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19/09/2004
-
07h33
FERNANDO RODRIGUES
enviado especial da Folha de S.Paulo a Campos de Jordão
Terminou ontem à tarde sem consenso nem propostas práticas para o país o encontro DNA Brasil --que reuniu 46 personalidades de várias áreas para discutir o Brasil dos próximos 50 anos.
Os presentes deveriam tentar apresentar um "mínimo denominador comum" para o país. Como fracassaram, os participantes apenas listaram 16 grandes temas para futuros estudos, chamados de "unidades de reflexão".
Mas mesmo o detalhamento de assuntos genéricos como "nós e o mundo" causou polêmica. O engenheiro Hélio Mattar chegou a ameaçar deixar a sessão final por não se sentir ouvido.
"Não havia uma tentativa de buscar um consenso. Não era essa a nossa intenção", disse o empresário Ricardo Semler, principal idealizador do evento, para minimizar os poucos resultados de dois dias e meio de conversas. A organização da reunião ficou com a Fundação Semco, de Semler.
Agora o encontro será anual e ficará com o Instituto DNA Brasil (www.dnabrasil.org.br), cujo presidente-executivo é o jornalista Caio Túlio Costa --ex-ombudsman e ex-secretário de Redação da Folha. Os participantes foram convidados a fazer parte do conselho fundador. Até as 18h de ontem, 35 haviam aderido.
Para o economista Gilberto Dupas, o encontro "teve um gene defeituoso inicial". Ele considerou um equívoco o DNA Brasil ter sido propagandeado como a reunião de "50 luminares" que pensariam e definiriam como será o país daqui a 50 anos.
A Folha acompanhou o evento desde o início, na quinta-feira à noite. A marca principal das discussões foi a falta de objetividade dos convidados ao tentarem propor algo para o Brasil --apesar do esforço dos organizadores da reunião, realizada no Grande Hotel, em Campos do Jordão (167 km a nordeste de São Paulo).
Para forçar uma relação mais produtiva entre os debatedores, o DNA Brasil promoveu exercícios de dinâmica de grupo. Os presentes foram convidados a andar em duplas ou trios pelo jardim falando como passaram suas infâncias.
Ontem de manhã, produziram uma lista com generalidades sobre "os medos" de cada um: do fim do emprego, da corrupção e de viver com excesso de dispositivos de segurança etc. Em seguida, foram convidados a votar naquilo que consideram "medos" no horizonte dos próximos 50 anos. Foi um fracasso: mais da metade dos presentes não se manifestou.
O DNA Brasil também vai se transformar num índice socioeconômico, com a coleta de dados de indicadores já existentes. O trabalho será realizado pelo Nepp (Núcleo de Estudos de Políticas Públicas) da Unicamp.
Apesar de bem representativo --leia o nome dos participantes ao final do texto--, pelo menos 17 convidados não compareceram, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (mandou depoimento gravado) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O DNA Brasil custou cerca de R$ 1,6 milhão. A maior parte desse dinheiro veio das empresas Accenture, Banco do Brasil e Intel.
Participantes do encontro DNA Brasil: Adélia Prado (poeta), Adib Jatene (médico), Albert Fishlow (brasilianista), Aziz Ab'Sáber (geógrafo), Bill Ury (antropologista social), Cândido Mendes (advogado e filósofo), Carlos Vogt (professor), Celso Lafer (diplomata), Contardo Calligaris (psicanalista), Dorothea Werneck (economista), Edna Roland (psicóloga), Fernando J. de Almeida (filósofo e pedagogo), Fernando Reinach (biólogo), Fernando Xavier Ferreira (engenheiro), Geraldo Cavagnari (militar), Gilberto Dupas (economista), Hélio Jaguaribe (sociólogo), Helio Mattar (engenheiro), Hermano Vianna (antropólogo), Imre Simon, (engenheiro eletrônico), Isis Lima Soares (estudante), João Pedro Stédile (líder do MST), Joaquim Guedes (arquiteto), Jorge Forbes (psicanalista), Jorio Dauster (diplomata), José Arthur Giannotti (filósofo), Laura Finocchiaro (música), Luiz Hafers (ruralista), Marcelo Freixo (historiador), Marina Silva (ministra do Meio Ambiente), Mayana Zatz (bióloga), Miguel Nicolelis (neurofisiologista), Miguel Reale Jr. (advogado), Monja Coen Sensei (religiosa), Moyses Nussenzweig (físico), Olgária Matos (filósofa), Padre Júlio Lancellotti (religioso), Paulo Nogueira-Neto (biólogo), Paulo Saldiva (médico), Regina Casé (artista), Roberto Minczuk (músico), Rogerio Cezar de Cerqueira Leite (físico), Rosiska Darcy de Oliveira (socióloga), Rubem Alves (professor), Silvio Meira (engenheiro eletrônico) e Victor Nussenzweig (biólogo).
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o DNA Brasil,
Reunião do DNA Brasil termina sem consenso nem propostas
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enviado especial da Folha de S.Paulo a Campos de Jordão
Terminou ontem à tarde sem consenso nem propostas práticas para o país o encontro DNA Brasil --que reuniu 46 personalidades de várias áreas para discutir o Brasil dos próximos 50 anos.
Os presentes deveriam tentar apresentar um "mínimo denominador comum" para o país. Como fracassaram, os participantes apenas listaram 16 grandes temas para futuros estudos, chamados de "unidades de reflexão".
Mas mesmo o detalhamento de assuntos genéricos como "nós e o mundo" causou polêmica. O engenheiro Hélio Mattar chegou a ameaçar deixar a sessão final por não se sentir ouvido.
"Não havia uma tentativa de buscar um consenso. Não era essa a nossa intenção", disse o empresário Ricardo Semler, principal idealizador do evento, para minimizar os poucos resultados de dois dias e meio de conversas. A organização da reunião ficou com a Fundação Semco, de Semler.
Agora o encontro será anual e ficará com o Instituto DNA Brasil (www.dnabrasil.org.br), cujo presidente-executivo é o jornalista Caio Túlio Costa --ex-ombudsman e ex-secretário de Redação da Folha. Os participantes foram convidados a fazer parte do conselho fundador. Até as 18h de ontem, 35 haviam aderido.
Para o economista Gilberto Dupas, o encontro "teve um gene defeituoso inicial". Ele considerou um equívoco o DNA Brasil ter sido propagandeado como a reunião de "50 luminares" que pensariam e definiriam como será o país daqui a 50 anos.
A Folha acompanhou o evento desde o início, na quinta-feira à noite. A marca principal das discussões foi a falta de objetividade dos convidados ao tentarem propor algo para o Brasil --apesar do esforço dos organizadores da reunião, realizada no Grande Hotel, em Campos do Jordão (167 km a nordeste de São Paulo).
Para forçar uma relação mais produtiva entre os debatedores, o DNA Brasil promoveu exercícios de dinâmica de grupo. Os presentes foram convidados a andar em duplas ou trios pelo jardim falando como passaram suas infâncias.
Ontem de manhã, produziram uma lista com generalidades sobre "os medos" de cada um: do fim do emprego, da corrupção e de viver com excesso de dispositivos de segurança etc. Em seguida, foram convidados a votar naquilo que consideram "medos" no horizonte dos próximos 50 anos. Foi um fracasso: mais da metade dos presentes não se manifestou.
O DNA Brasil também vai se transformar num índice socioeconômico, com a coleta de dados de indicadores já existentes. O trabalho será realizado pelo Nepp (Núcleo de Estudos de Políticas Públicas) da Unicamp.
Apesar de bem representativo --leia o nome dos participantes ao final do texto--, pelo menos 17 convidados não compareceram, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (mandou depoimento gravado) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O DNA Brasil custou cerca de R$ 1,6 milhão. A maior parte desse dinheiro veio das empresas Accenture, Banco do Brasil e Intel.
Participantes do encontro DNA Brasil: Adélia Prado (poeta), Adib Jatene (médico), Albert Fishlow (brasilianista), Aziz Ab'Sáber (geógrafo), Bill Ury (antropologista social), Cândido Mendes (advogado e filósofo), Carlos Vogt (professor), Celso Lafer (diplomata), Contardo Calligaris (psicanalista), Dorothea Werneck (economista), Edna Roland (psicóloga), Fernando J. de Almeida (filósofo e pedagogo), Fernando Reinach (biólogo), Fernando Xavier Ferreira (engenheiro), Geraldo Cavagnari (militar), Gilberto Dupas (economista), Hélio Jaguaribe (sociólogo), Helio Mattar (engenheiro), Hermano Vianna (antropólogo), Imre Simon, (engenheiro eletrônico), Isis Lima Soares (estudante), João Pedro Stédile (líder do MST), Joaquim Guedes (arquiteto), Jorge Forbes (psicanalista), Jorio Dauster (diplomata), José Arthur Giannotti (filósofo), Laura Finocchiaro (música), Luiz Hafers (ruralista), Marcelo Freixo (historiador), Marina Silva (ministra do Meio Ambiente), Mayana Zatz (bióloga), Miguel Nicolelis (neurofisiologista), Miguel Reale Jr. (advogado), Monja Coen Sensei (religiosa), Moyses Nussenzweig (físico), Olgária Matos (filósofa), Padre Júlio Lancellotti (religioso), Paulo Nogueira-Neto (biólogo), Paulo Saldiva (médico), Regina Casé (artista), Roberto Minczuk (músico), Rogerio Cezar de Cerqueira Leite (físico), Rosiska Darcy de Oliveira (socióloga), Rubem Alves (professor), Silvio Meira (engenheiro eletrônico) e Victor Nussenzweig (biólogo).
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