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11/07/2005 - 22h33

PT do Ceará suspende filiação de ex-assessor de irmão de Genoino

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KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Fortaleza

O PT do Ceará decidiu suspender a filiação partidária de José Adalberto Vieira da Silva, preso na sexta-feira passada quando tentava embarcar para Fortaleza com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil escondidos na cueca, no aeroporto de Congonhas. A suspensão será por 60 dias, prazo em que a comissão de ética do partido deverá investigar o caso. Adalberto também foi afastado de sua função no Diretório Estadual, onde atuava como secretário de organização.

Em uma resolução, aprovada por consenso pelos membros da Executiva Estadual, ontem à noite, a prisão em flagrante de Adalberto foi considerada "de profunda gravidade".

"Não é normal uma pessoa andar com essa quantidade de dinheiro, ainda mais da forma como foi encontrada. Então partimos do pressuposto de que não era lícito. A gente não tolera, em hipótese nenhuma, qualquer tipo de comportamento dessa natureza", disse a presidente do PT estadual, Sônia Braga.

Além de dirigente no PT cearense, Adalberto trabalhava no gabinete do deputado estadual José Nobre Guimarães, irmão do ex-presidente nacional do partido, José Genoino, mas já foi exonerado do cargo. Por causa do flagrante, deputados petistas querem que Guimarães se licencie da função de líder da bancada na Assembléia, o que poderá acontecer ainda hoje.

"É necessário que ele tome essa iniciativa, até para se defender", disse o deputado Artur Bruno. "Essa proposta, de que ele se licencie, não significa um pré-julgamento, não quer dizer que ele tem culpa. É para dar total isenção ao processo", afirmou outro deputado, Nelson Martins.

Amigos

Entre os petistas, era difícil encontrar alguém que admitisse ser amigo de Adalberto. Desde 2001, ele passava pelo menos três dias da semana, de terça a quinta-feira, na sede do partido, em uma sala ao lado à da presidente, Sônia Braga, e geralmente almoçava lá mesmo.

Pela manhã, ele trabalhava no gabinete de Guimarães, mas cuidando também de assuntos do partido, relacionados à regularização de filiações e de candidaturas. Adalberto não recebia nenhum salário do PT, apenas do gabinete de Guimarães, de pouco mais de R$ 2.000.

Em Fortaleza mesmo, segundo Braga, ele não tinha moradia fixa. "Ficava na casa de amigos." A casa dele fica em Aracati (a 140 km de Fortaleza), onde atuava no PT local e chegou a ser candidato a vereador em 2000, derrotado com 215 votos. A mulher dele, Raimunda Lúcia, é secretária de finanças do PT no município.

Segundo Braga, o PT do Ceará não vai pagar advogados para Adalberto porque ele não estava em atividade partidária quando viajou a São Paulo. Ela mesma afirma que não sabia dessa viagem. "Na quarta-feira ele disse que iria para Aracati, passar o final de semana, mas ainda na quinta eu precisava falar com ele, mas não consegui, o celular estava fora de área", disse ela.

Em nota oficial, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, eleita mesmo sem o apoio de Guimarães e da cúpula petista, ligada ao Campo Majoritário (a prefeita é da esquerda petista, de um campo chamado Democracia Socialista), preferiu não fazer ataques --pelo contrário, fez uma forte defesa do partido.

"[...] Como militante, reafirmo que acredito ser o PT, maior partido de esquerda da América Latina, o mais importante instrumento político de democratização da política brasileira, a partir de um projeto gestado nas classes trabalhadoras, não podendo ser tratado como 'mais um' partido, como querem uns tantos oportunistas que vêem no caos a chance de retornar ao poder. O PT é, em nome e essência, o Partido dos Trabalhadores", disse ela no texto.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre José Adalberto Vieira da Silva
  • Leia a cobertura completa sobre o caso do "mensalão"
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