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04/04/2005 - 09h35

Morte do papa esfria semana no Congresso

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Na avaliação do Palácio do Planalto, a repercussão da morte do papa João Paulo 2º esfriará as turbulências políticas no Congresso nesta semana e dará tempo para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interfira diretamente no processo de reorganização de sua base de sustentação parlamentar.

"Preciso colocar a mão nisso", disse Lula no fim de semana em conversas reservadas. Citou especificamente reaproximação com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que na sexta-feira fez proposta de trégua ao ministro José Dirceu (Casa Civil).

Quando foi confirmada a morte do papa no sábado, Lula pediu que Severino fosse convidado para a comitiva que irá ao enterro. Em conversas com membros do governo, Severino já havia manifestado interesse em acompanhar o presidente, que pretende viajar na quinta-feira. Lula também convidou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A Câmara e o Senado deverão ter sessões mais tranqüilas nesta semana, com o adiamento da entrada em pauta de projetos polêmicos nos quais há risco de o governo ser derrotado, como a emenda que aumenta o repasse de verbas para os municípios.

Desde o engavetamento da ampla reforma ministerial duas semanas atrás, quando Lula decidiu não dar mais uma pasta ao PP de Severino, a relação deles piorou. Contrariado com Severino, que lhe dera um ultimato, exigindo nomeação de ministro pepista sob pena de o seu partido rumar para a oposição, Lula suspendeu o tema reforma ministerial ampla. Fez só duas trocas: Paulo Bernardo assumiu o Planejamento; e Romero Jucá, a Previdência.

Ao engavetar a reforma, Lula deixou questões em aberto que continuam a dificultar a reorganização da sua base parlamentar, sobretudo na Câmara. Além da aprovação de projetos que, se confirmados no Senado, elevam os gastos públicos, o governo finalmente recuou na MP 232 após série de tropeços no Congresso.

A 232, MP feita para dar boa notícia à classe média e aos sindicalistas ligados ao PT (10% de correção da tabela do Imposto de Renda), originou campanha de setores da sociedade contra o governo devido ao aumento de impostos de empresas prestadoras de serviço embutido na medida. Resultado: foi uma das maiores derrotas de Lula, na qual até o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), tido como habilidoso e acostumado a vitórias, acabou ferido.

Aldo e Roseana

Há pressão de aliados de Lula para que ele reabra questões da reforma, como trocar o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), que continua a ser bombardeado pelo PT nos bastidores. Lula, porém, deixou Aldo mal quando não o avisou da solução final para o imbróglio da MP 232. Aldo e Palocci conduziam estratégia diferente de Lula no Congresso.

A Folha apurou que Aldo disse a interlocutores que sua paciência está no limite e que ele passará a guerrear publicamente contra os que defendem sua demissão.

Outra questão em aberto é a situação da senadora Roseana Sarney (PFL-MA). Convidada para ministério, apesar de a pasta ter ficado em aberto durante toda a negociação da reforma (cinco meses), não foi contemplada no primeiro escalão. Em conversa reservada com o ex-presidente do Senado José Sarney e em telefonema a Roseana, Lula disse que logo a nomearia. No entanto, o presidente tem hesitado, o que chegou ao conhecimento da senadora e a deixou contrariada. Se novamente convidada, ela pode recusar. Diz-se cansada de ficar exposta.

Especial
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