Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/09/2004 - 20h16

PMs são detidos sob acusação de espionar advogado em Recife

Publicidade

da Agência Folha, em Recife

Três policiais da Casa Militar do governo de Pernambuco foram detidos hoje em Recife, armados e usando um carro com placas "frias", quando supostamente seguiam o advogado Dominici Mororó, defensor da artesã Maria do Socorro dos Santos, pivô da maior polêmica surgida até agora na campanha eleitoral.

A mulher, ex-moradora da favela de palafitas de Brasília Teimosa, apareceu, no final de agosto, na propaganda eleitoral de TV dos candidatos do PMDB e do PT, com depoimentos contraditórios e fortes acusações.

Na propaganda de Carlos Eduardo Cadoca (PMDB), que tem o apoio do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), ela criticou o prefeito e candidato à reeleição, João Paulo (PT), com quem polariza a campanha, por ele ainda não ter construído as casas das famílias removidas da favela no ano passado.

Após três dias, a artesã voltou à TV, desta vez no programa de João Paulo. Disse que foi enganada e acusou a equipe de Cadoca de induzi-la a mentir com promessas de ajuda e apoio jurídico para seus dois filhos presos. Declarou ainda que os ex-moradores das palafitas recebem auxílio-moradia da prefeitura no valor de R$ 150 mensais.

O episódio originou uma guerra jurídica entre as duas coligações, que persiste até hoje. Duas semanas depois, o caso chegou à polícia, quando Maria do Socorro foi encontrada por dois adolescentes amarrada e jogada em um mangue.

Ela disse ter sido seqüestrada, roubada e espancada por dois homens desconhecidos. Peritos do IML (Instituto de Medicina Legal) constataram as agressões.

Hoje, o advogado dela saía de casa quando percebeu que estava sendo seguido, inicialmente por uma moto, e depois por duas motocicletas e um Corsa.

Por telefone, Dominici Mororó pediu à Polícia Civil que interceptasse os veículos, o que foi feito. Um dos motociclistas fugiu. Abordados, os dois ocupantes do carro e o outro motociclista, em trajes civis, se identificaram como policiais militares da Casa Militar.

Os policiais civis constataram que o Corsa estava com placas "frias" e revistaram os veículos e os suspeitos. Foram encontrados três revólveres, uma filmadora, um binóculo, duas máquinas fotográficas digitais e adesivos de propaganda política de Cadoca e dos candidatos a prefeito Joaquim Francisco (PTB) e a vereador Henrique Leite (PT).

Os PMs --sargento Melquizedek Alves Martins e soldados Ivan Bezerra da Silva e Adalberto Leandro do Nascimento-- carregavam ainda um dossiê com dados pessoais do advogado e um recorte de jornal com a foto de Maria do Socorro dos Santos.

Junto ao dossiê havia um documento com o timbre da Casa Militar, assinado por um major, autorizando o uso da placa "fria" no veículo. As placas originais do Corsa estavam dentro do carro e pertenciam a uma locadora.

Levados à delegacia do Jordão, os suspeitos foram interrogados e liberados à noite, sem a abertura de inquérito.

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Pernambuco, Julio Oliveira, classificou o episódio de "lamentável e estarrecedor". "Não é possível que autoridades policiais pagas para combater a violência estejam a serviço da arapongagem", declarou.

Oliveira disse que a entidade vai "exigir" a apuração "rigorosa" do caso e que solicitará à Polícia Federal o acompanhamento da situação.

Outro lado

A assessoria do governo de Pernambuco disse hoje que o palácio não determinou a suposta perseguição ao advogado Dominici Mororó e que não se pronunciaria sobre o caso porque não dispunha de informações seguras.

Na delegacia do Jordão, onde foram interrogados, os policiais militares suspeitos --sargento Melquizedek Alves Martins e soldados Ivan Bezerra da Silva e Adalberto Leandro do Nascimento-- afirmaram, segundo o delegado Antonio Cândido de Oliveira, que só falarão em juízo. Eles foram liberados à noite.

As assessorias dos candidatos Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) e João Paulo (PT) também mantiveram silêncio sobre o episódio, alegando não dispor de informações suficientes para fazer comentários.

A Polícia Militar também não fez declarações. À noite, o GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil, que apura a agressão sofrida pela artesã, informou que vai também investigar o caso.

Especial
  • Veja o especial de eleições
  • Veja as últimas pesquisas no site Datafolha
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página