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15/06/2005 - 21h25

Em depoimento à PF, secretária volta atrás e nega declarações

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THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A secretária Fernanda Karina Ramos Somaggio recuou em depoimento à Polícia Federal em Belo Horizonte, de suas declarações à revista "IstoÉ Dinheiro", em que cita saídas de "malas de dinheiro" da SMP&B Comunicação, agência publicitária de Belo Horizonte, e a relação do seu ex-chefe, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, com a cúpula petista e com congressistas.

Entre maio de 2003 e janeiro de 2004, Somaggio foi secretária de Valério, sócio das agências de publicidade mineiras SMP&B Comunicação e DNA Propaganda --que detêm cinco contas do governo federal --e um dos supostos operadores do esquema do "mensalão". Segundo o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valério foi o responsável pelo transporte, no ano passado, de R$ 4 milhões ao PTB, referentes a um acordo financeiro fechado entre o partido e o PT.

A imprensa não teve acesso ao depoimento, que foi espontâneo --os advogados de Somaggio procuraram a PF --e durou cerca de três horas. Segundo o assessor de imprensa da PF em Minas, delegado Ricardo Amaro, a secretária não citou contatos de Valério com a cúpula do PT.

Na entrevista à "IstoÉ Dinheiro", ela menciona relações de Valério com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ministro José Dirceu (Casa Civil), o secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, entre outros. "Ela não confirmou o envolvimento de ninguém", disse.

A secretária chegou e saiu da sede da PF sem falar com os jornalistas. Seu advogado, Leonardo Poli, afirmou que ela "não confirmou tudo que disse" à revista. "Algumas coisas realmente são realidade, outras não", disse, sem detalhar. Somaggio disse ainda, segundo Poli, que não viu "malas de dinheiro" saindo da SMP&B. "Isso ela disse que não viu."

Ontem, dia da divulgação da entrevista à revista, equipes de imprensa esperaram à noite por Somaggio na porta de sua casa, em um bairro de classe média baixa na região da Pampulha, em Belo Horizonte. A secretária --que hoje trabalha na Geosol Geologia e Sondagens --foi embora quando viu os repórteres e só voltou depois das 23h, quando a última equipe foi embora.

Contradições

O relato do delegado Amaro sobre o depoimento teve ao menos três contradições. Questionado sobre as supostas malas de dinheiro, ele disse: "Ela [Somaggio] não tocou nesse assunto durante todo o depoimento dela". Confrontado com a declaração que o advogado havia dado momentos antes, Amaro mudou sua versão. "Ela confirmou as informações que a imprensa toda já divulgou, porém ela nega ter visto qualquer tipo de mala." Em outro momento, Amaro afirmou: "Ela não confirmou nenhuma das informações que foram veiculadas pela imprensa".

Outra contradição envolve a agenda de Somaggio, entregue anteontem à PF por seu advogado e que, segundo a "IstoÉ Dinheiro", conteria anotações de encontros de Valério e dirigentes petistas. "Ela confirmou algumas anotações que estavam na agenda envolvendo o nome de alguns políticos, porém ela desconhece o conteúdo", afirmou Amaro. Mais à frente, disse: "A agenda só consta datas e horários de reuniões, não tem nomes, inclusive ela nega que tenha dito qualquer nome".

Amaro afirmou ainda que "o conteúdo da agenda não revela, até o presente momento, nenhum indício de ilícito criminal". O delegado disse que a PF só apurará o caso após a instauração de um procedimento investigatório, que pode ser feita mediante ofício interno ou solicitação do Ministério Público Federal ou de CPI.

Somaggio foi ouvida pelo chefe da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da PF mineira, Hélbio Leite. Durante a tumultuada entrevista de Amaro, Leite ficou em um canto, evitando responder aos repórteres. Ele disse, porém, que a agenda tinha "só nomes" e que fez "500 perguntas" para a secretária, mas ela "não soube responder". Demonstrando qual foi a estratégia escolhida para preservar Somaggio, o advogado dela disse que "o que não contiver no depoimento não condiz com a realidade".

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