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19/04/2005 - 21h44

Bento 16 foi eleito para período de transição, diz Pavanello

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
EDUARDO DE OLIVEIRA
da Agência Folha

Joseph Ratzinger, 78, foi eleito papa para um período de transição que não deve superar oito anos, disse ontem d. Vitório Pavanello, 69, arcebispo de Campo Grande (MS). Outro motivo da escolha, segundo Pavanello, é a "segurança doutrinal" que Ratzinger oferece à Igreja Católica.

"A intenção dos cardeais era escolher um papa de transição. Depois de um longo pontificado [de João Paulo 2º, por mais de 26 anos], escolhe-se um papa de curto pontificado", afirmou.

"Embora a vida esteja nas mãos de Deus, ele [Ratzinger], estando com 78 anos, [terá um pontificado] de seis, sete, oito anos", acrescentou.

Pavanello disse ainda que a transição, a qual se refere, não será de mudanças na doutrina da igreja, mas apenas troca de gerações dos cardeais. A intenção seria preparar os mais novos para eleger o sucessor de Ratzinger.

O forte do papa eleito está justamente, na opinião do arcebispo, em sua "segurança doutrinal", porque "não podemos agradar a gregos e troianos".

Há dois anos, Pavanello se reuniu com Ratzinger e outros bispos em Roma, durante visita ao túmulo de Pedro. O arcebispo disse ter ficado com boa impressão do papa eleito. "Era o cardeal mais amável que acolhia os bispos. De toda a cúria romana, era o que mais nos escutava".

Segundo ele, a igreja não deve abrir mão de certas doutrinas. "Podia vir um papa mais liberal. Mas, sobre o divórcio, problemas da vida humana, de sexualidade, a igreja tem que obedecer ao Divino Mestre. Nessa hora, é conservadora", afirmou.

Ainda conforme a opinião do arcebispo de Campo Grande, o papa visitará o Brasil no ano que vem, quando ocorrerá um encontro de bispos da América Latina.

Continuidade

Para o arcebispo de Palmas (TO), d. Alberto Taveira Corrêa, 55, o pontificado de Bento 16 deverá ser marcado pela continuidade dos ideais de João Paulo 2º, sem grandes mudanças na condução dos assuntos da igreja.

"A gente pode pensar, sem medo, em continuidade. Não no sentido de continuismo, até porque o perfil do novo papa é diferente do de João Paulo 2º. É um perfil ocidental, mas de continuar o trabalho que já foi iniciado. Eles eram próximos", afirmou o arcebispo.

D. Alberto ressaltou a convivência que o papa Bento 16 teve com seu antecessor e disse não acreditar na adoção de uma linha mais conservadora para a igreja.

"Acho que a igreja vai continuar na mesma perspectiva. Se por conservador se entender ser fiel à igreja, fiel aos desígnios de Deus, claro que é bom ser conservador. Ser fiel à moral da igreja? Sem dúvida nenhuma, até para ser coerente com o que João Paulo 2º trabalhou nesses anos. Mas não acredito em grandes mudanças."

O arcebispo classificou o novo papa como alguém mais introspectivo e que "vai oferecer muito conteúdo à igreja". "É um homem de 78 anos, com uma excelente forma física e uma grande habilidade verbal."

Vitória

O arcebispo metropolitano de Vitória (ES), d. Luiz Mancilha Vilela, 62, disse esperar que o novo papa aja no Brasil como mediador no diálogo "com aqueles que pensam diferente de nós [Igreja Católica]".

A afirmação foi feita a partir de questionamento sobre a expansão no Brasil de outras igrejas, como as evangélicas, em contraposição à Igreja Católica.

"Eu não diria que a igreja [Católica] esteja perdendo espaço. Aqui, se olharmos as estatísticas, o nosso povo aumentou, veio muita gente de fora. O Brasil se tornou mais plural. Então, no que ele [o novo papa] poderá nos ajudar muito é na convivência com a pluralidade, porque ele é um homem ecumênico, que tem fundamentos teológicos sólidos que poderão nos ajudar ao diálogo com aqueles que pensam diferente", disse.

"Nós não temos de nos impor a ninguém. Temos que, com honestidade e em nome da verdade, nos colocarmos em diálogo com aqueles que queiram construir um mundo melhor."

Sobre o que a escolha do novo papa poderá trazer de mudanças para o Brasil e América Latina, d. Luiz Mancilha Vilela disse ter muita esperança num trabalho "em favor da nossa gente sofrida".

"Isso porque eu sei que o povo alemão é caridoso, um povo que tem ajudado muito a América Latina. Os católicos da Alemanha são muito sensíveis aos problemas da América Latina, do Brasil."

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