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04/04/2005 - 23h17

Urologistas querem processar deputado baiano

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LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador

A SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) da Bahia anunciou que vai pedir licença à Assembléia Legislativa para processar o deputado Manoel Isidório de Santana (PT), 43, que, há uma semana, usou a tribuna para fazer um discurso contra o toque retal, utilizado em exame de próstata. "Até agora estou vendo estrelas, graças à virulência do médico", disse o parlamentar.

Segundo a entidade, o discurso do deputado e a repercussão nacional dada ao caso trouxeram reflexos negativos nos consultórios dos urologistas na Bahia. "No último sábado, durante uma consulta rotineira que incluiria o toque retal, o paciente se recusou a fazer o exame, lembrando que o deputado Isidório havia reclamado do processo e de que deveria existir outros exames que pudessem substituir o toque", disse o presidente as SBU-BA, Modesto Jacobino, vice-diretor da Faculdade de Medicina da UFBa (Universidade Federal da Bahia).

Para Jacobino, o parlamentar, conhecido como Sargento Isidório, prestou um enorme desserviço, ao reforçar um antigo estigma em relação ao exame. O toque --aliado ao exame de PSA-- permite identificar com mais de 90% de chances a presença da doença, segundo os médicos.

Jacobino disse que o episódio presenciado em seu consultório pode se repetir com outros colegas. "Nosso receio é que esta declaração infeliz do deputado possa contribuir para a não-identificação precoce do câncer da próstata, reduzindo a possibilidade de cura destes pacientes, aumentando, conseqüentemente, o número de mortes no nosso Estado por causa dessa patologia. O discurso do deputado está na contramão das campanhas desenvolvidas pela SBU e pelos governos federal e estadual, onde se procura cada vez mais conscientizar a população para a questão", disse o presidente da SBU-BA.

Na tentativa de reverter os danos causados pelas declarações do deputado, a Sociedade de Urologia vai tentar promover, com auxílio dos parlamentares baianos, uma sessão especial na Assembléia Legislativa para esclarecer melhor o assunto à população.

Sargento Isidório disse que não está preocupado com um eventual processo. "Vou pedir que meus colegas dêem licença à Sociedade de Urologia para me processar. Na Justiça, vou repetir o que disse na Assembléia. É claro que os médicos têm de procurar outros métodos para fazer o exame, ou, pelo menos, orientar bem os pacientes, antes da colocação do dedo. Hoje, existem pessoas que vivem com rins e corações diferentes. Por que não pode haver outro método para o exame?", perguntou o deputado.

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