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27/03/2005 - 09h50

Nepotismo na Câmara revela até "troca-troca"

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da Folha de S.Paulo

Os atuais líderes das bancadas do PP, José Janene, e do PMDB, José Borba, tinham até 2003 em comum o fato de serem do mesmo Estado, o Paraná, e de pertencerem ao baixo clero --deputados considerados de pouca expressão política.

Agora, sabe-se que havia algo mais que os unia --um contratou para o seu gabinete a mulher do outro, acerto que só terminou no final de agosto daquele ano.

"Isso aí faz três anos que já foi desfeito e... é aqueles pedidos que você recebe: 'Olha, vamos fazer uma troca de funcionários para...' e acabou", afirmou Janene.

Ele explicou melhor depois: "Isso aí a gente recebe pedido. 'Vamos fazer isso', até foi feito esse negócio aí. Falei: 'Ó, vamos fazer o seguinte. Tira, põe no teu nome'. Se tiver qualquer coisa, a minha trabalha comigo, a dele trabalha com ele. Você não tem que ocultar nada", contou o parlamentar.

Pedido recente

O deputado federal do PP declarou que recebeu pedido semelhante recentemente, mas não citou nomes.

"Não havia o receio [de ser tachado de nepotista]. Havia o pedido na época, como recebi um recentemente. E eu disse: 'Não adianta, bota no seu nome, ué, pra quê fazer troca?'."

O líder José Borba foi menos explicativo, acrescentando não considerar a mulher como parente, mas como "braço direito".

"Não teve nenhum motivo especial [para a troca]", afirmou, recusando o questionamento sobre nepotismo. "No caso, não é parente não, é meu braço direito", acrescentou.

Maior salário

As mulheres de Janene e de Borba recebiam o maior salário pago nos gabinetes parlamentares.

Em 1º de setembro de 2003, foram publicados os atos que transferiram a mulher de Borba para o gabinete do próprio deputado e a mulher de Janene também para o gabinete do seu marido.

"[Acabou o acerto com Borba] porque contratei diretamente no meu gabinete, ela é chefe do meu escritório em Londrina. Ela é quem cuida, faz toda a área política, social, trabalha", disse o líder do PP.

Janene afirma ter outros 19 assessores em seu gabinete que não são da sua família.

"Eu não preciso contratar parente, mas, quando a pessoa trabalha efetivamente, não há nenhum impedimento", declarou o parlamentar.

Além de Borba e Janene, a Folha identificou outros casos similares, como os dos deputados federais Manato (PDT-ES) e José Carlos Elias (PTB-ES); Bosco Costa (PSDB-SE) e Jorge Alberto (PMDB-SE).

Ao todo, 23 cônjuges de deputados foram contratados por outros gabinetes que não os do marido ou da mulher.

Entre eles, houve o caso da mulher do deputado Pastor Francisco Olímpio (PSB-PE), que trabalhou em 2003 no gabinete do então deputado, hoje licenciado, e atual ministro da Ciência de Tecnologia, Eduardo Campos.

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