Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/02/2005 - 09h11

Petistas e Severino travam primeiro embate na Câmara

Publicidade

RANIER BRAGON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Um dia depois de perder o comando da Câmara dos Deputados para o PP de Severino Cavalcanti (PE), o PT criou o primeiro embate com o novo presidente da Casa. Os petistas falaram que vão fazer valer o "peso político do partido", maior bancada da Câmara, e que não aceitarão medidas defendidas por Severino, como o aumento do salário dos deputados de R$ 12.847 para R$ 21.500.

Em resposta, Severino reafirmou que cumprirá a promessa, feita em campanha, e que os descontentes que façam uma declaração renunciando ao reajuste.

"A Câmara não pode nem vai virar sindicato de deputados. Não dá para desconsiderar o Severino, que foi eleito legitimamente, mas esse discurso de sindicato de deputado acabou", afirmou Paulo Bernardo (PT-PR), presidente da Comissão de Orçamento do Congresso. "Uma coisa é um deputado de baixo clero [de pouca expressão política] defender isso [o aumento], outra bem diferente é o presidente da Câmara falar."

Segundo o deputado Paulo Rocha (PT-PA), cotado para ser o novo líder da bancada, apesar de o PT não ter nenhum representante na Mesa Diretora da Câmara, seu tamanho o legitimará a participar das decisões da Casa.

"O PT reconhece a legitimidade da Mesa eleita, mas vai fazer valer seu peso político de maior bancada e de partido do governo. É uma distorção o maior partido não ter assento na Mesa", afirmou.

Severino respondeu imediatamente. "Esses deputados que estão preocupados com isso [o reajuste] têm que fazer uma carta renunciando aos salários [a mais]. (...) Eu prometi [o reajuste]. Quem promete tem que cumprir", afirmou.

Próximas ações

O PT reuniu ontem durante todo o dia a sua bancada de deputados federais, que repassou os erros que levaram à derrota na madrugada de anteontem, quando Severino bateu o candidato oficial do partido, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), por uma diferença de 105 votos.

O discurso foi o de que Severino precisará adotar posição diferente da que levava nos últimos anos e que o caracterizaram como um dos mais ferrenhos defensores do aumento de benefícios aos parlamentares.

"A bancada do PT, como maior partido, vai trabalhar para que a gestão dele seja uma seqüência da de João Paulo Cunha [PT-SP]", afirmou Maurício Rands (PT-PE), presidente da Comissão de Constituição e Justiça.

"Teve deputado da bancada que disse que vai agir para que o programa do eleito não se cumpra, mas acho que a Câmara vai se pautar no sentido da estabilidade do Poder", disse Arlindo Chinaglia (SP), líder da bancada.

O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), que visitou ontem Severino, disse que o governo não vai interferir no assunto. "O Poder Executivo não tem por que elaborar posição sobre matéria privativa da Câmara ou do Senado. Acho que a sociedade tem a capacidade de discernir o que é certo e o que é errado", disse. Na prática, o PT tentará influir por meio do chamado "Colégio de Líderes", que é o grupo de lideranças partidárias que, juntamente com o presidente da Câmara, tomam as principais decisões.

Além disso, a liderança do governo na Câmara, pertencente ao PT, é outro posto de influência. Hoje ocupa a função o deputado Professor Luizinho (SP), mas há rumores de que ele pode ser substituído pelo antecessor de Severino, João Paulo Cunha (SP).

Severino aproveitou uma rápida entrevista que deu no início da tarde para ressaltar que a atenção dada pelo governo aos deputados terá que ser redobrada. "Isso [minha vitória] foi um recado aos ministros. (...) Disse ao Lula que fui eleito pela grande maioria silenciosa desta Casa e que essa maioria quer deixar de ser silenciosa."

Leia mais
  • Troca-troca de partido dá ao PMDB maioria na Câmara
  • Novo presidente da Câmara defende prorrogação de mandato de Lula

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o deputado Severino Cavalcanti
  • Leia o que já foi publicado sobre o aumento dos salários dos deputados
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página