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10/05/2005 - 09h05

Terrorismo e política roubam discurso econômico da cúpula

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da Folha de S.Paulo

Apesar de todo o esforço prévio de enfatizar o caráter comercial da Cúpula América do Sul-Países Árabes, que começa oficialmente hoje, em Brasília, os chanceleres deixaram claro ontem o cunho político do encontro. Já na abertura, o representante da Presidência da Argélia, Abdel Aziz Bel Khadem, defendeu o "direito dos povos à sua autodeterminação" e "refugou as ocupações".

Referências claras às situações dos territórios palestinos ocupados militarmente por Israel, principal aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio, e ao Iraque sob ocupação anglo-americana.

"Os objetivos são justiça, eqüidade, não-marginalização, não ter uma política de duplo sentido, que são pontos de tensão no mundo inteiro. A questão do povo palestino pode ser o melhor exemplo. Defendemos o direito dos povos à sua autodeterminação e o refugo à ocupação", disse Bel Khadem, o segundo a discursar depois do chanceler brasileiro, Celso Amorim.

O documento final, que será anunciado amanhã, incluirá referências ao terrorismo e à ocupação de territórios e, ontem, recebeu duas modificações de última hora: ao direito da Argentina sobre as Ilhas Malvinas e um elogio às eleições no Iraque.

Segundo Amorim, o texto fará uma "condenação total a todas as formas de terrorismo", com uma referência, em outro parágrafo, ao direito à resistência à ocupação estrangeira, de acordo com o direito humanitário internacional.

O próprio Amorim disse que nunca houve um compromisso de que a reunião seria totalmente econômica: "É impossível uma reunião ministerial que não tenha aspectos políticos", disse.

"Nosso objetivo principal é a cooperação, mas a questão palestina aparece na declaração final, de maneira que é perfeitamente aceitável, não só para o Brasil, mas para todos os países sul-americanos, o apoio à autodeterminação e à formação do Estado Palestino", acrescentou. Em seguida, emendou: "E temos também relações com Israel".

Há duas semanas, Amorim se encontrou com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e tentou tranqüilizá-la sobre a cúpula, avisando que a intenção não é confrontar EUA e Israel.

Conselho de Segurança

Numa boa troca de gentilezas diplomáticas e políticas, o representante do presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, que chega hoje a Brasília, também usou seu discurso na abertura para defender algo caro ao governo brasileiro: a reforma do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), para "aumentar o sentido de responsabilidade das crises e a legitimidade do sistema internacional".

Para ele, essa legitimidade só será construída com "um novo órgão mundial e uma mudança positiva da ONU, para maior eqüidade entre povos e civilizações".

Malvinas

Numa outra troca de gentilezas, os chanceleres decidiram ontem incluir uma defesa à soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas, dominadas pelo Reino Unido. Assessores políticos de Amorim disseram que não foi um "troca-troca" pela inclusão da questão palestina logo no primeiro dia e nem mesmo uma deferência para acalmar os ânimos do presidente argentino, Néstor Kirchner, que anda às turras com o Brasil.

Na versão da diplomacia brasileira, a inclusão das Malvinas foi por um "troca-troca" bem menor: a citação a uma disputa dos Emirados Árabes por ilhas entre o país e o Irã --que não foi convidado por não ser um país árabe.

Outra inclusão no comunicado conjunto acertada ontem foi para defender a eleição do presidente Jalal Talabani no Iraque.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Cúpula América do Sul-Países Árabes
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