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02/06/2005 - 10h55

PF realiza operação contra extração ilegal de madeira

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da Folha Online

Após nove meses de investigação, a Polícia Federal em Mato Grosso deflagrou nesta quinta-feira a Operação Curupira, para desarticular uma organização composta por madeireiros e despachantes especializados na extração e transporte ilegal de madeira.

Segundo a PF, o esquema contava com a ajuda de servidores públicos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da Fema (Fundação Estadual do Meio Ambiente).

Entre os presos estão o gerente-executivo do Ibama em Cuiabá, Hugo José Scheuer Werle, e o seu substituto Marcos Pinto Gomes --policial rodoviário federal cedido ao Ibama--, acusados de corrupção passiva e enriquecimento ilícito.

Segundo as investigações, nos últimos dois anos à frente da gerência do órgão no Estado, Werle teria aumentado seu patrimônio em R$ 426 mil. Também foram interditadas três madeireiras que atuavam na região --Sulmap, Ancacil e Madeplacas.

Os policiais estão cumprindo mandados de prisão e de busca e apreensão nos Estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Paraná. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Cuiabá.

De acordo com levantamentos preliminares dos analistas ambientais do Ibama, que acompanharam as investigações realizando auditorias nos postos do órgão, o volume de madeira ilegal transportado pelos integrantes da quadrilha, avaliado em R$ 890 milhões, daria para encher 66 mil caminhões, que enfileirados atingiriam a distância entre Salvador (BA) e Curitiba (PR).

Ainda segundo estudo preliminar, a União terá que arcar com R$ 108 milhões para promover a recomposição da área devastada. Parte desse dinheiro sairá do bolso dos próprios investigados, que terão seus bens seqüestrados a pedido da Polícia Federal. O destino da madeira era a comercialização no país e no exterior, para onde era enviada através do Porto de Paranaguá (PR).

Investigações

Segundo as investigações, o núcleo da fraude consistia no fornecimento ilícito, pelos servidores corruptos, de ATPF (Autorização para Transporte de Produtos Florestais), como forma de "esquentar" estoque ilegal de madeira existente nos pátios das grandes madeireiras.

Isto porque o documento, fabricado pela Casa da Moeda e controlado pelo Ibama, serve para lastrear não só o transporte, mas também a origem do produto florestal. No mercado negro, cada ATPF em branco é comercializada ao custo de R$ 2 mil.

As ATPF's são fornecidas a quem tem o direito de extrair madeira, ou seja, detentores de plano de manejo ambiental, autorização de desmate, comprador de outra empresa ou de créditos de reflorestamento. Madeireiros e despachantes criavam empresas fantasmas para obter um maior número de ATPF's e corrompiam servidores públicos para fornecer irregularmente o documento, além de facilitar a fiscalização quando os documentos eram falsificados.

Os envolvidos devem ser indiciados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos em sistema de informações, prevaricação, advocacia administrativa, falsidade ideológica, autorização indevida de desmate, extravio de documento público, formação de quadrilha e estelionato contra a administração pública.

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