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24/11/2004
-
20h31
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O delegado Wagner Pinto, que preside o inquérito sobre a chacina de cinco sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Felisburgo (MG), já considera o fazendeiro Adriano Chafik Luedy "autor intelectual e autor direto" do crime. Ou seja, além de planejar a chacina, o fazendeiro teria também participado dela.
O fazendeiro será indiciado por homicídio qualificado e tentativa de homicídio, conforme afirmou ontem o delegado na cidade mineira do Vale do Jequitinhonha, de onde comanda as investigações. O crime de homicídio qualificado prevê pena de 12 a 30 anos de reclusão, multiplicado pelo número de mortos.
Sem revelar detalhes, Pinto afirmou que já ter a "confirmação da participação" de Luedy, de Calixto Luedy Filho --um ex-policial sobrinho do fazendeiro-- e de outro homem que teria contratado os pistoleiros.
"Nós já chegamos a individualizar a participação do Adriano Chafik Luedy, o proprietário da fazenda, o Calixto Luedy [Filho], seu parente, e também do Hamilton Santos, vulgo 'Baiano'. Já arrecadamos o arsenal [usado no crime], o que robustece ainda mais a [possibilidade de] participação dos referidos indivíduos", afirmou.
Ele acrescentou: "Conforme os levantamentos, as informações das testemunhas e as demais provas dos autos, nós temos a confirmação da participação desses indivíduos mencionados".
Os três estão foragidos. A reportagem não conseguiu localizar Chafik Luedy em sua residência em Itabuna (BA). Ninguém atendeu ao telefone.
O delegado disse que, no conjunto, está caracterizado "o crime de mando, com autoria intelectual e autoria direta do senhor Adriano". "Então caracteriza o crime de homicídio qualificado com cinco vítimas e também tentativa de homicídio em relação a diversas outras vítimas feridas."
No último sábado, entre dez e 15 homens entraram no acampamento do MST, por volta das 12h, e atiraram contra os sem-terra. Além dos mortos, 13 pessoas foram feridas. Os homens ainda atearam fogo no acampamento.
Para reunir os sem-terra e, assim, facilitar a ação, os pistoleiros usaram um método das lideranças do MST, que é o de soltar fogos de artifício para reunir o grupo sem-terra. Isso facilitou a ação dos pistoleiros.
Na noite do mesmo dia, três suspeitos de terem participado da chacina foram presos, mas negaram envolvimento. A Justiça expediu mandados de prisão temporária para mais oito pessoas, que estão sendo procuradas.
O fazendeiro Luedy é uma delas. Ele vive na Bahia, onde possui, segundo a polícia, outras propriedades. A Polícia Federal está a cargo de tentar prendê-lo fora de Minas Gerais. As cidades baianas de Salvador e Itabuna estão na rota da PF.
A camionete de Luedy (que teria sido usada na fuga), o fato de ele ter sido visto na região do crime no dia da chacina, a vasta munição encontrada na sede da fazenda Nova Alegria e as 12 armas encontradas anteontem em um matagal, com a ajuda do gerente da propriedade, Sebastião Cardoso, seriam algumas provas.
As escopetas, carabinas e revólveres encontrados serão periciados a partir de hoje. Os laudos podem ser divulgados no final de semana. O gerente foi liberado, mas continua sendo investigado.
Cerca de 300 sem-terra voltaram para o acampamento, já que têm permissão da Justiça para se manter nas terras anexas à fazenda Nova Alegria, suspeitas de serem devolutas, conforme alega o governo de Minas Gerais.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre acampamentos sem-terra
Leia o que já foi publicado sobre chacinas
Leia o que já foi publicado sobre o MST
Fazendeiro será indiciado por homicídio qualificado por chacina de sem-terra
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da Agência Folha, em Belo Horizonte
O delegado Wagner Pinto, que preside o inquérito sobre a chacina de cinco sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Felisburgo (MG), já considera o fazendeiro Adriano Chafik Luedy "autor intelectual e autor direto" do crime. Ou seja, além de planejar a chacina, o fazendeiro teria também participado dela.
O fazendeiro será indiciado por homicídio qualificado e tentativa de homicídio, conforme afirmou ontem o delegado na cidade mineira do Vale do Jequitinhonha, de onde comanda as investigações. O crime de homicídio qualificado prevê pena de 12 a 30 anos de reclusão, multiplicado pelo número de mortos.
Sem revelar detalhes, Pinto afirmou que já ter a "confirmação da participação" de Luedy, de Calixto Luedy Filho --um ex-policial sobrinho do fazendeiro-- e de outro homem que teria contratado os pistoleiros.
"Nós já chegamos a individualizar a participação do Adriano Chafik Luedy, o proprietário da fazenda, o Calixto Luedy [Filho], seu parente, e também do Hamilton Santos, vulgo 'Baiano'. Já arrecadamos o arsenal [usado no crime], o que robustece ainda mais a [possibilidade de] participação dos referidos indivíduos", afirmou.
Ele acrescentou: "Conforme os levantamentos, as informações das testemunhas e as demais provas dos autos, nós temos a confirmação da participação desses indivíduos mencionados".
Os três estão foragidos. A reportagem não conseguiu localizar Chafik Luedy em sua residência em Itabuna (BA). Ninguém atendeu ao telefone.
O delegado disse que, no conjunto, está caracterizado "o crime de mando, com autoria intelectual e autoria direta do senhor Adriano". "Então caracteriza o crime de homicídio qualificado com cinco vítimas e também tentativa de homicídio em relação a diversas outras vítimas feridas."
No último sábado, entre dez e 15 homens entraram no acampamento do MST, por volta das 12h, e atiraram contra os sem-terra. Além dos mortos, 13 pessoas foram feridas. Os homens ainda atearam fogo no acampamento.
Para reunir os sem-terra e, assim, facilitar a ação, os pistoleiros usaram um método das lideranças do MST, que é o de soltar fogos de artifício para reunir o grupo sem-terra. Isso facilitou a ação dos pistoleiros.
Na noite do mesmo dia, três suspeitos de terem participado da chacina foram presos, mas negaram envolvimento. A Justiça expediu mandados de prisão temporária para mais oito pessoas, que estão sendo procuradas.
O fazendeiro Luedy é uma delas. Ele vive na Bahia, onde possui, segundo a polícia, outras propriedades. A Polícia Federal está a cargo de tentar prendê-lo fora de Minas Gerais. As cidades baianas de Salvador e Itabuna estão na rota da PF.
A camionete de Luedy (que teria sido usada na fuga), o fato de ele ter sido visto na região do crime no dia da chacina, a vasta munição encontrada na sede da fazenda Nova Alegria e as 12 armas encontradas anteontem em um matagal, com a ajuda do gerente da propriedade, Sebastião Cardoso, seriam algumas provas.
As escopetas, carabinas e revólveres encontrados serão periciados a partir de hoje. Os laudos podem ser divulgados no final de semana. O gerente foi liberado, mas continua sendo investigado.
Cerca de 300 sem-terra voltaram para o acampamento, já que têm permissão da Justiça para se manter nas terras anexas à fazenda Nova Alegria, suspeitas de serem devolutas, conforme alega o governo de Minas Gerais.
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