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Deputados usam tribuna da Câmara do DF para negar envolvimento em corrupção
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MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
Sem provas, cinco dos oito deputados distritais investigados por suposta participação em um esquema de corrupção no GDF (Governo do Distrito Federal) usaram a tribuna da Câmara Legislativa nesta quarta-feira para negar envolvimento em qualquer irregularidade ou desvio de recursos públicos.
Os distritais disseram que não fazem ideia de como foram envolvidos nas denúncias e sustentaram que não conhecem Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda.
Barbosa é o responsável pela divulgação do suposto esquema de arrecadação de pagamento de propina do governador José Roberto Arruda (DEM) para parlamentares aliados. Após as denúncias, a Mesa Diretora decidiu abrir processo por quebra de decoro parlamentar contra todos citados.
Nenhum parlamentar fez referência a Arruda. Na sessão, os distritais votaram três projetos a toque de caixa: liberação de um crédito suplementar de R$ 46,8 milhões para o pagamento de funcionários do GDF, reajuste de servidores da área de saúde e criação de conselhos tutelares.
Essa foi a primeira reunião de votação da Casa após a operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que vasculhou a residência oficial de Arruda, gabinetes e casas de deputados distritais e secretários de governo, além de empresários.
Na semana passada, com a presença de estudantes que protestavam contra a permanência de Arruda no cargo, o plenário da Câmara apenas leu pedidos de afastamento contra o governador.
Explicações
A líder do governo, Eurides Britto (PMDB), afirmou que desobedecia a orientação de seus advogados, mas resolveu falar para dizer que as denúncias podem ter surgido por causa da disputa eleitoral de 2010. "Muita coisa boa e nojenta na vida parlamentar existem", afirmou.
O deputado Aylton Gomes (PMN) disse que coloca à disposição seu sigilo bancário e fiscal e lamentou ter sido envolvido nas denúncias. "Não sabia da existência daquele moço [Durval]. Não participei, não estava presente em nenhuma conversa, nenhum esquema. Pode quebrar meu sigilo bancário, fiscal e telefônico. Ainda não sei porque, mas vou descobrir porque meu nome foi citado", disse.
O peemedebista Roney Nemer afirmou que não teme ser julgado. "Queria mostrar minha indignação. Eu tenho uma tranquilidade muito grande. Sempre tive vários cargos e nunca me envolvi em corrupção nenhuma. Fui secretário de obras por anos e tenho minha consciência tranquila. Fui envolvido nessa história por uma conversa leviana, que leva uma pessoa a essa situação. Está tudo a disposição para a Polícia Federal e ao Ministério Público. Quero ser julgado",afirmou.
O deputado Benedito domingos (PP) disse que não faz sentido estar envolvido nas denúncias porque ele empobreceu com a política. "Estava ansioso para que essa Casa retomasse seus trâmites normais. A gente até passa a correr risco porque o povo acha que a gente está milionário, mas eu sou um político que empobreceu na política", disse.
O deputado Rogério Ulysses (PSB) anunciou que vai reassumir o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) --que tinha deixado com as denúncias-- e atacou Barbosa.
"Queria ter essa oportunidade de explicar que não há, não houve, nem haverá nenhum vídeo gravado por esse cidadão desqualificado em que eu apareça. Nunca tive oportunidade de me sentar com esse homem. Meu nome foi mencionado sim, em uma conversa covarde, descontextualizada. Um submundo da política que eu nunca presenciei, nunca participei", disse.
O deputado Benício Tavares (PMDB) compareceu a sessão, mas não se fez o uso da palavra. Os deputados Leonardo Prudente (DEM) e Júnior Brunelli (PSC) estão de licença.
O deputado Alírio Neto (PPS), que deixou a secretaria de Justiça de Arruda para reassumir a vaga na Casa, saiu em defesa dos colegas. Ele não é investigado. "Minha experiência policial diz que todos os fatos sempre têm três versões: o que se comenta, a acusação e o fato real. Todo ser humano merece direito de defesa", disse.
A oposição reagiu e cobrou investigação. "Essa Casa tem que fazer valer o poder que tem e passar a limpo a investigação em torno do governador", disse a deputada Erika Kokay (PT).
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