Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/08/2004 - 04h20

Agora força-tarefa do caso Banestado inicia busca por cliente de doleiro

Publicidade

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em São Paulo
RICARDO BRANDT
da Folha de S.Paulo

A força-tarefa CC5 do Banestado iniciou ontem a segunda fase da Operação Farol da Colina, que é identificar nos documentos apreendidos com os doleiros os donos das remessas enviadas para a conta Beacon Hill, no JP Morgan Chase, de Nova York.

A operação desencadeada anteontem resultou na prisão de 63 doleiros em sete Estados brasileiros. Eles são acusados de evasão de divisas, sonegação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ao todo foram expedidos 103 mandados de prisão pela Justiça Federal, no Paraná.

O pedido de prisão feito à Justiça, ao qual a Folha teve acesso ontem, revela que US$ 13 bilhões originários do Brasil foram movimentados, entre 1999 e 2002, na Beacon Hill e nas subcontas.

Os dados levantados pela força-tarefa constam em ofício expedido em 15 de dezembro de 2003 pela Coordenação Geral de Fiscalização da Receita Federal e referendado pela Justiça.

Segundo o pedido de prisão temporária, os doleiros proporcionavam à empresas brasileiras "a remessa de recursos provenientes do denominado "caixa 2'".

Segundo a acusação, os doleiros eram considerados "porto seguro" para o dinheiro não declarado de pessoas jurídica "possivelmente oriundo de sobras de campanha e de trabalho remunerado sem a emissão de recibo".

Hoje, os procuradores da força-tarefa se reúnem em Curitiba (PR) para uma avaliação dos documentos obtidos. A força-tarefa CC5 do Banestado, criada em maio de 2003, tem sede em Curitiba, onde existe a Vara Federal especializada em crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro.

Na capital paranaense, os procuradores irão confrontar a documentação apreendida com documentos fornecidos pela Promotoria Pública do Estado de Nova York. A força-tarefa trabalha ainda em cooperação com a Promotoria Pública de Nova Jersey e com o DEA (departamento norte-americano de combate às drogas) de Nova York.

O interesse norte-americano no trabalho da força-tarefa é que muitos dos doleiros no esquema Beacon Hill também são alvo de investigações nos Estados Unidos sobre lavagem de dinheiro.

A força-tarefa já sabe que entre os donos das remessas estão políticos, empresários e narcotraficantes. Com um monitoramento que incluiu até o grampo telefônico, com autorização judicial, dos doleiros investigados, foi possível para a força-tarefa identificar o tipo da clientela de cada doleiro.

No principal alvo da Operação Farol da Colina, as transações financeiras na conta Beacon Hill, os doleiros utilizaram, entre 1997 e 2002, o sistema conhecido como dólar-cabo, para enviar ilegalmente cerca de R$ 24 bilhões para fora do país. A operação atingiu também operações feitas no Marchants Bank, como a subconta Gatex, administrada --segundo a força-tarefa-- pelo doleiro paulistano Antônio Pires de Almeida.

O sistema dólar-cabo opera por meio de uma relação de confiança entre o doleiro e seu cliente. No Brasil, o doleiro recebe uma determinada quantia do cliente e determina que controladores de contas-ônibus nos Estados Unidos depositem o mesmo valor para o cliente em uma subconta controlada pelo doleiro. Essas remessas não passam pelo registro do Banco Central.

Das contas-ônibus, os valores são enviados para contas dos verdadeiros donos em paraísos fiscais. Em caso de o cliente ter necessidade de dinheiro no país, o processo segue o rumo inverso, com o cliente recebendo dinheiro, aqui no Brasil, com os doleiros. Os doleiros cobram comissões sobre essas operações.

O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que coordena a força-tarefa, disse que na reunião --com base nos documentos apreendidos-- poderão ser feitos pedidos de prorrogação da prisão temporária dos doleiros presos.

Vai ser analisada também se haverá necessidade de pedir à Justiça Federal mandados de prisão preventiva para os doleiros que conseguiram escapar da Operação Farol da Colina. Esses doleiros seguem sendo alvos de diligências da Polícia Federal.

Em Recife, a Polícia Federal de Pernambuco abriu ontem dois inquéritos em que Edmundo Gurgel Júnior, 41, e Arthur Tillman Maia Neto, 31, são indiciados por remessa ilegal de recursos para o exterior. Eles foram presos anteontem na megaoperação.

Leia mais
  • Operação contra lavagem de dinheiro ultrapassa objetivo inicial
  • Operações em mercado paralelo de doleiros chegam a US$ 20 bi, diz PF
  • Entenda a Operação Farol da Colina da PF

    Especial
  • Arquivo: Veja o que já foi publicado sobre lavagem de dinheiro
  • Arquivo: Veja o que já foi publicado sobre a CPI do Banestado
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página