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19/04/2005 - 20h45

Em Ouro Preto, sinos repicam para saudar o novo papa

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PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A cidade histórica de Ouro Preto voltou a tocar os sinos hoje, desta vez para saudar o novo papa, Bento 16. Logo que a fumaça branca saiu da chaminé do Vaticano e os sinos lá repicaram, os sinos de pelo menos 12 igrejas da cidade mineira repicaram três vezes.

Cada repique significa muitas badaladas. Após um intervalo de pouco mais de um minuto, eles voltam a tocar novamente. Segundo o padre José Feliciano da Costa Simões, o padre Simões, 74, pároco da igreja do Pilar, essa é não só uma tradição da religiosidade da cidade barroca mineira, mas também uma questão cultural preservada pela comunidade ouro-pretana --na morte de João Paulo 2º os sinos das igrejas de Ouro Preto dobraram.

Padre Simões disse que a escolha do cardeal Joseph Ratzinger foi "equilibrada", mas acrescentou: "É claro que vai haver contradição, já que há três vertentes diferentes na igreja". Segundo ele, houve equilíbrio na escolha porque Ratzinger é "experiente e inteligente" e a igreja vai precisar de alguém assim pelo menos neste momento neste "momento de passagem", que se tornou um momento difícil pelo que representou o pontificado de João Paulo 2º.

"Eu fiz uma visita ao papa em Roma há uns oito anos e fui recebido por ele, com fidalguia e inteligência. Ele é bom de cabeça e firme nas suas idéias. Portanto precisava equilíbrio nessa passagem". disse.

Questionado se pessoalmente era o papa da sua preferência, padre Simões disse: "Eu, sinceramente, aceito o que vem. O que estiver na frente eu sigo. Se for entrar nessa de não concordo, a gente briga. É claro que não vai agradar a todo mundo, porque querem colocar o papa como resolvedor de todas as questões, esperando para ser um cientista, um ET e esquecendo da mensagem de Cristo".

Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, a arquidiocese vai celebrar na igreja da Boa Viagem um momento festivo de louvor ao novo papa, com cantos de ação de graça.

O presidente da Conferência Episcopal para a Doutrina da Fé, da CNBB, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, d. Walmor Oliveira de Azevedo, 50, disse, sobre a escolha do papa, que a questão de ser "conservador e progressista são rótulos que a cada dia ficam superados". Para ele, a principal marca de Bento 16 é ser um "homem do diálogo".

"É um homem preparado para o diálogo. A sua formação pessoal, intelectual, de professor e de pesquisador faz dele de fato alguém muito preparado. Essa é uma marca fundamental, uma igreja que dialoga, não importando que existam posições contrárias, divergentes, mas uma igreja que se põe em diálogo, contribuindo com os valores que ela prega, que são os valores do Evangelho."

D. Walmor afirmou que esteve em três oportunidades com Ratzinger no Vaticano e que ele, na condição de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, sempre concordou com as posições da igreja no Brasil, no que se refere a tratar a doutrina da fé não apenas de maneira conceitual, mas interpelando o católico para que ele viva experiências de acordo com o que diz o Evangelho.

"Ele me disse: 'Esse é um desafio não só da igreja no Brasil, mas da igreja no mundo"', disse d. Walmor, acrescentando que um dos grandes "desafios" do novo papa será também tratar das questões que envolvem as ciências, no âmbito da biotecnologia, e dar mais espaço para as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base).

"É difícil tomar um rótulo e colocar alguém dentro desse rótulo. De qualquer modo, penso que o novo papa tem diante de si uma igreja que tem de ser missionária, uma igreja que vai ao encontro, aberta. Tem que ter muito diálogo", disse.

Ele disse ter recebido com "alegria e esperança" a escolha do novo papa, que definiu também como uma pessoa "simples", ressaltando: "Embora para muitos, e em razão talvez de muitas circunstâncias, ter parecido alguém muito severo, distante". E acrescentou: "Isso não corresponde àquela pessoa que recebe, que passava tantas vezes a pé pela praça São Pedro da sua casa para o seu trabalho, com o testemunho de muitas pessoas que o abordavam".

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