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29/03/2005 - 23h21

Bida cita fazendeiros envolvidos no caso Sudam

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SILVIO NAVARRO
da Agência Folha, em Belém

Dois dos três fazendeiros citados no depoimento à Polícia Federal por Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, 73, enfrentam processos por envolvimento no caso Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).

Em seu depoimento à PF, no último domingo, embora não tenha acusado diretamente nenhum fazendeiro da região de Anapu (oeste do Estado), onde a missionária foi morta, Bida confirmou seu envolvimento com Regivaldo Galvão (conhecido como Taradão) e Délio Fernandes.

Apontado como um dos maiores proprietários de terras na região da rodovia Transamazônica, Fernandes responde a ações civil e penal sob a acusação de desvio de recursos da Sudam.

Os documentos que relatam a atuação de Délio Fernandes, Regivaldo Galvão e um terceiro fazendeiro citado por Bida, Luiz Ungaratti, compõem um arquivo de mais de 500 páginas, organizado pelo Ministério Público Federal, em Belém.

Criada para disponibilizar recursos para o desenvolvimento da região Norte, a Sudam foi extinta em fevereiro de 2001. O principal motivo que levou o governo a acabar com o órgão foi o grande número de denúncias de desvios de recursos públicos que seriam destinados para projetos de desenvolvimento. No total, o rombo nas contas da Sudam chegou perto dos R$ 2 bilhões.

Num dos casos de desvio de verbas, surge o nome do então presidente do Congresso Nacional, hoje deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA). Os processos do caso Sudam acabaram desmembrados. No caso do senador, a ação corre no STF (Supremo Tribunal Federal). O restante tramita na Justiça de Santarém, mas ainda deve ser encaminhado a Belém.

Segundo o procurador da República no Pará, Ubiratan Cazzeta, Fernandes é relacionado em pelo menos 5 de 12 ações de fraudes da Sudam na região de Altamira (777 km de Belém). Em alguns casos, seu nome aparece como destinatário final das verbas desviadas, mas, em outros, o dinheiro apenas transitava em contas bancárias de empresas ligadas a ele ou de laranjas. Numa das ações, o fazendeiro aparece como proprietário de um suposto projeto fraudulento denominado Agropecuária Pedra Roxa S/A.

Após se entregar à polícia, na região de Altamira, a cerca de 140 km de Anapu, Bida disse ter pedido ajuda a Fernandes, alguns dias após o assassinato.

No depoimento, Bida também comentou seu envolvimento com Regivaldo Galvão, que teria lhe vendido uma fazenda dentro da área do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, ao preço de R$ 1 milhão.

De acordo com o Ministério Público Federal, Galvão também foi processado no caso Sudam. Conforme a apuração, ele atuava como uma espécie de agiota, emprestando dinheiro a juros altos para os contratantes da Sudam, que lhe ressarciam quando o órgão liberava o financiamento da primeira parcela dos recursos.

Galvão já havia sido denunciado por Dorothy Stang ao Ibama por corte de madeira sem autorização do governo federal. Ele chegou a ser multado em R$ 750 mil, em 2003, pelo Ibama, por queima de uma área de preservação. Bida também chegou a ser multado, em 2004, por devastação. Em Altamira, Galvão é proprietário de uma das maiores revendas de caminhões do município.

Quinta-feira, Bida prestará depoimento ao juiz de Pacajá Lucas do Carmo de Jesus, responsável pelo caso. Ele será ouvida na sede da PF, onde está preso. Na próxima semana, deverá ocorrer a acareação entre Bida e os outros acusados de participação no assassinato --Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, e Amair Feijoli da Cunha, o Tato.

A Folha tentou entrar em contato com os empresários citados por Bida, mas apenas Ungaratti foi encontrado. Ungaratti negou que conhecesse Bida e a freira morta.

Com Jaqueline Almeida, colaboração para a Agência Folha, em Belém

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