Publicidade
Publicidade
26/11/2004
-
20h33
KÁTIA BRASIL
JOSÉ EDUARDO RONDON
da Agência Folha, em Nova Canaã (RO) e SP
A Justiça Federal proibiu a Caixa Econômica Federal de prosseguir com a coleta de diamantes da reserva indígena Roosevelt, em Rondônia, que estava sendo realizada após medida provisória editada pelo governo no último dia 23.
Pela MP 225/2004, o governo federal havia autorizado a CEF a coletar os diamantes brutos extraídos pelos índios cintas-largas no garimpo da reserva. As pedras coletadas seriam avaliadas por técnicos e vendidas em leilões públicos, com o dinheiro arrecadado sendo repassado aos índios como pessoas físicas.
O juiz federal Mark Yshida Brandão, da 2ª Vara Federal de Rondônia, determinou anteontem que "seja imediatamente interrompida a arrecadação de diamantes pela Caixa Econômica Federal" até o julgamento final de ação proposta pela Procuradoria da República. A coleta já havia começado na comunidade de Nova Canaã, a 700 km de Porto Velho.
O magistrado ordenou que a Polícia Federal não dê suporte à arrecadação de diamantes, fixando multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento da determinação.
Para o juiz, ao conceder legalidade aos diamantes extraídos da reserva indígena, "a medida provisória extrapola a competência legislativa do Congresso Nacional" e "procura dar um manto de legalidade a produtos originários de atividades ilícitas".
O gerente da CEF responsável pela coleta de diamantes em Nova Canaã, Pedro da Costa, declarou que a decisão da Justiça Federal "interrompe o trabalho em um momento em que nós [funcionários da CEF] começávamos a ganhar a confiança dos cintas-largas".
Na terça-feira, um cacique cinta-larga foi o primeiro indígena a entregar diamantes retirados do garimpo da reserva Roosevelt aos funcionários da CEF.
A "agência" foi montada dentro de contêineres de 25 m2, armados em um campo de futebol. O contato dos índios com a CEF estava sendo intermediado pela Funai (Fundação Nacional do Índio).
Após tomar conhecimento da decisão da Justiça, os cinco funcionários da CEF que estavam na "agência" em Nova Canaã (a 3 km do limite da reserva Roosevelt) deixaram o local. Costa disse esperar que o governo federal recorra da decisão do magistrado de Rondônia.
O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) disse ontem que o governo vai defender a medida provisória. "A Advocacia Geral da União vai contestar essa liminar [da Justiça Federal de Rondônia]. A situação no Roosevelt precisa sempre ser olhada com muita atenção. Acho que a medida provisória é adequada para dar solução naqueles problemas."
Ontem, mais dois caciques foram à "agência", mas só um entregou diamantes. Uma das pedras tinha cinco quilates, a maior coletada durante o trabalho.
A ação de arrecadação dos diamantes faz parte da Operação Roosevelt, da PF, que visa também paralisar o garimpo ilegal e o contrabando de diamantes. Durante a operação, 60 policiais, sendo agentes da PF, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar de Rondônia estavam na região de Nova Canaã.
Colaborou HUDSON CORRÊA, da Agência Folha, em Dourados (MS)
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a reserva Roosovelt
Leia o que já foi publicado sobre extração de diamantes
Justiça proíbe recolhimento de diamantes em reserva indígena em RO
Publicidade
JOSÉ EDUARDO RONDON
da Agência Folha, em Nova Canaã (RO) e SP
A Justiça Federal proibiu a Caixa Econômica Federal de prosseguir com a coleta de diamantes da reserva indígena Roosevelt, em Rondônia, que estava sendo realizada após medida provisória editada pelo governo no último dia 23.
Pela MP 225/2004, o governo federal havia autorizado a CEF a coletar os diamantes brutos extraídos pelos índios cintas-largas no garimpo da reserva. As pedras coletadas seriam avaliadas por técnicos e vendidas em leilões públicos, com o dinheiro arrecadado sendo repassado aos índios como pessoas físicas.
O juiz federal Mark Yshida Brandão, da 2ª Vara Federal de Rondônia, determinou anteontem que "seja imediatamente interrompida a arrecadação de diamantes pela Caixa Econômica Federal" até o julgamento final de ação proposta pela Procuradoria da República. A coleta já havia começado na comunidade de Nova Canaã, a 700 km de Porto Velho.
O magistrado ordenou que a Polícia Federal não dê suporte à arrecadação de diamantes, fixando multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento da determinação.
Para o juiz, ao conceder legalidade aos diamantes extraídos da reserva indígena, "a medida provisória extrapola a competência legislativa do Congresso Nacional" e "procura dar um manto de legalidade a produtos originários de atividades ilícitas".
O gerente da CEF responsável pela coleta de diamantes em Nova Canaã, Pedro da Costa, declarou que a decisão da Justiça Federal "interrompe o trabalho em um momento em que nós [funcionários da CEF] começávamos a ganhar a confiança dos cintas-largas".
Na terça-feira, um cacique cinta-larga foi o primeiro indígena a entregar diamantes retirados do garimpo da reserva Roosevelt aos funcionários da CEF.
A "agência" foi montada dentro de contêineres de 25 m
Após tomar conhecimento da decisão da Justiça, os cinco funcionários da CEF que estavam na "agência" em Nova Canaã (a 3 km do limite da reserva Roosevelt) deixaram o local. Costa disse esperar que o governo federal recorra da decisão do magistrado de Rondônia.
O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) disse ontem que o governo vai defender a medida provisória. "A Advocacia Geral da União vai contestar essa liminar [da Justiça Federal de Rondônia]. A situação no Roosevelt precisa sempre ser olhada com muita atenção. Acho que a medida provisória é adequada para dar solução naqueles problemas."
Ontem, mais dois caciques foram à "agência", mas só um entregou diamantes. Uma das pedras tinha cinco quilates, a maior coletada durante o trabalho.
A ação de arrecadação dos diamantes faz parte da Operação Roosevelt, da PF, que visa também paralisar o garimpo ilegal e o contrabando de diamantes. Durante a operação, 60 policiais, sendo agentes da PF, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar de Rondônia estavam na região de Nova Canaã.
Colaborou HUDSON CORRÊA, da Agência Folha, em Dourados (MS)
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice