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03/03/2005 - 12h09

Pistoleiro que matou irmã Dorothy acusa Tato de tentativa de suborno

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TATHIANA BARBAR
da Folha Online

A Polícia Civil do Pará afirmou nesta quinta-feira que o pistoleiro Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, acusado pelo assassinato da missionária Dorothy Stang, 73, no último dia 12, em Anapu (PA), revelou ontem ao delegado Waldir Freire ter recebido uma proposta de R$ 10 mil para assumir sozinho a autoria do crime e inocentar Amair Feijoli da Cunha, o Tato, suposto intermediário do crime.

Segundo a polícia, Fogoió teria recebido a oferta na terça-feira. A proposta teria sido repassada por outro preso, a mando de Tato.

Os três acusados pelo assassinato da freira foram transferidos ontem de Altamira para o presídio de segurança máxima de Americano, em Santa Isabel do Pará, município próximo a Belém. De acordo com a polícia, Fogoió revelou a proposta ao delegado durante a viagem de Altamira para Belém.

A Polícia Civil informou ainda que o valor da proposta seria dividido entre Fogoió e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, outro pistoleiro acusado de envolvimento no crime, caso os dois inocentassem Tato.

Os três acusados serão ouvidos hoje novamente pelo delegado Waldir Freire.

Mandante

Acusado de ser o mandante do crime, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, negocia sua entrega --por meio de advogados-- com a cúpula da Polícia Federal.

O fazendeiro de Altamira (PA) Laudelino Délio Fernandes Neto admitiu ontem em depoimento, segundo a Polícia Civil, que Bida esteve em sua fazenda em Anapu após o crime e fez um telefonema do local.

"Eu não estava na fazenda e meu funcionário sempre deixa várias pessoas usarem o telefone. Quando vi a camionete dele parada na minha fazenda chamei a polícia", disse.

Délio responde a um processo por fraudes na extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). Ele foi citado em um depoimento feito por Fogoió.

Segundo Fogoió, Bida teria dito que usaria um avião de Délio para fugir após o assassinato. "Não tenho avião nenhum. O último avião que pousou na minha fazenda foi durante o Carnaval e foi um avião agrícola", disse Délio.

Inquérito

As polícias Federal e Civil entregaram na segunda-feira à Justiça o inquérito concluído sobre o assassinato da missionária, cumprindo o prazo penal estabelecido para o processo, que é de dez dias, a contar da data da prisão do primeiro acusado, Amair Feijoli da Cunha, o Tato. Ele se apresentou no sábado, dia 19, à Polícia Civil do Pará em Altamira.

A polícia indiciou os pistoleiros Fogoió e Eduardo como autores, Bida como mandante e Tato como intermediário do crime. Os quatro acusados foram indiciados por homicídio qualificado, segundo o delegado Waldir Freire.

Depoimento

O prefeito de Anapu, Luiz dos Reis Carvalho (PTB), prestou depoimento na terça-feira à polícia e desmentiu as acusações de envolvimento no crime.

Os acusados haviam dito à Comissão Externa do Senado, criada para acompanhar as investigações sobre a morte da missionária, e confirmado ao delegado da Polícia Civil, Waldir Freire, que o fazendeiro Bida teria dito que o prefeito de Anapu financiaria as despesas de advogados, caso eles fossem presos.

Segundo a assessoria da Polícia Civil, Luiz dos Reis Carvalho negou conhecer Fogoió, Eduardo e Tato. Já Bida o prefeito disse conhecer "de vista", segundo a polícia.

Luiz dos Reis Carvalho disse também estar sendo alvo de "calúnia" e que irá colocar seus bens à disposição da Justiça para esclarecer quaisquer dúvida. O prefeito de Anapu afirmou ainda, de acordo com a polícia, que deseja que Bida seja preso "o mais rápido possível".

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