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06/07/2005
-
20h59
da Folha Online
O empresário Marcos Valério de Souza não confirmou os números divulgados por relatórios do Coaf (órgão da Fazenda), que mostram movimentações financeiras na casa dos milhões de reais nas contas de empresas em que detém participação.
Os integrantes da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios tentaram durante todo o depoimento de Valério, que já dura mais de 10 horas, obter explicações para essas movimentações financeiras. O empresário, no entanto, até o momento somente prestou informações de ordem genérica.
Documentos do Coaf obtidos pela Folha mostram que só no período 2003-2005, pelo menos R$ 219 milhões não tinham origem identificada na conta da agência DNA Propaganda do Banco do Brasil de Belo Horizonte (MG), de um total de R$ 419 milhões recebidos no período. O restante veio do BB, do qual a DNA é uma das três agências de publicidade contratadas.
Questionado sobre esses números durante seu depoimento, Valério afirmou que vai fazer um levantamento de sua contabilidade e que vai enviar para a comissão os dados de sua movimentação financeira.
"Eu não tenho conhecimento desse relatório sobre os depósitos não-identificados. Para mim, dentro da minha contabilidade, todos os meus depósitos são identificados", disse o empresário e acrescentou que uma auditoria em andamento da Receita Federal vai mostrar o origem desses créditos.
Foram justamente as atividades de suas empresas, as agências de comunicação SMPB e DNA, que mereceram várias cobranças pelos parlamentares, em duas frentes: a lisura dos processos de licitações e a correção dos aditivos, os reajustes periódicos dos contratos de prestação de serviços.
Valério afirmou que suas empresas disputaram as licitações para os Correios, Banco do Brasil, Ministério do Trabalho e o Ministério dos Esportes, tendo vencido nos dois primeiros, para onde já trabalharam desde a gestão Itamar Franco (1992-1994).
Sobre as licitações dos Correios, ele disse: "participaram dessa licitação 55 empresas. Não houve facilitador para a SMPB, porque senão essas 55 empresas que participaram iriam recorrer".
"Todos esses aditivos que aconteceram foram em função de serviços efetivamente realizados. Estavam previstos em contratos e dentro da lei", afirmou, em comentário sobre os aditivos nos contratos que elevaram os pagamentos de aproximadamente R$ 70 milhões para em torno de R$ 90 milhões.
Saques
Um dos pontos que mereceu repetidas perguntas foram os saques de quase R$ 21 milhões feitos durante dois anos nas contas das empresas de Valério.
O publicitário respondeu que os saques correspondem a somente 5% do faturamento global de suas empresas e correspondem a pagamentos a fornecedores "que tem problemas com contas" [bancárias] e artistas, sem citar nomes.
Ele admitiu que os saques em dinheiro e as viagens à Brasília coincidiam mas disse que viajava muito e que fez reformas em duas sedes de suas empresas em Brasília.
Relacionamentos
O empresário também foi questionado, por muitas vezes, sobre sua rede de relações. Deputados se revezaram durante a sessão da CPI para inquirir sobre os contatos de Valério e a natureza de suas conversas com membros do Congresso Nacional, partidos e dirigentes de estatais.
Valério admitiu contatos com parlamentares de praticamente todos os partidos. Afirmou que aceitou ser avalista do PT numa operação de R$ 2,4 milhões como um favor para o tesoureiro Delúbio Soares e que não via infração à ética, já que, segundo ele, não se beneficiou.
Ele negou ter se encontrado com Lacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, em uma agência do Banco Rural, e de ter negociado cargos com o líder do PMDB afastado José Borba (PR).
O banco Rural tem registros da presença de Borba em sua agência do Brasília Shopping onde foram feitos saques nas contas das empresas de Valério. A agenda da ex-secretária de Valério, Fernanda Karina Somaggio, contém registros de compromissos entre o empresário e Borba.
Lamas também teria se encontrado com Valério em agência bancária em datas que coincidem com saques das contas das empresas do publicitário. O empresário, no entanto, negou encontros com ambos na referida agência.
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O empresário Marcos Valério de Souza não confirmou os números divulgados por relatórios do Coaf (órgão da Fazenda), que mostram movimentações financeiras na casa dos milhões de reais nas contas de empresas em que detém participação.
Os integrantes da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios tentaram durante todo o depoimento de Valério, que já dura mais de 10 horas, obter explicações para essas movimentações financeiras. O empresário, no entanto, até o momento somente prestou informações de ordem genérica.
Lula Marques/FI |
Valério, que deu explicações genéricas sobre saques |
Questionado sobre esses números durante seu depoimento, Valério afirmou que vai fazer um levantamento de sua contabilidade e que vai enviar para a comissão os dados de sua movimentação financeira.
"Eu não tenho conhecimento desse relatório sobre os depósitos não-identificados. Para mim, dentro da minha contabilidade, todos os meus depósitos são identificados", disse o empresário e acrescentou que uma auditoria em andamento da Receita Federal vai mostrar o origem desses créditos.
Foram justamente as atividades de suas empresas, as agências de comunicação SMPB e DNA, que mereceram várias cobranças pelos parlamentares, em duas frentes: a lisura dos processos de licitações e a correção dos aditivos, os reajustes periódicos dos contratos de prestação de serviços.
Valério afirmou que suas empresas disputaram as licitações para os Correios, Banco do Brasil, Ministério do Trabalho e o Ministério dos Esportes, tendo vencido nos dois primeiros, para onde já trabalharam desde a gestão Itamar Franco (1992-1994).
Sobre as licitações dos Correios, ele disse: "participaram dessa licitação 55 empresas. Não houve facilitador para a SMPB, porque senão essas 55 empresas que participaram iriam recorrer".
"Todos esses aditivos que aconteceram foram em função de serviços efetivamente realizados. Estavam previstos em contratos e dentro da lei", afirmou, em comentário sobre os aditivos nos contratos que elevaram os pagamentos de aproximadamente R$ 70 milhões para em torno de R$ 90 milhões.
Saques
Um dos pontos que mereceu repetidas perguntas foram os saques de quase R$ 21 milhões feitos durante dois anos nas contas das empresas de Valério.
O publicitário respondeu que os saques correspondem a somente 5% do faturamento global de suas empresas e correspondem a pagamentos a fornecedores "que tem problemas com contas" [bancárias] e artistas, sem citar nomes.
Lula Marques/FI |
Valério, em depoimento à CPI dos Correios |
Relacionamentos
O empresário também foi questionado, por muitas vezes, sobre sua rede de relações. Deputados se revezaram durante a sessão da CPI para inquirir sobre os contatos de Valério e a natureza de suas conversas com membros do Congresso Nacional, partidos e dirigentes de estatais.
Valério admitiu contatos com parlamentares de praticamente todos os partidos. Afirmou que aceitou ser avalista do PT numa operação de R$ 2,4 milhões como um favor para o tesoureiro Delúbio Soares e que não via infração à ética, já que, segundo ele, não se beneficiou.
Ele negou ter se encontrado com Lacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, em uma agência do Banco Rural, e de ter negociado cargos com o líder do PMDB afastado José Borba (PR).
O banco Rural tem registros da presença de Borba em sua agência do Brasília Shopping onde foram feitos saques nas contas das empresas de Valério. A agenda da ex-secretária de Valério, Fernanda Karina Somaggio, contém registros de compromissos entre o empresário e Borba.
Lamas também teria se encontrado com Valério em agência bancária em datas que coincidem com saques das contas das empresas do publicitário. O empresário, no entanto, negou encontros com ambos na referida agência.
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