Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/06/2005 - 09h01

Nova gravação liga genro de Jefferson a esquema de estatal

Publicidade

ANDRÉA MICHAEL
RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo

Uma segunda fita de vídeo, ainda inédita, indica que um dos contatos no PTB do ex-chefe de departamento dos Correios Maurício Marinho era o genro do deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), Marcus Vinicius Vasconcelos Ferreira, ex-assessor da diretoria da Eletronuclear no Rio de Janeiro.

Na gravação, obtida pela Folha, Marinho reafirma que integra um suposto grupo de prepostos do PTB nos Correios, composto por ele, pelo ex-diretor de Administração Antônio Osório Menezes Batista e pelo ex-assessor-executivo dessa diretoria Fernando Godoy. O trio teria como padrinho político o deputado Jefferson e arrecadaria recursos para o PTB como resultado de negócios firmados pelos Correios.

Na gravação, o interlocutor pergunta a Marinho quais eram seus contatos no PTB. Ele responde: "Roberto ou com o genro dele". Em seguida, cita o nome dele: "É, o Marcus Vinicius".

Marinho também faz referência a um outro parlamentar na conversa, Nelson Marquezelli (PTB-SP), que teria "contato bom" com Fernando Godoy. Marinho não relacionou diretamente Marquezelli ao recebimento de propina.
Em outro trecho da conversa, o interlocutor pergunta a Marinho como seria possível acertar um valor que incluísse a diretoria de Administração da empresa.

"Normalmente é feito isso, todo negócio é acertado... Tem algo que sobe, né, e um "xis" que fica embaixo. Isso é acertado assim. Mas aí eu preciso da orientação deles", responde Marinho.

O vídeo de 55 minutos de duração foi gravado, a exemplo do primeiro já divulgado pela revista "Veja", na sala de Marinho, no primeiro andar do edifício-sede dos Correios.

O interlocutor de Marinho é o bacharel em direito Joel Santos Filho. Radicado em Curitiba, ele teria sido contratado pelo empresário Artur Wascheck Neto para fazer a gravação da propina.

O objetivo era implodir um suposto esquema de corrupção nos Correios. O resultado, no entanto, foi muito mais impactante do que o esperado, porque Marinho, à vontade, fez considerações sobre políticos envolvidos no suposto esquema.

Preso

Santos Filho foi preso na última quinta-feira pela Polícia Federal. Confessou ter se apresentado a Marinho como empresário sob o codinome "Julio Goldman", que representaria os interesses de uma empresa estrangeira interessada em ingressar no mercado nacional, a "GE", com o nome fantasia de "All Comm" --que agora a PF sabe ser fictícia.

No diálogo gravado, Marinho faz afirmações que comprometem a versão que ele até agora apresentou para o episódio, de que teria recebido R$ 3.000 de "Goldman" como um adiantamento para um serviço futuro de consultoria, cujo cliente seria a empresa estrangeira.

No meio da conversa, Marinho chama para seu gabinete um servidor dos Correios identificado apenas como "Eduardo". Segundo Marinho, o servidor seria um técnico lotado no departamento apenas para avaliar licitações de serviços de informática.

Ao apresentá-lo a "Goldman", Marinho afirma: "O foco aqui é o kit". Na época, os Correios preparavam uma licitação para aquisição de kits de informática avaliada em US$ 56 milhões.

Em seguida, afirma que é necessário "sentar, conversar para a gente dar uma abertura nessa capilaridade" que a suposta empresa estrangeira teria no Brasil. Marinho faz menções a futuras licitações na área de informática dos Correios. Sugere que Eduardo e "Goldman" conversem entre si, que seja criada "uma conversa em outro nível" para se fazer "uma mapeada dos principais produtos e serviços" que a empresa poderia oferecer aos Correios.

Marinho explica a Eduardo: "Eu coloquei aqui, Osório, Godoy, eu, nós estamos num partido, e você. O nosso quadro é fechado, não tem problema. As conversas a gente vai evoluir, direto com diretoria, presidência, não tem problema".

O ex-chefe do departamento de contratações parece estar ansioso para dar início às negociações. "Isso tem que ser realmente urgente, porque está mudando. De hoje até quarta da semana que vem, devem mudar uns três diretores. Pode até o presidente. A gente precisa estar conversando logo nesse início de nova gestão, vamos dizer assim", diz Marinho.

Segundo o ex-chefe do Decam, estava "previsto" que o PP (Partido Progressista) assumisse o Ministério das Comunicações, o que provocaria uma reação em cadeia no comando dos Correios.

Leia mais
  • Em nota, Planalto diz que Meirelles permanece no Banco Central
  • "Lula não está à venda", diz editorial do "El País"
  • Crise estremece relações entre o PT e Lula

    Especial
  • Leia a cobertura completa sobre o caso da mesada no Congresso
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página