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18/09/2000 - 08h15

Genro tenta nacionalizar a campanha do PT em Porto Alegre

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CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN

da Folha de S.Paulo

O candidato petista à Prefeitura de Porto Alegre, Tarso Genro, 53, nacionaliza a disputa e ataca o governo federal. "Quanto mais nítido o contraste com Fernando Henrique, melhor", declara.

Sobre o governo estadual de Olívio Dutra -colega de partido que apoiava a reeleição do atual prefeito, Raul Pont, derrotado na convenção do PT- Tarso Genro diz que ele "não ajuda nem atrapalha".

Genro afirma acreditar que poderá conseguir o quarto mandato consecutivo do PT em Porto Alegre -o segundo dele, que foi prefeito de 1993 a 96- já no primeiro turno. Segundo a pesquisa Datafolha realizada no último dia 14, o petista tem 42%.

A margem de erro do levantamento é de no máximo quatro pontos percentuais. Assim, Tarso está na faixa que vai de 38% a 46% das intenções de voto.

Tarso teve queda de seis pontos percentuais. Na pesquisa realizada anteriormente, de 5 de setembro, 48% dos entrevistados pretendiam votar no candidato.

O petista admite que a campanha de Yeda Crusius (PSDB) cresceu com a propaganda no rádio e na TV. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, Yeda está com 16%, em empate técnico com o pedetista Alceu Collares (19%).

Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista à Agência Folha:

Agência Folha - A avaliação geral é que aumentou a possibilidade de segundo turno. O sr. concorda?

Tarso Genro - Eu não sinto nem mais nem menos do que antes. Todas as pesquisas que foram feitas até agora deram para nós entre 42% e 48%, tirando aquela do Ibope que deu 53% -na minha opinião inflada, propositalmente ou não. De qualquer forma, uma pesquisa errada.

Mantemo-nos, apesar de todos os ataques, absolutamente estáveis. Nunca afirmamos que íamos ganhar no primeiro turno; nós queremos ganhar no primeiro turno, estamos lutando para isso e as perspectivas de vitória no primeiro turno são as mesmas do início da campanha: muito boas.

Agência Folha - As pesquisas mostram um crescimento da candidata Yeda Crusius (PSDB).

Tarso - Yeda representa aqui o presidente Fernando Henrique Cardoso e um projeto que o Rio Grande do Sul e Porto Alegre rejeitam. O fato de Yeda crescer não altera nossa estratégia, apenas suscita uma polarização contingente com ela.

Ela está mascarando, defendendo a igualdade (eixo da campanha da tucana). Se não fosse uma ofensa, seria uma ironia, porque ela representa o modelo econômico que é o aprofundamento da desigualdade. É de um cinismo atroz a defesa da igualdade que ela está fazendo.

Agência Folha - Mas, afinal, o sr. concorda que ela está crescendo?

Tarso - Acho que a Yeda cresceu, empatou com Alceu Collares. Era natural que ela crescesse um pouco, pois tem um programa de TV grande e entra num espaço político de eleitores que eventualmente são favoráveis ao modelo econômico atual.

Agência Folha - Em um eventual segundo turno, quem é o adversário mais difícil?

Tarso - Para nós, todos os adversários são perigosos, no primeiro ou no segundo turno. A mídia está inflando uma pequena mobilidade que houve nos índices, dentro da margem de erro. É um trabalho nacional dos aliados do Fernando Henrique, há um movimento de valorização dos aliados. Para nós, quanto mais nítido for o contraste com FHC, melhor.

Agência Folha - Essa suposta tática de inflar o potencial da sua candidatura, no início da campanha, teria a intenção de criar um clima de "já ganhou"?

Tarso - O primeiro trabalho foi o do "já ganhou". Levou uma certa tranquilidade à nossa militância. Não digo passividade, mas tranquilidade. Essa mexida que houve no campo dos nossos adversários também tem o condão de alertar nossa militância. Acho muito bom, porque mobiliza.

Agência Folha - O PT busca um quarto mandato consecutivo. Isso traz um desgaste?

Tarso - Como uma prefeitura não pode resolver todos os problemas, os adversários aproveitam para outorgar à prefeitura a responsabilidade por eles. É natural que haja uma polarização maior, mais aguda. Não acho que necessariamente haja desgaste.

Agência Folha - O governo estadual (de Olívio Dutra, também do PT) ajuda ou prejudica a campanha?

Tarso - Não ajuda nem prejudica. As dificuldades que a administração enfrenta evidentemente são exploradas pelos adversários. De outra parte tem o aspecto positivo. O governo do Estado está aplicando seu programa, embora ainda em termos iniciais, mostrando as mudanças que está fazendo. Isso também ajuda.

Agência Folha - A campanha do PDT trata a permanência do PT no poder como "ditadura". Como o sr. vê isso?

Tarso - É um ataque político normal, mas de baixa qualidade.

Agência Folha - O sr. formou um conselho político com personalidades de vários segmentos. Isso não trouxe desgosto ao partido?

Tarso - O conselho político é uma demonstração da amplitude da nossa proposta e do alcance da hegemonia que temos na cidade. Dentro do PT não há nenhuma divergência sobre a necessidade do conselho e sua importância.

Agência Folha - Os adversários dizem que o sr., se vitorioso, não completaria o mandato. Querem que registre o compromisso em cartório. O sr. já está pensando em outros projetos?

Tarso - Os meus adversários têm de tratar de suas questões de insegurança dentro dos seus partidos. Sou candidato à Prefeitura de Porto Alegre e meu objetivo é cumprir quatro anos de mandato.

Agência Folha - Por que o senhor tem faltado a alguns debates?

Tarso - Vou aos que eu posso. Cada candidato tem sua agenda.

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