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02/09/2004
-
08h26
SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, no Rio
A suposta reforma geral de uma casa no morro da Providência (centro) promovida pelo candidato a prefeito do Rio pelo PL, senador Marcelo Crivella, é contestada na favela. Crivella mostra a obra em seu programa eleitoral na TV como solução para o problema habitacional do lugar. Só que o imóvel estava em boas condições. Crivella só providenciou um telhado e a pintura externa.
Por dentro, o prédio de dois andares continua o mesmo de antes da chegada ao local dos operários contratados pela campanha. Nele mora a família (mulher, três filhos e um sobrinho) de José Carlos Santos, obreiro do templo da Igreja Universal do Reino de Deus da avenida Sacadura Cabral (centro). Bispo da Universal, Crivella é sobrinho de seu fundador e líder, o bispo Edir Macedo.
O candidato começou nesta semana a mostrar imagens da casa. Diz ele que em três dias o imóvel foi reformado. "Foi feito um teste. Veja como a casa ficou mais bonita", disse o candidato no programa, prometendo, se eleito, fazer obras idênticas no morro.
A propaganda indignou moradores da favela ouvidos ontem pela Folha. O presidente da Associação de Moradores do Morro da Providência, Manuel Gama, foi um dos que reclamou. "Isso é uma fraude. A casa já era uma das melhores da favela."
A vendedora Geórgia da Costa, 36, apontava um barraco de madeira e
folhas de zinco enferrujadas, a 100 m da casa supostamente reformada. "Por que não melhoraram aquela ali? Essa propaganda é um insulto. Sou pobre, mas não sou ignorante", afirmou ela, mostrando fotos tiradas antes e durante a suposta reforma.
Conhecido na favela como pastor José, o obreiro --fiel que presta serviços à Universal-- não foi localizado pela Folha. Sua mulher, Creuza Maciel, 38, confirmou que a obra foi externa.
"Melhorou tudo depois. Antes estava horrível", disse ela, que mora na casa desde que nasceu.
A Folha tentou ouvir Crivella. Sua assessoria informou que ele talvez telefonasse para falar sobre o assunto. Até a conclusão desta edição o candidato não havia ligado. Segundo a assessoria, a suposta reforma é um modelo do que Crivella fará no morro caso se eleja. A assessoria informou também que não sabia que a casa pertence a um fiel da Universal.
A Providência é a primeira favela do Rio. Os barracos começaram a ser construídos nas vertentes da montanha na última década do século 19, de acordo com historiadores. Hoje, segundo o Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), moram na favela 3.443 pessoas.
O desempregado Marcos Vinícius de Lira, 19, reclamou da ausência de Crivella no morro.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Marcelo Crivella
No Rio, moradores contestam obra de Crivella
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da Folha de S.Paulo, no Rio
A suposta reforma geral de uma casa no morro da Providência (centro) promovida pelo candidato a prefeito do Rio pelo PL, senador Marcelo Crivella, é contestada na favela. Crivella mostra a obra em seu programa eleitoral na TV como solução para o problema habitacional do lugar. Só que o imóvel estava em boas condições. Crivella só providenciou um telhado e a pintura externa.
Por dentro, o prédio de dois andares continua o mesmo de antes da chegada ao local dos operários contratados pela campanha. Nele mora a família (mulher, três filhos e um sobrinho) de José Carlos Santos, obreiro do templo da Igreja Universal do Reino de Deus da avenida Sacadura Cabral (centro). Bispo da Universal, Crivella é sobrinho de seu fundador e líder, o bispo Edir Macedo.
O candidato começou nesta semana a mostrar imagens da casa. Diz ele que em três dias o imóvel foi reformado. "Foi feito um teste. Veja como a casa ficou mais bonita", disse o candidato no programa, prometendo, se eleito, fazer obras idênticas no morro.
A propaganda indignou moradores da favela ouvidos ontem pela Folha. O presidente da Associação de Moradores do Morro da Providência, Manuel Gama, foi um dos que reclamou. "Isso é uma fraude. A casa já era uma das melhores da favela."
A vendedora Geórgia da Costa, 36, apontava um barraco de madeira e
folhas de zinco enferrujadas, a 100 m da casa supostamente reformada. "Por que não melhoraram aquela ali? Essa propaganda é um insulto. Sou pobre, mas não sou ignorante", afirmou ela, mostrando fotos tiradas antes e durante a suposta reforma.
Conhecido na favela como pastor José, o obreiro --fiel que presta serviços à Universal-- não foi localizado pela Folha. Sua mulher, Creuza Maciel, 38, confirmou que a obra foi externa.
"Melhorou tudo depois. Antes estava horrível", disse ela, que mora na casa desde que nasceu.
A Folha tentou ouvir Crivella. Sua assessoria informou que ele talvez telefonasse para falar sobre o assunto. Até a conclusão desta edição o candidato não havia ligado. Segundo a assessoria, a suposta reforma é um modelo do que Crivella fará no morro caso se eleja. A assessoria informou também que não sabia que a casa pertence a um fiel da Universal.
A Providência é a primeira favela do Rio. Os barracos começaram a ser construídos nas vertentes da montanha na última década do século 19, de acordo com historiadores. Hoje, segundo o Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), moram na favela 3.443 pessoas.
O desempregado Marcos Vinícius de Lira, 19, reclamou da ausência de Crivella no morro.
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