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03/05/2005 - 20h07

Brasil adota tom conciliador e minimiza crise com Argentina

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FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

O assessor especial da presidência da República, Marco Aurélio Garcia, conversou hoje com Alberto Fernández, chefe de gabinete do presidente argentino, Néstor Kirchner, sobre as divergências recentes entre os governos dos dois países.

No relato feito por Garcia, o chefe de gabinete de Kirchner teria garantido que as declarações de que a Argentina endureceria as relações com o Brasil não denotam uma crise. "A nossa relação com a Argentina é absolutamente fundamental, não só do ponto de vista bilateral, como do ponto de vista sul-americano. Não acredito que os ruídos sejam expressão de problemas mais profundos e refletem dificuldades que se relacionam com questões comerciais", continuou.

Fernández teria dito, em tom de brincadeira, que não seria necessário usar um telefone vermelho (usado para comunicações urgentes entre países em momentos de severa crise) para conversar, mas um telefone rosado --em referência à sede do governo argentino-- a Casa Rosada. "Ele me disse 'não esquenta, fica tranqüilo' e eu disse 'não estamos de cabeça quente'", relatou Marco Aurélio. "Eu não vi da parte dele nenhuma inquietação. Isso me tranqüiliza porque o Alberto Fernández é muito próximo do presidente Kirchner", acrescentou.

Mercosul

Marco Aurélio também conversou hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema e afirmou que o caminho para a resolução do problema passa pelo fortalecimento do Mercosul. "O presidente Lula encara essas questões como normais e que devem ser resolvidas pela multiplicidade de iniciativas para fortalecer o Mercosul", disse.

Uma dessas ações poderia ser a ampliação das linhas de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para os países integrantes do Mercosul.

Liderança

O assessor especial da presidência reiterou as declarações feitas hoje pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, de que o Brasil não busca o posto de liderança da América do Sul.

"O governo brasileiro nunca reivindicou uma posição de liderança, muito pelo contrário. Liderança não se busca", afirmou. "Se quisesse falar em liderança, seria de quatro países mais a Venezuela. Essa coisa de liderança só atrapalha", acrescentou.

Ontem, o jornal argentino "Clarín" publicou reportagem em que diplomatas argentinos, supostamente repercutindo declarações de Kirchner, fizeram críticas ao Brasil, especialmente de que o governo Lula estaria impondo entraves econômicos e buscando assumir papel de liderança regional na América do Sul.

Celso Amorim

Em Paris, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, minimizou a tensão entre os dois países, mas reconheceu que o Brasil poderia fazer mais pela Argentina do que tem feito.

O ministro evitou comentar as críticas do governo argentino ao Brasil, mas admitiu que "talvez haja momentaneamente uma visão um pouco diferente".

Amorim admitiu que o Brasil deveria comprar mais petróleo e trigo da Argentina, e definir uma política industrial com participação do BNDES para financiar investimentos no país vizinho. "Isso melhoraria a situação. Seria bom para a Argentina e bom para o Brasil", disse.

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