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02/05/2005
-
09h32
EDUARDO SCOLESE
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Goiânia
Um dia antes de o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) iniciar marcha a Brasília para pressionar o governo federal a realizar a reforma agrária, o coordenador nacional do movimento, João Pedro Stedile, afirmou que os sem-terra não são "loucos" de romper com a gestão petista. Segundo ele, porém, a "esperança" dos que votaram no presidente Luiz Inácio Lula da Silva se transformou em "perplexidade".
"A verdade é que os esperançosos que votaram no presidente Lula estão hoje perplexos. A esperança se transformou em perplexidade. Ninguém entende o que está acontecendo com o governo. Isso não significa que estamos contra o presidente. Não somos loucos, pois já temos muitos inimigos e não queremos mais um", declarou.
Stedile esteve ontem em Goiânia (GO), onde integrantes do movimento, de 23 Estados, promoveram um ato público numa praça da cidade para anunciar o início da Marcha pela Reforma Agrária, que chegará a Brasília no próximo dia 17. Em duas semanas, até a concentração na Esplanada dos Ministérios, serão cerca de 200 km. A programação prevê caminhadas pela manhã e plenárias sobre atualidades políticas e econômicas à tarde.
Ontem, segundo a coordenação do movimento, cerca de 9.000 pessoas estiveram no ato, com direito a apresentações de música e teatro, além de palavras de ordem a favor da reforma agrária e contra o agronegócio. A Polícia Militar estimou em 3.000 pessoas.
A marcha
Segundo Stedile, a marcha representa uma "batalha importante" dos trabalhadores rurais diante das perspectivas de reforma agrária no governo Lula, que, até agora, não cumpriu nenhuma meta de assentamentos.
"A marcha é uma batalha importante para a reforma agrária. O governo tem de tomar agora uma decisão em relação a isso e, principalmente, mudar definitivamente o seu modelo de política econômica. Só assim a reforma agrária será priorizada", disse.
Sobre a pressão do movimento, que neste ano diminuiu o número de invasões de terra pelo país em prioridade à marcha, o líder dos sem-terra declarou: "Nós até que estamos moderados".
A pressão do MST à equipe econômica tem motivações a curto prazo. Primeiro porque, neste mês, o CMN (Conselho Monetário Nacional) analisa proposta do Ministério do Desenvolvimento Agrário para a criação de duas novas modalidades de crédito para assentados da reforma agrária.
Além disso, do orçamento original do Desenvolvimento Agrário (R$ 3,7 bilhões), R$ 1,6 bilhão estão bloqueados pelo governo federal. O valor retido era maior, mas R$ 400 milhões foram liberados no mês passado. Sem o desbloqueio, o ministro da pasta Miguel Rossetto já admitiu que não conseguirá cumprir a meta de 115 mil famílias assentadas até dezembro deste ano.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o MST
MST não é "louco" de romper com presidente, diz Stedile
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Enviado especial da Folha de S.Paulo a Goiânia
Um dia antes de o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) iniciar marcha a Brasília para pressionar o governo federal a realizar a reforma agrária, o coordenador nacional do movimento, João Pedro Stedile, afirmou que os sem-terra não são "loucos" de romper com a gestão petista. Segundo ele, porém, a "esperança" dos que votaram no presidente Luiz Inácio Lula da Silva se transformou em "perplexidade".
"A verdade é que os esperançosos que votaram no presidente Lula estão hoje perplexos. A esperança se transformou em perplexidade. Ninguém entende o que está acontecendo com o governo. Isso não significa que estamos contra o presidente. Não somos loucos, pois já temos muitos inimigos e não queremos mais um", declarou.
Stedile esteve ontem em Goiânia (GO), onde integrantes do movimento, de 23 Estados, promoveram um ato público numa praça da cidade para anunciar o início da Marcha pela Reforma Agrária, que chegará a Brasília no próximo dia 17. Em duas semanas, até a concentração na Esplanada dos Ministérios, serão cerca de 200 km. A programação prevê caminhadas pela manhã e plenárias sobre atualidades políticas e econômicas à tarde.
Ontem, segundo a coordenação do movimento, cerca de 9.000 pessoas estiveram no ato, com direito a apresentações de música e teatro, além de palavras de ordem a favor da reforma agrária e contra o agronegócio. A Polícia Militar estimou em 3.000 pessoas.
A marcha
Segundo Stedile, a marcha representa uma "batalha importante" dos trabalhadores rurais diante das perspectivas de reforma agrária no governo Lula, que, até agora, não cumpriu nenhuma meta de assentamentos.
"A marcha é uma batalha importante para a reforma agrária. O governo tem de tomar agora uma decisão em relação a isso e, principalmente, mudar definitivamente o seu modelo de política econômica. Só assim a reforma agrária será priorizada", disse.
Sobre a pressão do movimento, que neste ano diminuiu o número de invasões de terra pelo país em prioridade à marcha, o líder dos sem-terra declarou: "Nós até que estamos moderados".
A pressão do MST à equipe econômica tem motivações a curto prazo. Primeiro porque, neste mês, o CMN (Conselho Monetário Nacional) analisa proposta do Ministério do Desenvolvimento Agrário para a criação de duas novas modalidades de crédito para assentados da reforma agrária.
Além disso, do orçamento original do Desenvolvimento Agrário (R$ 3,7 bilhões), R$ 1,6 bilhão estão bloqueados pelo governo federal. O valor retido era maior, mas R$ 400 milhões foram liberados no mês passado. Sem o desbloqueio, o ministro da pasta Miguel Rossetto já admitiu que não conseguirá cumprir a meta de 115 mil famílias assentadas até dezembro deste ano.
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