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22/01/2005 - 09h25

Lula elogia "amigos do MST" em área invadida na Bahia

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LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Eunápolis

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem discurso favorável ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) dentro de uma área federal invadida há dois anos por cerca de 850 famílias (3.500 pessoas) de agricultores, no extremo sul da Bahia. No pronunciamento, Lula deixou implícito que a sua "popularidade" advém dos contatos mantidos com os movimentos sindicais e outras organizações sociais.

"A minha relação com o movimento sindical, com os trabalhadores deste país, com a parte pobre da sociedade, não é eventual, não é ocasional. É uma coisa de vida e de origem", disse o presidente, em cima de um palanque improvisado dentro do acampamento que leva o seu nome, em Eunápolis (633 km de Salvador).

Lula chegou de helicóptero às 15h30 --o avião desceu numa área da Veracel Celulose S.A., onde o presidente fez um discurso. Em abril de 2004, os sem-terra, que já estavam na área visitada ontem, atravessaram a pista e invadiram terreno da empresa.

Por cinco dias, 3.000 famílias (12 mil pessoas) devastaram plantação de 25 hectares de eucaliptos. No lugar, plantaram milho, feijão e mandioca. Após um acordo com o governo baiano e com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), os agricultores retornaram à antiga área. À época, o presidente da Veracel, Vitor Costa, criticou os sem-terra e disse que a invasão mancharia a imagem do Brasil perante investidores estrangeiros.

Principal líder do MST baiano, o deputado estadual Walmir Assunção (PT) disse que a escolha do nome para "batizar" a área é homenagem à história de Lula.

Muito aplaudido por cerca de 200 trabalhadores rurais, Lula prometeu transferir os invasores para um assentamento até julho. "Quando recebi o convite para vir aqui, pedi para o presidente do Incra (Rolf Hackbart) que assumisse o compromisso de regularizar a situação de vocês. Quero voltar aqui para a gente comemorar a conquista da cidadania."

Lula também disse aos sem-terra que o governo está disposto a fazer um "pacote cidadania" aos menos favorecidos.

Amigos

Em seu discurso, Lula declarou ter consciência da importância do MST para a história política do Brasil. "É muito importante ter essa relação de amizade porque eu sei de onde vim, eu sei quem são os meus amigos, eu sei quem são os meus amigos de ontem, hoje e sempre, eu sei quem são os meus amigos eventuais, eu sei quem são os oportunistas (...). E tenho consciência do que representa o MST para a história do povo trabalhador brasileiro e para a história política deste país."

Em seguida, outro elogio aos sem-terra. "Não faço questão de esconder isso (a importância do MST) de ninguém, que o MST é um dos movimentos mais sérios e mais respeitados deste país. Digo isso porque o fato de estarem acampados aqui não é culpa de vocês, é de uma estrutura."

Lula disse que assina todos os dias cerca de dez desapropriações. "Mas, no mesmo dia, sou obrigado a assinar dez recursos no STF, porque os proprietários entram com recursos, dizendo que o Incra não fez a vistoria."

O presidente afirmou que recebeu do governo anterior o Incra "desmontado, assim como a universidade brasileira".
Lula, que novamente usou um boné do MST, demorou cerca de 15 minutos para deixar o acampamento após o discurso --encostado à cerca, abraçou, segurou e beijou crianças e deu autógrafos até em fraldas. Antes de retornar ao helicóptero, em uma rápida entrevista, Lula disse que vai cumprir a meta estabelecida para a reforma agrária.

Sobre o que achou do novo avião presidencial, o AeroLula, que o levou até a Bahia, disse: "Muito bom, muito bom".

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