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30/12/2004 - 09h38

Exército nega ter arquivos sobre Araguaia

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EDUARDO SCOLESE
da Folha de S. Paulo, em Brasília

O comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, 67, declarou ontem que o comando da Força "deseja" e "colabora" para que os restos mortais dos assassinados e desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985) sejam localizados pelo governo federal.

"Estejam certos de uma coisa. Nós, como qualquer cidadão, como qualquer criatura humana, desejamos que todos encontrem os restos mortais de seus parentes. Isso é humano. Quem de nós não deseja ter? Nós colaboramos, sempre colaboramos e desejamos que isso realmente aconteça."

E, pela primeira vez de forma pública e oficial, o comandante do Exército afirmou que a Força não possui em suas unidades documentos referentes à guerrilha do Araguaia --movimento do PC do B que atuou na divisa dos Estados de Tocantins (na época, Goiás), Pará e Maranhão de 1972 a 1975.

Os conflitos com as Forças Armadas começaram em 1972, mas somente três anos depois o foco guerrilheiro foi completamente destruído. "Existem documentos do passado que mostram que realmente não há mais essa documentação. E existem outros lugares [Abin, por exemplo] onde essa documentação existe e está com quantidade suficiente para se fazerem as análises que se deseja", disse o general em entrevista no quartel do 32º Grupo de Artilharia de Campanha do Exército.

Essas foram as primeiras declarações de Albuquerque desde que ele se tornou pivô da demissão de José Viegas Filho do Ministério da Defesa. No final de outubro, após o Exército ter publicado nota na qual justificava as ações repressivas da ditadura, Viegas pediu a demissão de Albuquerque ao presidente Lula, que deu o caso como encerrado após a Força ter publicado uma nota de retratação. Viegas então pediu demissão.

Ontem, depois de acompanhar a visita de Lula ao quartel, Albuquerque disse que não há resistências no Exército em relação ao trabalho da recém-criada Comissão de Averiguação e Análise de Informações do governo federal. "Inexiste. Nunca houve resistência por parte do Exército. Não há resistência. Estamos com o governo, o governo nos orienta. E atendemos a toda orientação legal, a toda orientação que vier."

Questionado se o Exército está promovendo um levantamento em suas unidades para que os documentos da ditadura sejam entregues à comissão, ele disse: "Estamos trabalhando de acordo com o que estabelece a lei, com a nossa documentação toda à disposição. Então, quando for possível realmente mostrar à imprensa e à sociedade, vocês irão ver que não há com o que se preocupar".

Sobre os atritos ocorridos em 2004 entre as Forças Armadas e o Executivo, entre os quais as negociações em torno do reajuste salarial para os militares, o comandante do Exército disse que é preciso "olhar sempre pra frente". Para 2005, está prometido o pagamento da segunda parcela de reajuste aos militares: a proposta é de 10% em 2004 (paga em setembro) e de 23% até março de 2005.

"O passado é passado. Temos de olhar sempre pra frente. Como eu digo, as expectativas são excelentes, fantásticas. E tenho certeza que inclusive os nossos anseios serão analisados com carinho pelos responsáveis, pelos nossos chefes. E a minha esperança em todas as áreas é muito positiva."

Especial
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