Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/08/2004 - 09h06

BB dá R$ 2,5 mi para festival de governo petista

Publicidade

MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Um dos mais caros patrocínios concedidos pelo Banco do Brasil no primeiro semestre do ano beneficiou o governo de Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, organizador do Festival América do Sul. O evento, marcado para setembro em Corumbá, vai consumir R$ 2,5 milhões da estatal.

O investimento no festival é 35 vezes maior do que o valor desembolsado pelo banco na polêmica compra de ingressos do show da dupla Zezé Di Camargo & Luciano em julho, numa churrascaria em Brasília, e cuja arrecadação iria para o PT. O BB comprou R$ 73,5 mil em ingressos, mas teve o dinheiro devolvido no final do mês passado.

O governador petista contou que ele mesmo negociou a liberação do patrocínio com diretores do Banco do Brasil. À Folha, ele afirmou ter ameaçado tirar a conta do governo do Estado do banco caso o dinheiro lhe fosse negado.

Zeca do PT disse que o fato de ser petista "até dificultou, demorou para caramba até sair, tive de ameaçar tirar a conta". Ele disse que telefonou para Casseb pedindo o patrocínio do festival. "Nós [o governo do Estado] somos os principais clientes [do BB] no Estado. Geramos muito lucro", afirmou o governador.

A arrecadação de impostos estaduais é depositada na conta do BB. "Algo como R$ 200 milhões por mês", disse o governador. Em 2000 e 2002, o governo fez empréstimos no banco para pagar o 13º salário dos servidores públicos. Em cada operação, pagou ao menos R$ 3,1 milhões de juros.

A negociação, segundo Zeca, foi feita pessoalmente com o diretor de Marketing e Relacionamento, Henrique Pizzolato, e o vice-presidente de Agronegócios e Governo, Ricardo Conceição.

O Banco do Brasil, por meio de sua assessoria, afirmou que o patrocínio obteve pareceres favoráveis de várias diretorias do banco antes de ser submetido ao Comitê de Comunicação, que reúne 10 dos 17 diretores da instituição.

Trata-se de uma instância intermediária em matéria de análise de pedidos de patrocínio. O banco contabiliza cerca de 800 pedidos recebidos no primeiro semestre do ano, dos quais aproximadamente cem teriam sido acatados.

A assessoria não divulgou o valor médio dos patrocínios, mas disse que o festival é um dos mais importantes eventos do período. O orçamento do banco em 2004 para patrocínios eventuais e eventos desse tipo é de R$ 40 milhões.

O festival

Segundo o BB, o festival em Corumbá é uma aposta em publicidade do banco, um investimento com retorno garantido, já que a marca será veiculada na TV, no rádio, em anúncios de jornal, outdoors e cartazes. O banco também garantiu cota de 10% dos ingressos para seus convidados.

"O BB também tem interesses nos países participantes do festival, pois está instalado neles", falou Zeca, que pretende reunir no evento representantes dos 12 países da América do Sul, além do Brasil. O site de divulgação do Festival América do Sul traz em destaque acesso para a página eletrônica do governo de Mato Grosso do Sul, responsável pela organização. O evento vai acontecer entre 17 e 25 de setembro.

Especial
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre o Festival América do Sul
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre Zeca do PT
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página