Publicidade
Publicidade
01/04/2005
-
23h30
SILVIO NAVARRO
da Agência Folha, em Belém
Num ofício enviado ao Incra dois dias antes do assassinato da missionária Dorothy Stang, a Associação Solidária Econômica e Ecológica de Frutas da Amazônia, uma espécie de sindicato dos pequenos agricultores de Anapu (oeste do Pará), denunciou que Amair Feijoli da Cunha, o Tato, chefiou um grupo armado para expulsar moradores da região do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança.
Tato é acusado de ser o intermediário do crime. Ele teria, de acordo com as investigações da polícia e do Ministério Público, contratado os pistoleiros Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, a mando do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida. O fazendeiro nega.
O ofício, assinado pela coordenadora da associação, Maria Rosaria Souza Guzzo, alerta o Incra que "o agricultor Luiz Moraes de Brito e seus oito filhos tiveram de deixar sua casa sob ameaça de armas de fogo empunhadas por Tato e seus homens".
De acordo com a denúncia, Tato teria expulsado a família da área, que incide sobre o terreno de 60 alqueires que comprou de Bida. O texto continua afirmando que Bida comprou as terras de Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão. Bida afirma ter sido sócio de Galvão.
Em depoimento aos congressistas da CPI da Terra, Galvão negou que tenha sociedade com Bida.
Na denúncia, a associação de Anapu diz ainda que "estamos cientes que Tato tem homens armados e fomos informados que na sexta-feira, dia 4 [de fevereiro], mais homens armados chegaram na sede deste lote que dizem ser do Taradão".
O documento, remetido na véspera da morte da freira, também cita o madeireiro Luiz Ungaratti. Diz o texto que ele "mantém homens armados sob a liderança de seu capataz Dominguinhos".
Ungaratti, que é citado no depoimento de Bida à Polícia Federal, também aparece na denúncia da associação. "Informamos que no lote 53 o senhor Ungaratti mantém homens armados que expulsaram as famílias".
Dominguinhos, no ofício, aparece como "capataz que lidera homens para o senhor José Ricardo Ferreira Andrade". Tanto Dominguinhos quanto Andrade aparecem no depoimento de Bida à PF.
A denúncia da associação consta de um arquivo de três volumes e mais de 500 páginas, organizado pelo Ministério Público Federal. À época, a Procuradoria também recebeu cópia do ofício e afirma que só não deu encaminhamento imediato porque o procurador Felício Pontes estava viajando e, em seguida, seguiu para Anapu quando soube do assassinato.
O Incra argumentou que tinha conhecimento dos problemas em Anapu desde janeiro, quando visitou a área, e que, desde então, vinha pedindo a intervenção do governo estadual. O documento também tem cópia remetida à Secretaria de Direitos Humanos do Pará. A assessoria do governo disse que a pasta não existe. A Secretaria de Proteção Social não acusou recebimento.
Outro lado
A reportagem tentou telefonar para o advogado Oscar Damasceno, que defende Amair Feijoli da Cunha, mas ele não atendeu às ligações.
O madeireiro Luiz Ungaratti não foi localizado ontem em sua casa nem no celular. Em sua casa, uma funcionária disse que ele estava em Belém. Ontem, ele seria ouvido pela CPI da Terra em Altamira, mas o depoimento foi adiado. Anteontem, Ungaratti havia negado conhecer Bida e ter tido problemas com a freira.
O delegado da Polícia Civil Waldir Freire, responsável pelo caso, disse que um oficial de Justiça foi enviado a Altamira para intimar Ungaratti a depor.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Dorothy Stang
Leia o que já foi publicado sobre a CPMI da Terra
Tato é acusado de chefiar grupo que expulsou moradores de PDS
Publicidade
da Agência Folha, em Belém
Num ofício enviado ao Incra dois dias antes do assassinato da missionária Dorothy Stang, a Associação Solidária Econômica e Ecológica de Frutas da Amazônia, uma espécie de sindicato dos pequenos agricultores de Anapu (oeste do Pará), denunciou que Amair Feijoli da Cunha, o Tato, chefiou um grupo armado para expulsar moradores da região do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança.
Tato é acusado de ser o intermediário do crime. Ele teria, de acordo com as investigações da polícia e do Ministério Público, contratado os pistoleiros Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, a mando do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida. O fazendeiro nega.
O ofício, assinado pela coordenadora da associação, Maria Rosaria Souza Guzzo, alerta o Incra que "o agricultor Luiz Moraes de Brito e seus oito filhos tiveram de deixar sua casa sob ameaça de armas de fogo empunhadas por Tato e seus homens".
De acordo com a denúncia, Tato teria expulsado a família da área, que incide sobre o terreno de 60 alqueires que comprou de Bida. O texto continua afirmando que Bida comprou as terras de Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão. Bida afirma ter sido sócio de Galvão.
Em depoimento aos congressistas da CPI da Terra, Galvão negou que tenha sociedade com Bida.
Na denúncia, a associação de Anapu diz ainda que "estamos cientes que Tato tem homens armados e fomos informados que na sexta-feira, dia 4 [de fevereiro], mais homens armados chegaram na sede deste lote que dizem ser do Taradão".
O documento, remetido na véspera da morte da freira, também cita o madeireiro Luiz Ungaratti. Diz o texto que ele "mantém homens armados sob a liderança de seu capataz Dominguinhos".
Ungaratti, que é citado no depoimento de Bida à Polícia Federal, também aparece na denúncia da associação. "Informamos que no lote 53 o senhor Ungaratti mantém homens armados que expulsaram as famílias".
Dominguinhos, no ofício, aparece como "capataz que lidera homens para o senhor José Ricardo Ferreira Andrade". Tanto Dominguinhos quanto Andrade aparecem no depoimento de Bida à PF.
A denúncia da associação consta de um arquivo de três volumes e mais de 500 páginas, organizado pelo Ministério Público Federal. À época, a Procuradoria também recebeu cópia do ofício e afirma que só não deu encaminhamento imediato porque o procurador Felício Pontes estava viajando e, em seguida, seguiu para Anapu quando soube do assassinato.
O Incra argumentou que tinha conhecimento dos problemas em Anapu desde janeiro, quando visitou a área, e que, desde então, vinha pedindo a intervenção do governo estadual. O documento também tem cópia remetida à Secretaria de Direitos Humanos do Pará. A assessoria do governo disse que a pasta não existe. A Secretaria de Proteção Social não acusou recebimento.
Outro lado
A reportagem tentou telefonar para o advogado Oscar Damasceno, que defende Amair Feijoli da Cunha, mas ele não atendeu às ligações.
O madeireiro Luiz Ungaratti não foi localizado ontem em sua casa nem no celular. Em sua casa, uma funcionária disse que ele estava em Belém. Ontem, ele seria ouvido pela CPI da Terra em Altamira, mas o depoimento foi adiado. Anteontem, Ungaratti havia negado conhecer Bida e ter tido problemas com a freira.
O delegado da Polícia Civil Waldir Freire, responsável pelo caso, disse que um oficial de Justiça foi enviado a Altamira para intimar Ungaratti a depor.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice