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20/09/2004 - 09h00

Eleição define rearranjo partidário

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O desempenho do PT nas eleições municipais, sobretudo na capital paulista, determinará a viabilidade e o eventual tamanho de um rearranjo partidário das forças de apoio e oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Essa avaliação foi obtida pela Folha em conversas reservadas com membros do governo e das cúpulas do PT, do PMDB, do PFL e do PSDB.

A eleição paulistana, na qual a prefeita Marta Suplicy (PT) enfrenta dura disputa contra o tucano José Serra, é simbólica, crê o Palácio do Planalto. Daí Lula ter entrado pessoalmente na campanha pró-reeleição de Marta.

Mesmo que tenha um bom desempenho nas capitais e aumente o número de prefeituras, uma vitória do PT ficará manchada por uma eventual derrota de Marta.

O PSDB, partido com o qual o PFL tem se alinhado, teria os dois maiores orçamentos da União, depois do governo federal, na mão: o Estado de São Paulo e a prefeitura da capital. É uma expectativa de poder, ainda mais com a eventual vitória de Serra, que perdeu a eleição presidencial para Lula dois anos atrás.

Por mais que se relativize o peso da federalização das eleições municipais no julgamento do governo federal, o resultado dos principais partidos é um sinalizador para o futuro.

Foi assim em 2000, quando o PT venceu em capitais, conquistou São Paulo e consolidou a guinada ao centro do partido para eleger Lula presidente dois anos depois contra Serra, o candidato de um presidente, o tucano Fernando Henrique Cardoso, que se elegera duas vezes no primeiro turno.

Na segunda-feira passada, um jantar do presidente Lula com sete senadores da oposição desencadeou uma série de conversas de bastidor entre governistas e oposicionistas a respeito de eventual rearranjo partidário, especialmente no Senado, Casa na qual Lula tem maioria instável.

ACM e o "G-10"

Em minoria no PFL, partido que tem feito dura oposição ao governo, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) articulou com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, o jantar dos oposicionistas com o presidente.

Na véspera, pensou em cancelar o encontro, mas viu que a repercussão seria pior. Após o jantar, Lula avaliou que cometera um erro. Devia ter esperado para fazê-lo depois do primeiro turno das eleições, em 3 de outubro, ou depois do segundo turno, no dia 25 do mesmo mês.

A versão oficial foi uma conversa sobre maioria no Senado, mas ACM e companhia querem a prioridade na indicação de cargos federais em seus Estados.

Dirceu chama de "G-10" o grupo liderado por ACM e a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), filha do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Além de ACM e Roseana, compõem o "G-10" o tucano Eduardo Siqueira Campos (TO) e os pefelistas Edison Lobão (MA), Paulo Octávio (DF), Romeu Tuma (SP), Rodolpho Tourinho (BA), César Borges (BA), Jonas Pinheiro (MT) e João Ribeiro (TO).

Se o PT eleger Marta e transmitir a imagem de que houve um julgamento positivo da gestão Lula, a principal alternativa para ACM e parte do G-10 será migrar para um partido da base do governo.

Fala-se no PP de Paulo Maluf, antigo inimigo do PT que não poupa elogios a Lula. ACM diz que poderia levar até 30 deputados para o PP.

Novo partido?

Dificilmente prosperará a articulação para a criação de um novo partido, dizem reservadamente alguns dirigentes políticos.

O motivo: o cálculo do tempo no horário eleitoral gratuito para as próximas eleições, em 2006, daria à legenda uns poucos segundos de TV e rádio.

ACM já falou com Dirceu que, se o governo realmente quiser bancar um novo partido, teria de mudar a legislação para permitir que os deputados da nova legenda carreguem o tempo. O cálculo do tempo é baseado na representação na Câmara.

Com esse complicador e diante do cenário de derrota de Marta, tenderia a ser mais vantajoso para ACM, segundo avaliação do próprio cacique em conversas reservadas, continuar a ser um dissidente pró-Lula no PFL.

Base frágil

Também perderia força a tese de reeleição, pois comprar uma briga com o PMDB tenderia a fragilizar ainda mais a base do governo Senado.

Na Casa, o governo tem o apoio oficial de seis partidos (PT, PMDB, PTB, PPS, PSB e PL) --totalizando 47 senadores de um total de 81. No entanto, em votações complicadas, essa base é frágil, tornando o governo dependente de votos de dissidentes dos 34 senadores de quatro partidos de oposição (PSDB, PFL, PDT e o ainda não-oficial P-Sol).

Em junho, o governo sofreu sua maior derrota no Senado com a rejeição da medida provisória que elevava o salário mínimo para R$ 260. A Câmara, onde a maioria de Lula é sólida, reverteu o quadro.

Com um apoio bem amarrado do "G-10", seja em legendas governistas seja nos atuais partidos de oposição, Lula avalia que poderia enfrentar com mais tranqüilidade votações complicadas no Senado. A mais importante será aprovar o projeto das PPPs (Parcerias Público-Privadas).

Reunião com PMDB

Se o PT conseguir sair forte das urnas, haverá reflexo positivo na articulação para tentar aprovar a emenda constitucional que permitiria a reeleição de Sarney e do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).

Caso contrário, essa articulação sofrerá um revés porque há divisão no PMDB. Na semana que vem, ao retornar de viagem que fará a Nova York, o presidente pretende se reunir com dirigentes peemedebistas, entre eles o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tentar costurar um acordo a favor da reeleição. Se falhar, ele próprio prevê guerra na sua base.

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