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30/06/2005 - 22h08

Stedile critica o "tratoraço" promovido por produtores rurais

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ADRIANA CHAVES
da Agência Folha, em Goiânia

O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile criticou o "tratoraço" promovido por produtores rurais ontem em Brasília e chamou de "agromensalão" a renegociação de débitos pelo governo.

"O Tesouro Nacional está pagando R$ 3,3 bilhões só em juros não pagos pelos fazendeiros em débito com o Banco do Brasil. Isso dá R$ 15 mil mensais por fazendeiro. É o agromensalão", disse Stedile.

As declarações foram feitas pelo líder do MST durante o 49º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Goiânia, numa coletiva à imprensa para divulgar a passeata que acontece hoje na cidade por mudanças na política econômica e contra a desestabilização do governo.

O ato está sendo promovido pela CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) e pretende reunir entre 15 mil e 20 mil manifestantes.

O coordenador do MST defendeu uma coalizão do governo federal com os movimentos populares como forma de superar o momento atual --denúncias de corrupção em estatais e de pagamento de "mensalão" a parlamentares em troca de apoio-- e afirmou que o governo enfrenta uma "crise política e social porque os problemas fundamentais do povo brasileiro não vêm sendo resolvidos".

"Está em curso uma tentativa de desestruturação do governo, a partir dessas denúncias de corrupção, e teremos articulações que, a depender da coalizão de forças, poderão ter diferentes desencadeamentos, diferentes hipóteses", disse ele.

Segundo o coordenador, os próximos passos do governo definirão os rumos da crise. A hipótese mais provável, para ele, é de que o governo faça uma recomposição com o PMDB, mesmo enfrentando a oposição dos governadores do partido no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

Há outras quatro possibilidades para Stedile: o impeachment de Lula; a manutenção da "política econômica tucana", chamada por ele de "política de sangria", que "levará à desmoralização do governo"; a união do governo com o próprio PSDB, defendida --segundo Stedile-- pelo senador Tião Viana (PT-AC) e o governador Aécio Neves (PSDB-MG); e a "recomposição com o povo", conforme ele defende.

"Nós dos movimentos sociais apresentamos uma saída: o governo se recompor com o povo, pelas forças sociais, com as entidades que representam o povo, retomando sua tradição histórica. O governo deve dar sinais concretos, mostrando que vai apurar e penalizar, independente de quem for", disse o coordenador.

Para o presidente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno, que também participou da coletiva, "há um consenso de reivindicações nesse momento de crise". "Queremos a voz da maioria, estamos cansados de ouvir a voz da minoria."

Segundo Gilson Reis, da Executiva Nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), "está havendo a despolitização da política, coisa que já ocorreu no passado". "Estamos atentos. Com as denúncias recentes, já se articula uma tentativa de aprofundar a política econômica."

O presidente da UNE, Gustavo Petta, afirmou que a saída para a crise passa pela aproximação das reivindicações sociais. "Há uma tentativa da direita brasileira desestabilizar o governo voltar ao poder."

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