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26/04/2005 - 20h55

Clima em Felisburgo é de "extrema tensão", relata juiz

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PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horinzonte

O juiz da Vara de Conflitos Agrários de Minas Gerais, Renato Dresch, afirmou em ofício à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais que é de "extrema tensão" o clima na cidade de Felisburgo, onde em novembro passado cinco sem-terra liderados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) foram assassinados e 13, feridos.

Em meio a esse clima, o Ministério Público Estadual solicitou na semana passada novo pedido de prisão para o fazendeiro denunciado pelos crimes, Adriano Chafik Luedy, que conseguiu sua libertação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) há 20 dias. As alegações para o novo pedido, ainda não analisado pela Justiça em Jequitinhonha, não foram informadas pelo Ministério Público de Minas Gerais.

A comissão do Legislativo mineiro, segundo o deputado Durval Ângelo (PT), vai na próxima semana a Brasília informar ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sobre os riscos de novos conflitos e pedir a presença da Polícia Federal na área, já que na cidade são apenas quatro PMs.

O relato de Dresch foi feito após diligência em Felisburgo, dia 6 passado, acerca do processo movido pelo Estado mineiro, que alega que Luedy se apropriou de terras devolutas. Estavam juntos a Polícia Militar, Ministério Público, Incra e Iter (Instituto de Terras de Minas Gerais).

O juiz relatou a situação no "Auto de Visita e Constatação", no qual escreveu que "os familiares de Adriano Chafik afirmam que os trabalhadores acampados são 'bandidos', 'ladrões' e vagabundos, não mostrando sentimento pelas mortes ocorridas no conflito", e que as 80 famílias sem-terra mudaram o acampamento por "receio de que possa ocorrer nova agressão por parte da família de Adriano Chafik".

"O que se constatou no local é que o clima é extremamente tenso, merecendo cuidados especiais das autoridades de segurança, considerando que a estrutura física e de pessoal da Polícia Militar de Felisburgo não atende as necessidades da tensão que existe no local", escreveu Dresch.

Ele já comunicou o fato à Secretaria de Defesa Social de Minas, comando da Polícia Militar, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Incra e Ouvidoria Agrária Nacional.

Dos 15 denunciados pelo crime, cinco chegaram a ser presos e dez continuam foragidos. Apenas um vaqueiro segue preso. O deputado Durval Ângelo disse que será pedida ação da PF em Itajuípe (BA), já que haveria informações de que os foragidos "transitam livremente" pela cidade, onde Luedy tem outras fazendas.

O advogado de Luedy, Antônio Francisco Patente, disse que seu cliente, desde que deixou a prisão, foi orientado a ficar na Bahia, onde reside, e a entregar para parentes a administração da fazenda em Felisburgo, para que ele saia do "foco das provocações".

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