. O que vemos é que pouco eleitor atravessa o espectro ideológico --da esquerda para a direita ou o contrário. Quem flutua é o centro. O grupo da esquerda não se comunica com a direita, ou muito pouco. Há poucos eleitores de Lula e Maluf.
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A campanha à Prefeitura de São Paulo não deve prescindir do mapa dos redutos eleitorais petista, malufista e tucano, mas só com pesquisas qualitativas é possível saber qual região é mais promissora na conquista de votos.
"A despeito dos marqueteiros, o voto tem estrutura", diz o cientista político Fernando Limongi. Ele é um dos coordenadores do estudo do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) publicado pela Folha no sábado, que sustenta existir um padrão de voto partidário na cidade.
Na pesquisa, São Paulo aparece recortada, independentemente do pleito, em regiões onde PSDB, PT e PP alcançam resultados melhores se comparados ao obtido na cidade.
Folha - Se o padrão de voto independe do pleito, como fica a discussão sobre a federalização da eleição em São Paulo?
Fernando Limongi - Independe do tipo de eleição, mas não quer dizer que os resultados da eleição federal vão se repetir na municipal. Quer as questões sejam locais ou nacionais, o voto vai dividir as pessoas no mesmo padrão, nesses grupos. Não quer dizer que o PT ou o PSDB ou o Maluf vão usar o mesmo discurso para qualquer disputa. E não quer dizer que Lula, indo mal nas pesquisas ou indo bem, isso vai se refletir direto. É só lembrar que o PSDB perdeu em 1996, quando o Serra concorreu e Fernando Henrique Cardoso estava com a corda toda. O voto não é anárquico, há uma ordem, não começa do zero a cada eleição.
Folha - Onde é mais vantajoso para os candidatos fazerem campanha, no próprio reduto ou fora dele?
Limongi - É muito complicado. Por exemplo: tem um dia de campanha e quer ganhar o maior número de votos com ele. Onde vai fazer? Montam-se teorias. Pode ser que seja melhor fazer campanha no reduto dele do que no do outro. Pode ser, por exemplo, que na região central, por ser mais estudada, politizada, sei lá o que, quem não é Serra não vai virar Serra. Então é melhor ir na periferia, onde o eleitor é mais volátil, a despeito de ser onde o partido vai pior. Mas pode ser o contrário: Serra, que se diz bom de argumento, poderia convencer os eleitores da primeira região. Não dá para falar. O que dá para falar é: a despeito dos marqueteiros, o voto tem estrutura. É um paralelo daquela famosa frase sobre macumba e o campeonato baiano: se marqueteiro ganhasse eleição, toda campanha sairia empatada. Só com muitas pesquisas qualitativas é possível descobrir onde o candidato tem mais chances de conquistar votos naquele momento, se é no reduto ou não.
Folha - Quem pode herdar os eleitores de um reduto?
Limongi - Estou estudando isso agora. O que vemos é que pouco eleitor atravessa o espectro ideológico --da esquerda para a direita ou o contrário. Quem flutua é o centro. O grupo da esquerda não se comunica com a direita, ou muito pouco. Há poucos eleitores de Lula e Maluf.
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