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Deputado do PPS deixa presidência da CPI e abre caminho para aliado de Arruda
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MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
Pressionado pelo PPS a atuar contra o governador José Roberto Arruda (sem partido), o deputado Alírio Neto (PPS) deixou nesta terça-feira a presidência da CPI na Câmara Legislativa do Distrito Federal. A saída do deputado abre caminho para que um aliado de Arruda assuma o comando da comissão. O nome mais cotado é o deputado Geraldo Naves (DEM).
Ameaçado de perder a legenda para as eleições de outubro, Alírio Neto oficializou a saída do bloco que formava com o PMDB, o que lhe garantiu a indicação para a comissão de inquérito. Como a vaga é do bloco, os peemedebistas reivindicaram o posto e indicaram Naves para a vaga.
Naves é suplente de Paulo Roriz, secretário de Habitação de Arruda. Ele foi indicado para presidir a CPI porque outros três peemedebistas estão entre os suspeitos de participação no esquema. Uma nova eleição para a presidência da CPI deve ocorrer na quinta-feira.
O nome governista, no entanto, ainda depende da arrumação que os governistas estão preparando para a sucessão na presidência da Casa, ocupada interinamente pelo petista Cabo Patrício, e que ocorrer amanhã. Segundo os governistas, o controle da CPI também entra na negociação.
A CPI da Corrupção é controlada por governistas. O relator, deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), e a deputada Eliana Pedrosa (DEM), são ex-secretários de Arruda. O deputado Batista das Cooperativas (PRP), também é aliado do governador. O único representante da oposição da CPI é o deputado Paulo Tadeu (PT).
As investigações começaram no dia 11 de janeiro e quase foram encerradas na semana passada. Os governistas lançaram mão de uma decisão da Justiça que afastou oito distritais suspeitos de participação do esquema dos processos de impeachment e anunciaram o fim da CPI. Argumentaram que os parlamentares em suspeição assinaram o requerimento de auto-convocação da Câmara, na qual foi criada a CPI.
O juiz Vinícius Santos Silva, da 7ª Vara Fazenda Pública, negou que a sua decisão tivesse influência na CPI e que trata apenas dos pedidos de impeachment do governador. O magistrado afirmou ainda que os aliados aproveitaram a decisão para fazer "manobras indevidas".
Depoimento
A manobra para decretar o fim da CPI foi encarada como uma estratégia para inviabilizar o depoimento de Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção, que estava marcado para hoje. A participação de Durval, no entanto, foi cancelada a pedido dele.
Em uma carta encaminhada ao "blog da Paola", site de uma jornalista de Brasília, Durval, que se classifica como 'denunciante da maior roubalheira documentada' do país, afirma que só pretende falar aos deputados quando eles se organizarem e demonstrarem seriedade e interesses políticos.
'Na condição de denunciante da maior roubalheira documentada, já vista no Brasil, não poderia, jamais, me submeter a questionamentos meramente políticos, oriundos de parlamentares pertencentes a uma Casa apoteoticamente desorganizada político e administrativamente.'
Ao blog, Barbosa disse que sua participação não teria influência significativa diante de tantas indefinições na Casa.
"As revelações tão esperadas pela sociedade como um todo, caso existisse, de nada valeria para as apurações da verdade, pelo menos nesse momento, onde se disputa a presidência da Casa, cargos em comissões temáticas, bem como a queda de braço entre situação e oposição, com direito a torcidas organizadas", afirmou.
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