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29/01/2005 - 09h50

Lula critica os EUA e cobra vaga no conselho da ONU

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LEONARDO SOUZA
do enviado especial da Folha de S.Paulo a Davos

Em uma crítica aos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu a iniciativa americana de abrir guerra contra o Iraque a uma estrutura que considera obsoleta da ONU (Organização das Nações Unidas).

Em discurso ontem no Fórum Econômico Mundial, Lula voltou a cobrar participação permanente do Brasil e de outros países no Conselho de Segurança da ONU. "Nós almejamos efetivamente democratizar as Nações Unidas, porque, se a ONU fosse mais democratizada e mais países estivessem no Conselho de Segurança, certamente a gente não teria tido a Guerra do Iraque como tivemos por decisão unilateral de um país", disse o presidente.

Nos aproximadamente 20 minutos de sua mensagem, Lula tirou aplausos da platéia várias vezes quando falou sobre temas ligados ao combate à fome e à pobreza. O mesmo não aconteceu após a crítica aos EUA. Os presentes ficaram em silêncio, entre os quais os ministros Antônio Palocci Filho (Fazenda), Celso Amorim (Relações Exteriores), José Dirceu (Casa Civil), Eunício Oliveira (Comunicações) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).

Lula disse que "não dá para a instituição Nações Unidas" manter até hoje a mesma forma de funcionamento estabelecida no pós-guerra. "Já se passaram 60 anos, tudo mudou, também as Nações Unidas têm de mudar nas suas organizações e no seu centro de decisões."

As declarações sobre a ONU foram em resposta à pergunta do presidente e fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, sobre o que Lula gostaria de apresentar como conquista positiva de seu governo se voltasse a Davos em dois anos. Em tom de brincadeira, Lula disse que só voltaria se tivesse boas notícias. "As más notícias vocês ficarão sabendo pela imprensa".

Bastante requisitado por outros chefes de Estado em Davos, o presidente tinha pré-agendado, até a semana passada 13 encontros com empresários, executivos e chefes de Estado. O premiê alemão, Gerard Schroeder, decidiu permanecer mais tempo na cidade para se encontrar ontem com Lula. O encontro entre os dois foi pedido pelo chanceler alemão.

Em entrevista a um canal de televisão brasileira, o líder da banda irlandesa U2, Bono Vox, elogiou Lula. Disse que ele era um grande líder e que teve importante papel na mudança de foco do fórum, que passou a dar muito mais atenção ao combate a pobreza depois que Lula trouxe o tema para discussão em 2003. Leia os principais pontos do discurso do presidente:

ONU E IRAQUE - "Agora nós almejamos efetivamente democratizar as Nações Unidas, porque, se a ONU fosse mais democratizada e mais países estivessem no Conselho de Segurança, certamente a gente não teria tido a Guerra do Iraque como tivemos, por decisão unilateral de um país. [...] Não dá para a instituição Nações Unidas ficar funcionando como foi organizada no pós-guerra. Já se passaram 60 anos, tudo mudou, também as Nações Unidas têm de mudar nas suas organizações e no seu centro de decisões."

FOME - "Há muitos anos eu me convenci de que, se nós não transformássemos o problema da miséria e da fome num problema político, não haveria solução. Nós teríamos empresários colaborando, governante fazendo medidas, igreja colaborando, mas não haveria mudanças estruturais."

INSERÇÃO DO BRASIL NO MUNDO - "Tomamos uma decisão de criar uma espécie de nova geografia. Não era arrogância, eu percebia uma coisa que tinha previsto no sindicato. Se você tem um adversário ou um negociador muito forte, não adianta você se lamentar para ele, você tem que ter força para negociar com ele. Então o que eu fiz foi tentar constituir um bloco que representasse, no seu conjunto, parte da força da União Européia, parte das forças dos Estados Unidos, para que a gente pudesse negociar. Acho que nós avançamos muito, aumentou a relação de respeito entre os países. Aqueles que tinham medo de mim passaram a me respeitar, aqueles de quem não gostava passei a respeitar como governante, como chefe de Estado."

MERCOSUL - "Tivemos uma coisa muito importante que foi o processo de recuperação do Mercosul. Alguns falavam que o Mercosul ia acabar. Hoje o Mercosul está mais vigoroso e mais importante. Todos os países da América do Sul e até a comunidade andina participam do Mercosul."

OTIMISMO - "Vim de Porto Alegre mais otimista, com muito mais certeza de que o Brasil não jogará fora esta oportunidade que o momento histórico e político lhe deu, que o Brasil vai continuar crescendo, vai continuar gerando emprego, vai fazer com que haja aumento da massa salarial, vai continuar distribuindo renda."

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