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16/07/2005
-
09h29
FERNANDA KRAKOVICS
LEILA SUWWAN
NEY HAYASHI
da Folha de S.Paulo
Pelo menos duas notas fiscais emitidas pela agência DNA referentes a serviços que teriam sido prestados ao Banco do Brasil não constam dos registros contábeis do banco. Os documentos foram apreendidos ontem na sede da empresa em Belo Horizonte.
As duas notas fiscais, de números 31230 e 31231, são datadas de 19 de agosto de 2003 e se referem a supostos gastos com a veiculação de anúncios do BB na TV. Os pagamentos teriam sido de R$ 540 mil e R$ 120 mil, respectivamente.
O BB informou ontem que não tem registro dos pagamentos citados nas notas fiscais aprendidas na DNA e que somente a agência e os veículos de comunicação envolvidos poderiam confirmar se os serviços mencionados nos documentos foram efetivamente realizados. As dúvidas sobre a veracidade dos documentos podem indicar a existência de uma contabilidade paralela na agência.
A DNA tem entre seus sócios Marcos Valério de Souza, apontado como o "operador" do suposto mensalão. À CPI dos Correios, Valério explicou como é o relacionamento da agência com seus clientes: a empresa paga à agência os valores referentes às campanhas publicitárias, enquanto a agência repassa os recursos aos veículos responsáveis pela divulgação, recebendo uma comissão.
Ontem a Folha não conseguiu falar com a assessoria de Marcos Valério. A reportagem ligou para telefones que seriam da SMPB e da DNA, mas ninguém atendeu.
Para a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), o fato de o BB não ter cópia da nota fiscal e não ter pago pela prestação do serviço é um indício de que o documento da DNA é fraudulento: "Isso pode ser um mecanismo de lavagem de dinheiro para justificar os recursos que entram na agência", disse.
A senadora fez parte de uma diligência da CPI dos Correios que foi a Belo Horizonte, anteontem, acompanhar operação da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais que apreendeu mais de 2.000 notas fiscais da DNA. Elas estavam sendo queimadas na casa do irmão do contador do publicitário, Marco Túlio Prata.
Foram recuperadas na operação notas fiscais de serviços prestados pela DNA para o Banco do Brasil, Telemig Celular, Brasil Telecom, Ministério do Trabalho e Eletronorte. A CPI vai pedir às empresas cópias dessas notas para comprovar a prestação do serviço. Um indício de irregularidade é que foram encontradas quatro vias da mesma nota no local.
Os papéis estavam sendo queimados em dois latões e entre eles havia notas deste ano. "Até por segurança contábil as empresas costumam guardar documentos por pelo menos cinco anos, então como estavam sendo queimados?", questiona Heloísa Helena.
A assessoria de imprensa da Brasil Telecom afirmou que não tinha como checar ontem a existência da nota fiscal em seus arquivos, mas confirmou que era cliente da DNA. O contrato foi rescindido no mês passado.
A Telemig Celular informou que a nota fiscal encontrada anteontem no local não é falsa. Segundo a empresa, o documento é referente a serviços prestados pela DNA na produção da campanha de Natal de 2002 da operadora.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Marcos Valério
Leia a cobertura completa sobre o "mensalão"
BB sinaliza que DNA emitiu notas falsas
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LEILA SUWWAN
NEY HAYASHI
da Folha de S.Paulo
Pelo menos duas notas fiscais emitidas pela agência DNA referentes a serviços que teriam sido prestados ao Banco do Brasil não constam dos registros contábeis do banco. Os documentos foram apreendidos ontem na sede da empresa em Belo Horizonte.
As duas notas fiscais, de números 31230 e 31231, são datadas de 19 de agosto de 2003 e se referem a supostos gastos com a veiculação de anúncios do BB na TV. Os pagamentos teriam sido de R$ 540 mil e R$ 120 mil, respectivamente.
O BB informou ontem que não tem registro dos pagamentos citados nas notas fiscais aprendidas na DNA e que somente a agência e os veículos de comunicação envolvidos poderiam confirmar se os serviços mencionados nos documentos foram efetivamente realizados. As dúvidas sobre a veracidade dos documentos podem indicar a existência de uma contabilidade paralela na agência.
A DNA tem entre seus sócios Marcos Valério de Souza, apontado como o "operador" do suposto mensalão. À CPI dos Correios, Valério explicou como é o relacionamento da agência com seus clientes: a empresa paga à agência os valores referentes às campanhas publicitárias, enquanto a agência repassa os recursos aos veículos responsáveis pela divulgação, recebendo uma comissão.
Ontem a Folha não conseguiu falar com a assessoria de Marcos Valério. A reportagem ligou para telefones que seriam da SMPB e da DNA, mas ninguém atendeu.
Para a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), o fato de o BB não ter cópia da nota fiscal e não ter pago pela prestação do serviço é um indício de que o documento da DNA é fraudulento: "Isso pode ser um mecanismo de lavagem de dinheiro para justificar os recursos que entram na agência", disse.
A senadora fez parte de uma diligência da CPI dos Correios que foi a Belo Horizonte, anteontem, acompanhar operação da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais que apreendeu mais de 2.000 notas fiscais da DNA. Elas estavam sendo queimadas na casa do irmão do contador do publicitário, Marco Túlio Prata.
Foram recuperadas na operação notas fiscais de serviços prestados pela DNA para o Banco do Brasil, Telemig Celular, Brasil Telecom, Ministério do Trabalho e Eletronorte. A CPI vai pedir às empresas cópias dessas notas para comprovar a prestação do serviço. Um indício de irregularidade é que foram encontradas quatro vias da mesma nota no local.
Os papéis estavam sendo queimados em dois latões e entre eles havia notas deste ano. "Até por segurança contábil as empresas costumam guardar documentos por pelo menos cinco anos, então como estavam sendo queimados?", questiona Heloísa Helena.
A assessoria de imprensa da Brasil Telecom afirmou que não tinha como checar ontem a existência da nota fiscal em seus arquivos, mas confirmou que era cliente da DNA. O contrato foi rescindido no mês passado.
A Telemig Celular informou que a nota fiscal encontrada anteontem no local não é falsa. Segundo a empresa, o documento é referente a serviços prestados pela DNA na produção da campanha de Natal de 2002 da operadora.
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