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09/10/2004 - 09h22

Ministério Público investiga trama contra Serra

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da Folha de S.Paulo

Gravações em poder do Ministério Público do Estado de São Paulo mostram que o vereador malufista Brasil Vita (PP) supostamente intermediou a tentativa de compra de uma testemunha com o objetivo de prejudicar o adversário tucano José Serra. Vita dizia falar em nome do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que nega o teor das gravações.

O diálogo ocorreu três semanas antes do primeiro turno das eleições e foi disponibilizado ontem na página online da "IstoÉ". A Folha confirmou a existência das fitas com o Ministério Público e com o perito Ricardo Molina, que analisou o material e preparou um laudo de 40 páginas. "Não há edição ou montagem. E as vozes são mesmo de Mellão e de Vita", disse Molina.

O autor das fitas é o ex-presidente da Câmara Municipal Armando Mellão, que as repassou à Promotoria. Em março deste ano, acusado de extorsão, Mellão foi preso pela Polícia Federal. Solto após 49 dias, disse ter sido vítima de uma "armação malufista" e, em depoimento ao Ministério Público, acusou o ex-prefeito de ter desviado milhões de dólares de obras públicas --o que Maluf também nega.

Vita, que seria a ponte com Maluf, confirma o teor dos diálogos, mas que disse tudo por "gozação".

Pelo teor das conversas gravadas, Mellão deveria convocar a imprensa para dizer que as acusações que fez contra Maluf eram falsas e que recebeu dinheiro de Serra para atacar o ex-prefeito. Em troca, ainda segundo os diálogos, Mellão receberia pelo menos R$ 200 mil de Maluf.

Em nota, a assessoria de Maluf disse que a acusação é uma "retaliação sórdida e mentirosa" ao fato de o PP nacional ter recomendado apoio a prefeita Marta Suplicy (PT) no segundo turno da eleição --o ex-prefeito ainda não confirmou seu apoio.

Diálogos

Mellão e Vita mantiveram duas conversas, uma de 18 minutos e outra, de 19 minutos, ambas na casa do vereador malufista.

Num primeiro momento, Mellão e Vita falam sobre valores. Mellão diz que repassará a Vita 20% do que ele ganhar.

Mellão pergunta: "Dr. Vita, ele [Maluf] quer que eu diga...". Vita completa: "...que o Serra lhe deu dinheiro [...] para você inventar [as denúncias contra Maluf]".

Numa segunda conversa, Vita disse que Maluf estava "gagá" e que a negociação financeira estava difícil. "Na minha opinião, ele já começou a entrar no que a gente chama em direito de senectude psíquica." O vereador disse que, após pedir "uns dois ou três milhões", Maluf propôs R$ 200 mil. "Você me disse que ele falaria que negociou R$ 300 mil com o Serra e agora oferece R$ 200 mil", Vita afirmou ter dito a Maluf.

Durante as conversas, Vita ultrapassa o tema da eleição e fala do estilo de vida de Maluf, de supostas cobranças de propina e até da compra de diamantes em Nova York. Diz que Maluf tem US$ 300 milhões fora do país e que fica "irritado" com o fato de ele negar o tempo todo a existência das contas. "É como se eu negasse a sua presença", afirma Vita --Maluf nega possuir contas fora do país.

Os dois falam da casa do ex-prefeito. "A casa dele tem uns requintes de quem ganhou dinheiro mole, não é dinheiro suado. Dinheiro suado é o meu. Quando comprei esse tapete persa aqui, eu sei quanto ele custou", disse Vita.

Numa das conversas, Vita insinua que Maluf cobrou propina de empresários de ônibus durante a gestão dele, entre 1993 a 1996.

Promotores criminais convocaram Maluf e Vita para depor na próxima quarta-feira. Os dois são investigados por suposto crime contra a administração do Judiciário, já que Mellão é testemunha do Ministério Público, e por eventuais práticas de corrupção.

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