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28/04/2005 - 21h42

MST invade pelo menos oito praças de pedágio no Paraná

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MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba

Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram nesta quinta-feira pelo menos oito praças de pedágio de rodovias do Paraná, quando se dirigiam à marcha nacional do movimento a Brasília . Outras duas praças foram ponto de manifestações relâmpago no final da tarde.

Cerca de mil sem-terra no Estado se deslocaram de acampamentos de quatro regiões rumo a Londrina --onde haverá concentração amanhã --e foram tomando as praças que encontraram no caminho. Houve casos de o mesmo grupo invadir mais de uma praça. Os sem-terra viajaram de ônibus de um ponto a outro.

Na maioria, as praças invadidas tiveram o pedágio liberado. Nas praças tomadas em Cascavel (oeste) e Arapongas (norte), pela manhã, os motoristas comemoraram o passe livre com buzinaço, mas em Mauá da Serra, no norte, os sem-terra instituíram um "pedágio-contribuição". Na Lapa, sul do Estado, o "pedágio" foi um boné do movimento, vendido a R$ 10.

Avisada, a Polícia Militar acompanhou as manifestações à distância e, até o final da tarde, não houve registro de tumulto --apenas de depredações. O governo do Paraná prometeu uma nota oficial da Secretaria da Segurança, mas até o início da noite de ontem ela não tinha sido divulgada.

A ABCR (Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias) denunciou tratamento hostil aos funcionários das praças por parte dos sem-terra e estragos em pelo menos duas. Os líderes do grupo (cerca de 80 pessoas) que tomou a praça de Mauá da Serra às 9h chegaram encapuzados e cortaram a comunicação. Eles tiraram a proteção do rosto depois de inutilizar as câmaras de vídeo, disse o diretor regional da ABCR, João Chiminazzo Neto.

Segundo ele, repetiu-se a estratégia de outras invasões, "para evitar que sejam identificados e responsabilizados na Justiça". Também houve relato de que cancelas foram quebradas na praça da Lapa.

"Quem anda encapuzado é o 'Primeiro Comando Rural' [movimento de donos de terra] e a milícia armada da Polícia Militar [grupo de policiais acusado de dar segurança a fazendeiros]", disse o líder do MST José Damasceno, negando a denúncia da ABCR. "Os sem-terra agem com o sol quente na cara", afirmou.

"Temos a situação sob controle e não invadimos, ocupamos as praças. É uma forma de fazer relação com a população [chamar a atenção] para o debate da reforma agrária", disse. Segundo Damasceno, a presença do MST nas praças de pedágio "tem apoio certo da população, por causa do roubo [nos preços das tarifas]". O líder afirmou que as invasões não se repetirão hoje, "a não ser que dê vontade".

O diretor da ABCR disse identificar "linguagem de comício" nas acusações do líder sem-terra contra os preços praticados pelas concessionárias. Ele usou de cautela, mas fazia referência ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que, na campanha eleitoral de 2002, prometeu baixar ou acabar com o pedágio.

Em 2003, o governo respaldou o MST na primeira invasão a praças do pedágio em protesto contra o reajuste. Requião e as seis concessionárias travam uma batalha judicial desde o início do governo. Até o momento, a Justiça tem respaldado os reajustes previstos nos contratos assinados no governo anterior.

Chiminazzo disse que o usuário das rodovias paga os prejuízos de um dia sem cobrança e das depredações.

"Nossa indignação é que a polícia fica assistindo à cena sem agir e, portanto, não cumprindo a função de proteger o patrimônio público [as praças concedidas]", disse o diretor da ABCR.

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