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11/12/2004
-
09h15
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo
Para tentar impedir a quebra do sigilo bancário na Suíça, Lígia, filha de Paulo Maluf (PP), e o marido dela, Maurílio Curi, enviaram para um banco em Genebra cópia de uma sentença judicial de 2001 favorável ao ex-prefeito. A reprodução encaminhada não contém a assinatura da juíza nem o carimbo oficial da Justiça.
O documento retornou ao Brasil no início deste ano, após a Suíça solicitar aos bancos daquele país cópias dos papéis relacionados à família do ex-prefeito, e hoje faz parte do processo movido contra os Maluf por suposta evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A decisão original de 2001 (com assinatura e carimbo) está no processo penal aberto contra Maluf e outros acusados de supostas ilegalidades no pagamento de precatórios (dívidas judiciais).
Na sentença, de 31 de outubro de 2001, a juíza afastada Adriana Pileggi de Soveral decretou o fim da punibilidade de Maluf e o excluiu do processo. A lei brasileira reduz pela metade o prazo da prescrição para quem tem mais de 70 anos (Maluf tem 73).
Segundo indicam os documentos, Maurílio Curi teve acesso privilegiado à decisão e remeteu uma cópia ao advogado Alfred Fasler --que é o procurador dele e de Lígia na fundação Abutera, com conta bancária na Suíça.
Na carta, Curi escreveu: "Amigo alemão. Como você pode ver ganhamos tudo na Justiça do Brasil. Se fez [sic] justiça como esperado por aqui. Daqui para frente não teremos nenhum problema com referência a processos cíveis ou criminais. Veja em anexo o que aconteceu no dias 31/10 e 01/ 11".
31 de outubro é a data da decisão da juíza Soveral. No dia 1º de novembro, Curi anexou duas cópias de jornais que divulgaram a sentença.
Além da Abutera Foundation, Lígia foi citada pela Justiça suíça como a beneficiária das fundações Alyka (sucessora da Línea-Li) e da empresa Lindsay Limited.
No total, o Ministério Público acusa os Maluf de terem movimentado US$ 446 milhões na Suíça. O dinheiro, segundo o órgão, tem origem no desvio de verba pública no período em que Maluf foi prefeito de São Paulo (1993-1996). Maluf nega as acusações e diz ser vítima de perseguição.
Em 2003, a Justiça Federal afastou a juíza Soveral do caso Maluf. Na Operação Anaconda, que investiga venda de sentenças, foram encontradas decisões dela em branco. Neste ano, foi afastada por uso irregular de placas frias.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Paulo Maluf
Caso Maluf teve sentença não assinada
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da Folha de S.Paulo
Para tentar impedir a quebra do sigilo bancário na Suíça, Lígia, filha de Paulo Maluf (PP), e o marido dela, Maurílio Curi, enviaram para um banco em Genebra cópia de uma sentença judicial de 2001 favorável ao ex-prefeito. A reprodução encaminhada não contém a assinatura da juíza nem o carimbo oficial da Justiça.
O documento retornou ao Brasil no início deste ano, após a Suíça solicitar aos bancos daquele país cópias dos papéis relacionados à família do ex-prefeito, e hoje faz parte do processo movido contra os Maluf por suposta evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A decisão original de 2001 (com assinatura e carimbo) está no processo penal aberto contra Maluf e outros acusados de supostas ilegalidades no pagamento de precatórios (dívidas judiciais).
Na sentença, de 31 de outubro de 2001, a juíza afastada Adriana Pileggi de Soveral decretou o fim da punibilidade de Maluf e o excluiu do processo. A lei brasileira reduz pela metade o prazo da prescrição para quem tem mais de 70 anos (Maluf tem 73).
Segundo indicam os documentos, Maurílio Curi teve acesso privilegiado à decisão e remeteu uma cópia ao advogado Alfred Fasler --que é o procurador dele e de Lígia na fundação Abutera, com conta bancária na Suíça.
Na carta, Curi escreveu: "Amigo alemão. Como você pode ver ganhamos tudo na Justiça do Brasil. Se fez [sic] justiça como esperado por aqui. Daqui para frente não teremos nenhum problema com referência a processos cíveis ou criminais. Veja em anexo o que aconteceu no dias 31/10 e 01/ 11".
31 de outubro é a data da decisão da juíza Soveral. No dia 1º de novembro, Curi anexou duas cópias de jornais que divulgaram a sentença.
Além da Abutera Foundation, Lígia foi citada pela Justiça suíça como a beneficiária das fundações Alyka (sucessora da Línea-Li) e da empresa Lindsay Limited.
No total, o Ministério Público acusa os Maluf de terem movimentado US$ 446 milhões na Suíça. O dinheiro, segundo o órgão, tem origem no desvio de verba pública no período em que Maluf foi prefeito de São Paulo (1993-1996). Maluf nega as acusações e diz ser vítima de perseguição.
Em 2003, a Justiça Federal afastou a juíza Soveral do caso Maluf. Na Operação Anaconda, que investiga venda de sentenças, foram encontradas decisões dela em branco. Neste ano, foi afastada por uso irregular de placas frias.
Especial
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