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11/02/2005 - 09h47

Relatório da PF pede mais investigação sobre a Caixa

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IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A Polícia Federal encaminhou um relatório ao Ministério da Justiça com o objetivo de subsidiar o governo diante de previsíveis críticas no aniversário de um ano do caso Waldomiro Diniz, a ser completado no domingo.

O documento, obtido pela Folha, frisa que a PF vai aprofundar a investigação a respeito da renovação de contrato entre a Caixa Econômica Federal e a multinacional GTech do Brasil.

Ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz pediu demissão após a divulgação de uma fita na qual ele aparece pedindo propina a um empresário do jogo do bicho.

O documento foi entregue pelo diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, ao secretário-executivo do ministério, Luiz Paulo Teles Barreto, antes do Carnaval. O relatório informa que a PF abandonou por ora a criação de uma força-tarefa para investigar o caso, após o inquérito ter sido devolvido duas vezes pela Justiça.

O texto não traz detalhes das novas investigações sobre a Caixa e a GTech. Diz que o procurador José Robalinho "requisitou uma série de diligências à PF destinadas a elucidar o caso CEF/GTech". Em outra passagem, resume que as "investigações complementares" estão sob segredo de Justiça.

Ao encerrar o inquérito em dezembro, o delegado Antonio César Nunes indiciou Waldomiro por tráfico de influência e corrupção. O Ministério Público quer que a PF indique quem sofreu a influência: se executivos da GTech ou diretores da Caixa.

O Ministério da Justiça deve encaminhar ao Palácio do Planalto o relatório da PF, com algumas modificações. A equipe do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) deve acrescentar análises políticas e jurídicas sobre cada desdobramento do caso, antes de repassar o documento ao presidente.

O relatório aponta as diversas frentes de investigação sobre o caso. Ao todo, há três inquéritos abertos: um sobre a atuação de Waldomiro na renegociação entre a Caixa e a GTech; outro a respeito de seu trabalho na Casa Civil; e o terceiro para investigar superfaturamento feito pela Caixa de notas fiscais da Confederal, empresa do ministro Eunício Oliveira (Comunicações).

O dinheiro obtido com o superfaturamento teria sido usado na compra de equipamentos de escuta telefônica.

De acordo com o relatório da PF, o delegado Nunes foi afastado devido a "divergência de opinião" e "desgaste no relacionamento" com o Ministério Público. Para seu lugar foi nomeado Nilton Souza Siqueira --mais reservado e avesso a entrevistas. Oficialmente, a PF informara que Nunes se afastou para assumir um cargo de chefia na Bahia.

O aniversário de um ano do caso Waldomiro Diniz incomoda à cúpula da PF, que considerou o inquérito superficial, e ao PT, que adiou a festa de seus 25 anos de fundação, ocorrida oficialmente ontem, para março.

Considerada a mais grave crise política do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a suspeita sobre Waldomiro também minou o poder do ministro José Dirceu (Casa Civil) como articulador do Planalto.

História

No dia 13 de fevereiro de 2004, a revista "Época" divulgou uma fita de vídeo que mostrava Waldomiro conversando com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. No diálogo, o ex-assessor do Planalto pedia 1% de propina. A verba iria auxiliar a campanha dos candidatos a governador Rosinha Matheus (PMDB) e Benedita da Silva (PT), do Rio de Janeiro, e Geraldo Magela (PT), no Distrito Federal. Os três negam ter recebido dinheiro.

A pedido do Ministério da Justiça, a PF abriu inquérito para apurar o caso e tomou depoimentos que apontavam a interferência de Waldomiro na negociação comercial Caixa-GTech. Segundo as investigações, ele teria exigido a contratação do consultor Rogério Buratti pela GTech para que o contrato fosse renovado. Buratti foi secretário de Governo do ministro Antonio Palocci (Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto. Buratti nega.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o caso Waldomiro Diniz
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