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09/10/2004
-
09h45
EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Revoltada com a iminência de o governo não cumprir o repasse de verbas e a meta de assentamentos da reforma agrária para este ano, a coordenação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) afirmou ontem que o Planalto só age sob pressão.
"Neste ano, quando anunciamos o abril vermelho, o governo prometeu uma suplementação no orçamento do ministério [do Desenvolvimento Agrário].
Depois, esqueceram disso. Isso significa que, no ano que vem, teremos 12 meses vermelhos para que o governo mantenha os acordos e as promessas", disse João Paulo Rodrigues, da coordenação do MST.
Em março passado, quando o MST anunciou o abril vermelho --a onda de invasões pelo país--, o governo prometeu suplementação de R$ 1,7 bilhão para a pasta de Miguel Rossetto. Até agora, R$ 395 milhões foram liberados.
No final de 2003, o Planalto chegou a anunciar a meta de 335 mil famílias assentadas até 2006. Uma semana depois, diante de uma marcha de 4.000 sem-terra a Brasília, a meta subiu para 400 mil.
Abaixo das metas
De janeiro até agora, o governo assentou 42 mil famílias, contra a previsão de 115 mil. Desde a posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cumpriu nenhuma meta prometida aos sem-terra.
Em 2003, o objetivo era de beneficiar 60 mil famílias, mas 36,8 mil foram assentadas. No primeiro semestre deste ano, 21,7 mil famílias foram beneficiadas, contra a promessa de atender 47 mil.
Atualmente, as críticas do MST vão direto para a equipe econômica do governo. "Eles passaram a perna no Rossetto. Autorizaram que ele anunciasse uma verba que até agora ninguém viu. É uma irresponsabilidade política da equipe econômica que desgasta e desmoraliza o ministro e o próprio presidente Lula", disse Rodrigues.
Apesar de concentrar o ataque nos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Guido Mantega (Planejamento), o MST não poupa o presidente de responsabilidade.
"O Lula não pode adotar o discurso de que não tem dinheiro e que a reforma agrária é cara. É preciso ser radical nas ações, nas leis. É preciso dar uma canetada e desapropriar terra. O governo, primeiramente, precisa entender o que é reforma agrária", afirmou.
Anteontem, Rossetto esteve no Planalto para cobrar do presidente a verba prometida para seu ministério. Sobre o encontro, disse que o objetivo ainda é cumprir a meta de 115 mil famílias, que Lula está sensibilizado com a questão e que a reforma agrária é uma das prioridades do governo federal.
"A nossa paciência com a equipe econômica está se esgotando. Agora, eles dizem que não têm dinheiro para a reforma agrária, o que comprova que o aumento do superávit primário deste ano [de 4,25% para 4,5% do PIB] foi um grande erro do governo federal. Tirou dinheiro que poderia ser investido na reforma agrária para o pagamento de dívidas", afirmou o coordenador nacional do MST.
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MST promete "12 meses vermelhos" em 2005
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Revoltada com a iminência de o governo não cumprir o repasse de verbas e a meta de assentamentos da reforma agrária para este ano, a coordenação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) afirmou ontem que o Planalto só age sob pressão.
"Neste ano, quando anunciamos o abril vermelho, o governo prometeu uma suplementação no orçamento do ministério [do Desenvolvimento Agrário].
Depois, esqueceram disso. Isso significa que, no ano que vem, teremos 12 meses vermelhos para que o governo mantenha os acordos e as promessas", disse João Paulo Rodrigues, da coordenação do MST.
Em março passado, quando o MST anunciou o abril vermelho --a onda de invasões pelo país--, o governo prometeu suplementação de R$ 1,7 bilhão para a pasta de Miguel Rossetto. Até agora, R$ 395 milhões foram liberados.
No final de 2003, o Planalto chegou a anunciar a meta de 335 mil famílias assentadas até 2006. Uma semana depois, diante de uma marcha de 4.000 sem-terra a Brasília, a meta subiu para 400 mil.
Abaixo das metas
De janeiro até agora, o governo assentou 42 mil famílias, contra a previsão de 115 mil. Desde a posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cumpriu nenhuma meta prometida aos sem-terra.
Em 2003, o objetivo era de beneficiar 60 mil famílias, mas 36,8 mil foram assentadas. No primeiro semestre deste ano, 21,7 mil famílias foram beneficiadas, contra a promessa de atender 47 mil.
Atualmente, as críticas do MST vão direto para a equipe econômica do governo. "Eles passaram a perna no Rossetto. Autorizaram que ele anunciasse uma verba que até agora ninguém viu. É uma irresponsabilidade política da equipe econômica que desgasta e desmoraliza o ministro e o próprio presidente Lula", disse Rodrigues.
Apesar de concentrar o ataque nos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Guido Mantega (Planejamento), o MST não poupa o presidente de responsabilidade.
"O Lula não pode adotar o discurso de que não tem dinheiro e que a reforma agrária é cara. É preciso ser radical nas ações, nas leis. É preciso dar uma canetada e desapropriar terra. O governo, primeiramente, precisa entender o que é reforma agrária", afirmou.
Anteontem, Rossetto esteve no Planalto para cobrar do presidente a verba prometida para seu ministério. Sobre o encontro, disse que o objetivo ainda é cumprir a meta de 115 mil famílias, que Lula está sensibilizado com a questão e que a reforma agrária é uma das prioridades do governo federal.
"A nossa paciência com a equipe econômica está se esgotando. Agora, eles dizem que não têm dinheiro para a reforma agrária, o que comprova que o aumento do superávit primário deste ano [de 4,25% para 4,5% do PIB] foi um grande erro do governo federal. Tirou dinheiro que poderia ser investido na reforma agrária para o pagamento de dívidas", afirmou o coordenador nacional do MST.
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