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22/05/2005
-
10h18
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília
É consensual entre os principais dirigentes de partidos aliados e do PT, incluindo ministros importantes, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem errado na condução da crise política, agravando-a semanalmente.
Alguns caciques petistas também criticam duramente o próprio PT. Dizem que a tradição de disputas internas do partido transmite aos aliados e à opinião pública a imagem de uma legenda incapaz de se unir em um momento de grave crise política.
O preço, crêem, pode ser a derrota do projeto reeleitoral de Lula e fracassos em muitos Estados nas eleições de 2006. A adesão de 19 dos 91 deputados federais do PT à CPI dos Correios seria evidência do descompasso entre o partido e o governo. O PT deveria ser a primeira sigla a cerrar fileiras com Lula, mas está na origem de muitos dos seus problemas.
Em conversas reservadas com a Folha, dirigentes aliados e petistas apontaram quais seriam os quatro maiores erros do presidente. Primeiro, manter no cargo Aldo Rebelo (Coordenação Política), apesar de já ter acertado com o próprio. Segundo aliados e petistas, todas as negociações políticas estão ligadas as eleições de 2006 e apenas um petista com imagem de força, como o ministro José Dirceu (Casa Civil), poderia levar o PT a fazer as tão reclamadas concessões aos aliados.
Lula deveria antecipar as negociações da eleições para ver com quem realmente pode contar. Faria composições (talvez até ministerial) e recuperaria o controle da base congressual, ainda que ela seja menor do que era.
Segundo erro: inação para pôr fim a disputas internas no PT e a rebeldias de seu partido no Congresso, deixando que elas contaminem o ambiente nacional.
Lula ficou em cima do muro em 2004 na disputa entre aliados em torno da emenda constitucional que permitiria a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado da época, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Sarney (PMDB-AP). Hoje, Lula acha que, se tivesse sido aprovada, teria aliados mais confiáveis no Congresso.
Lula também permitiu que o PT disputasse a presidência da Câmara em fevereiro com dois candidatos. Acabou derrotado por Severino Cavalcanti (PP-PE). Agora, assiste a uma disputa fratricida entre três petistas pela candidatura ao governo paulista.
Essas questões políticas trouxeram e trazem danos ao governo, que desde 2004 só fez ficar mais fraco no Congresso. Reservadamente, Lula reprova as disputas no PT, mas não as combate para valer. Aliados e ministros dizem que paga o preço da omissão.
O terceiro erro do presidente Lula seria dar declarações inábeis e que enfraquecem a sua autoridade. Exemplos: solidarizar-se com o presidente do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ), político no centro do mais novo escândalo de corrupção, e dizer a líderes partidários que colocará "cargos na mesa" para negociá-los abertamente, aumentando o já alto apetite de fisiológicos por benesses públicas.
O quarto erro de Lula é o comportamento arredio em relação aos principais auxiliares. O presidente decide cada vez mais de forma solitária. Isso aumenta o risco de tomar decisões ruins, afirmam auxiliares, por deixar de receber conselhos e informações vitais. Lula se comporta assim por se incomodar muito com vazamentos de informação para a imprensa.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o governo Lula
Reeleição de Lula corre risco, dizem aliados
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
É consensual entre os principais dirigentes de partidos aliados e do PT, incluindo ministros importantes, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem errado na condução da crise política, agravando-a semanalmente.
Alguns caciques petistas também criticam duramente o próprio PT. Dizem que a tradição de disputas internas do partido transmite aos aliados e à opinião pública a imagem de uma legenda incapaz de se unir em um momento de grave crise política.
O preço, crêem, pode ser a derrota do projeto reeleitoral de Lula e fracassos em muitos Estados nas eleições de 2006. A adesão de 19 dos 91 deputados federais do PT à CPI dos Correios seria evidência do descompasso entre o partido e o governo. O PT deveria ser a primeira sigla a cerrar fileiras com Lula, mas está na origem de muitos dos seus problemas.
Em conversas reservadas com a Folha, dirigentes aliados e petistas apontaram quais seriam os quatro maiores erros do presidente. Primeiro, manter no cargo Aldo Rebelo (Coordenação Política), apesar de já ter acertado com o próprio. Segundo aliados e petistas, todas as negociações políticas estão ligadas as eleições de 2006 e apenas um petista com imagem de força, como o ministro José Dirceu (Casa Civil), poderia levar o PT a fazer as tão reclamadas concessões aos aliados.
Lula deveria antecipar as negociações da eleições para ver com quem realmente pode contar. Faria composições (talvez até ministerial) e recuperaria o controle da base congressual, ainda que ela seja menor do que era.
Segundo erro: inação para pôr fim a disputas internas no PT e a rebeldias de seu partido no Congresso, deixando que elas contaminem o ambiente nacional.
Lula ficou em cima do muro em 2004 na disputa entre aliados em torno da emenda constitucional que permitiria a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado da época, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Sarney (PMDB-AP). Hoje, Lula acha que, se tivesse sido aprovada, teria aliados mais confiáveis no Congresso.
Lula também permitiu que o PT disputasse a presidência da Câmara em fevereiro com dois candidatos. Acabou derrotado por Severino Cavalcanti (PP-PE). Agora, assiste a uma disputa fratricida entre três petistas pela candidatura ao governo paulista.
Essas questões políticas trouxeram e trazem danos ao governo, que desde 2004 só fez ficar mais fraco no Congresso. Reservadamente, Lula reprova as disputas no PT, mas não as combate para valer. Aliados e ministros dizem que paga o preço da omissão.
O terceiro erro do presidente Lula seria dar declarações inábeis e que enfraquecem a sua autoridade. Exemplos: solidarizar-se com o presidente do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ), político no centro do mais novo escândalo de corrupção, e dizer a líderes partidários que colocará "cargos na mesa" para negociá-los abertamente, aumentando o já alto apetite de fisiológicos por benesses públicas.
O quarto erro de Lula é o comportamento arredio em relação aos principais auxiliares. O presidente decide cada vez mais de forma solitária. Isso aumenta o risco de tomar decisões ruins, afirmam auxiliares, por deixar de receber conselhos e informações vitais. Lula se comporta assim por se incomodar muito com vazamentos de informação para a imprensa.
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