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29/08/2004 - 04h16

Nanicos são 45% dos candidatos a vereador

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da Folha de S.Paulo

Num esforço para crescer --em muitos casos para tentar aparecer-- os partidos pequenos inundaram a eleição para vereadores em São Paulo. Quase metade dos candidatos a vereador, 545 pessoas ou 45% do total, é filiada a partidos nanicos, com pouca ou nenhuma representação na Câmara Municipal hoje.

Partidos como o PV, com 83 candidatos, e o PMN, com 69 aspirantes a uma vaga de vereador, têm mais candidatos que o PT e o PMDB, que concorrem com 61 e 47 candidatos, respectivamente.

O fenômeno acontece porque, independentemente do número de filiados ou representatividade, cada partido pode inscrever o equivalente a 150% das vagas da Câmara Municipal. Nas coligações, a proporção sobe para 200%.

Resultado: 1.215 candidatos concorrem aos 55 postos de vereador.

A regra, avalia o cientista político Carlos Ranulfo (UFMG), que estuda o Poder Legislativo, dá liberdade excessiva aos partidos e pulveriza demais a eleição: "Essa enxurrada de candidatos cria uma confusão monumental para o eleitor, serve para acomodar candidatos em siglas de aluguel". "Os partidos sabem que a grande maioria dos candidatos não tem chances. Eles não são exatamente "laranjas", mas são cabos eleitorais", diz o cientista político Rui Tavares Maluf. A esperança dos partidos, nanicos ou não, explica, é a de que os muitos candidatos somem votos totais para a legenda, o que conta na definição do número de cadeiras.

Para Ranulfo, o grande número contribui também para afastar a campanha da população e descaracterizar a figura política do vereador. Outro motivo para o afastamento do eleitorado é a baixa representatividade da Câmara, diz Maluf: "Na última eleição, os 55 vereadores foram eleitos por menos de 30% das pessoas que compareceram às urnas [voto válido, mais nulo e branco]".

TV e estratégia

O volume de candidatos complica a campanha na TV e no rádio, especiamente a dos nanicos. Se o PV, que inscreveu o máximo permitido de candidatos, dividisse o tempo que dispõe igualitariamente, cada um teria só uma inserção de cerca de 19 segundos em 45 dias de horário eleitoral.

Mas não só os pequenos se desdobram para encaixar os candidatos na TV.

No caso do PT, que optou por exibir apenas as fotos e números dos concorrentes na tela, a justificativa vem da direção: as vagas são decididas na rua e a TV pesa muito pouco. A estratégia já gerou conflitos no partido. A campanha da TV está em negociação, mas dificilmente mudará para o modelo tradicional. "Se os candidatos não têm plataforma, base, programa, uma história, não adianta. A TV funciona só para divulgar uma candidatura já consolidada, mas não é decisiva", diz o presidente do diretório municipal do PT, Ítalo Cardoso.

Já no PSDB, Edson Aparecido, presidente do Diretório Municipal, valoriza o corpo-a-corpo, mas diz que os tucanos contam com menos recursos para campanha e que, por isso, a TV ajudará a equilibrar a disputa. Todos os 71 candidatos do partido, diz, falaram por 15 segundos nos primeiros programas de TV. "A partir de agora, eles voltam em programas temáticos"--um dos formatos a serem experimentados para fugir do modelo quase folclórico: nome, número e bordão.

PT e PSDB têm usado o espaço na TV dos vereadores para martelar as propostas dos candidatos a prefeito. Para um marqueteiro que não quis se identificar, essa é a principal razão para desvalorização da TV. Para ele, o horário gratuito conta mais principalmente nos dias próximos ao pleito.

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